quinta-feira, 28 de junho de 2018

S.070.Soneto do amor maior - Vinicius de Moraes


Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

S.069.Soneto do amigo - Vinicius de Moraes


Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.


É bom sentá-lo novamente ao lado
Com os olhos que contém o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.


Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com meu próprio engano.


O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica.

S.068.Soneto do amor demais - Vinicius de Moraes



Não, já não amo mais os passarinhos
A quem triste, contei tanto segredo
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos.

Não amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo.

Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixão do que se der à coisa amada

E que não sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo a vida
E que de mim só quer amor - mais nada.

S.067.Saudade de voce - Vilma Galvão


Hoje ao acordar,
senti sua falta,
senti que minha vida,
já não era a mesma.
Sem você aqui,
nada pode estar por inteiro,
sempre me faltará um pedaço,
sempre me faltará o seus olhos,
vigiando o meu dia.
O seu sorriso,
refletindo o meu sorrir.
A sua calma, ninando a minha loucura.
O seu carinho,
saciando os meus desejos.
A sua presença,
completando tudo em mim.

Senti que sem você,
eu não posso ficar,
que não conseguiria seguir a vida
sem tê-lo ao meu lado.

Você entrou no meu caminho de forma tão repentina,
e em tão pouco tempo,
entrou por inteiro...
Mudando tudo,
me devolvendo um felicidade há muito tempo perdida.
Movimentando um lado meu que eu já nem percebia,
o meu lado sonhador e de sentir esperança na vida.
Você conseguiu transformar tudo,
em silêncio,
sem nada pedir,
sem avisar,
sem medo da minha recusa.
Se instalou em meu coração de uma forma serena,
e quando percebi,
já estava te amando.

Senti saudades de você ao acordar,
e esta saudade se arrastou o dia todo,
e por mais que eu tenha tentado,
você não me saiu do pensamento.

Estar te amando assim é bom demais,
não quero deixar de sentir tudo isso,
não vou mais fugir deste sentimento.
Não quero,
não posso,
não preciso fugir mais deste amor,
porque é muito bom,
porque me faz sorrir,
porque me devolve a vida a cada manhã,
porque é tudo o que eu procurei por tanto tempo...

S.066.Saudades de um amigo - Vilma Galvão


Por onde andas?
Sinto saudades dos nossos sonhos,
das nossas noites sem sono,
das nossas alegrias,
dos nossos momentos...
Por onde andas...
já perdi a noção do tempo,
de tanta saudades que sinto.
Por onde andas...
que não me dá notícias,
que me esqueceu,
que nunca mais apareceu.
Por onde andas?
será que já se esqueceu de tudo...
ou não consegue voltar... será...
Onde andas...
onde levou aquela minha alegre vida
de sorrir, de gargalhar,
e gostar muito de estar com você.
Por onde andas...
porque não traz de volta
aquela paz,
aquele encanto,
as suas palavras,
a sua sabedoria,
mas,
não se esqueça de trazer em sua bagagem,
aquela nossa linda amizade...
Onde está você?

S.065.Saudades de mim - Rose Mary Sadalla


Tenho saudades de mim mesma
Do que poderia ter sido e não fui
Dos sonhos sonhados e não vividos
Tenho pena de mim, da ausência que fui
Do presente que poderia ter sido
Vergonha transfundida em rosas
Desabrochadas em lágrimas de noturno
Orvalhadas de mágoas desiludidas
E eu, trancada em meu disfarces vazios
Deixei no silêncio o encontro de mim mesma
Na anulação do tempo de tempos idos
Ignorando todos os sonhos que poderia ter tido.
Tenho saudades de mim mesma
Saudades de remorso e de desprezo
Da minha amarga ausência em meu redor
Da permanência da perda da minha história
Do meu trágico inventário da minha memória.

S.064.Saudades de mim - Vanderli Medeiros


Saudades de mim
saudades do que fui,
do que acreditei,
do que sonhei,
do que idealizei...
Saudades da jovem
que acreditava no amor,
Da criança
que sonhava com príncipes
Da adolescente
que acordada, tecia planos,
crente que o mundo lhe pertencia
Saudades da vida ida,
das esperanças perdidas,
dos beijos não dados,
dos abraços interrompidos,
do amor inacabado,
das palavras não pronunciadas a tempo...
Que saudade de mim!
Ah! Quantas saudades tenho de mim...!

S.063.Saudade de mim - Melliss


Um dia,
sem que eu me desse conta,
olhei no espelho dos meus olhos
e não encontrei o brilho dos meus sonhos ...
Procurei nos arquivos da alma uma lembrança,
mas só achei a imagem desbotada de algum dia,
um momento perdido entre fotografias já sem cor ...
Então eu soube o que é sentir a dor que o tempo traz,
eu soube o que é olhar o calendário e não poder voltar,
chorei as luas, todas, que não vi,
as flores, muitas, que perdi,
o amanhecer que não iluminou o meu olhar ...
Caiu um temporal no coração,
encharcou minha pele, minhas mãos,
salgou meus lábios
escorreu entre o rosário de esperanças
que já não sei rezar ...
-Ah, que saudade de mim !,
saudade do tempo sem tempo,
das horas fiadas no tear dos pensamentos,
dos castelos erguidos no ar,
dos suspiros, dos sorrisos,
das estrelas colhidas nas manhãs,
do céu sem fim estendido sobre os véus do coração ...
Hoje, enquanto a vida lava a paisagem com lágrimas de chuva,
o tempo, indiferente, segue em seu eterno curso,
e eu, como flor de papel colada à vidraça da janela,
finjo que esqueci de me lembrar,
brinco de viver para não chorar ... .

S.062.Saudades - Feeling


O dia amanhece... eu acordo sem você...
A tarde chega... continuo sem você...
Anoitece... eu sem você...
A madrugada chega... onde está você?
Sinto falta da tua presença virtual...
Sinto falta da tua presença real...
Sinto falta de você ! A solidão me cerca...
Me afasta dos que me cercam...
Eu me encolho... me recolho...
E no silêncio do meu canto...
Eu me encanto...
Sentindo você!
Te vejo ao meu lado... sonho sonhado...

Ouço tua voz... falando de nós...
Escuto teu riso... alegre e preciso...
Percebo teu cheiro... gostoso... maneiro...
Sinto teu calor... acalentando minha dor...
Meus braços se estendem ... Toco o vazio...
Meu corpo estremece... mas minha alma se aquece...
Pois sei que mesmo ausente...assim tão distante...

Está sempre presente... em todos os instantes...
E esta saudade virtual...
esta saudade real me faz companhia...
preenche meu dia...
Me ajuda a esperar...
a hora de poder te encontrar...

Somos dois corpos distantes.....
Que a vida mantém afastados...
Mas nos tornamos amantes....
graças aos sonhos sonhados...
Quis o irônico destino...
Proibir que nos tocássemos...
Mas mesmo assim não pôde...
Impedir que nos amássemos...
Irônico destino...
Mantém nossos corpos distantes...
Lindo sonho sonhado...
Nos transformou em amantes...

Resposta:
Esta poesia é o mais pungente grito de amor solitário que já li.
É de uma melancólica e hedionda beleza,
que infelizmente vivi para ver.
É o tipo de poesia que se ama odiando,
porque ela reflete a tristeza e a solidão
que estamos condenados a viver.

Tenho muitas saudades dos parques
de diversões da minha infância,
armados nos terrenos baldios
dos arredores da minha casa,
das musicas do alto falante,
do algodão doce e do saquinho de pipoca,
que substituíam a fria tela do monitor
na conquista do amor da menina de saia rodada.
Desculpe-me pela melancolia do agradecimento....
Pobre dos nossos filhos....
Um beijo por ter me permitido um mergulho
no passado e uma recaída de sensibilidade e bom senso.
Espero voltar a vê-la, quem sabe de saia rodada....
e um lindo sorriso nos lábios...

S.061.Saudades - Florbela Espanca


Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!