sábado, 29 de setembro de 2018

S.100.Soneto da dor - Lupércio Mundim


Queria tanto te amar
que me joguei por inteiro,
mas você brincou primeiro
para depois me fazer chorar.

Ai, mais uma desilusão,
não quero mais amores,
pois trazem tantas dores
que prefiro a solidão.

Vou levar uma vida calma,
sem sofrer de amor jamais,
quero apenas cuidar da alma.

No meu peito não cabe mais
a esperança que a dor acalma
pois, saiba, já sofri demais.

S.099.Silêncio - Lupércio Mundim


Você tão perto de mim,
vestindo um minúsculo short
me deixa tonto, me enlouquece,
quase me faz perder o juízo.

Sinto sua forte respiração,
seus seios arfando, que tesão,
cada um suplicando em silêncio
que o outro o deseje com ardor.

Afinal me descontrolo e ataco,
com violência te puxo pra mim,
você logo tenta reagir, dizer não,
era tarde, seu sorriso já dizia sim.

Com um beijo perdemos a timidez
e nossos corpos enfim encontram-se,
lentamente fomos nos despindo e acariciando
e nos amamos como se o mundo fosse acabar.

S.098.Sexta feira - Luércio Mundim


Hoje, com certeza, vou sair
e como um louco me divertir,
beber, conversar, sorrir,
até a hora do sol surgir.

Hoje também vou querer
amar uma linda mulher
e ao lado dela esquecer
todo o meu íntimo sofrer.

Hoje terei a sensação
de que existe a ilusão,
minha vida é um louco tesão
e é feliz meu dolorido coração.

S.097.Se voce sorrisse - Lupércio Mundim


O sol aqueceria os corações,
o luar faria com que o mal partisse,
as estrelas atenderiam as orações,
tudo isto apenas se você sorrisse...

Uma suave brisa as tardes refrescaria,
a chuva não incomodaria, por mais que caísse,
uma pequena flor os dias perfumaria,
tudo isto apenas se você sorrisse...

Os caminhos seriam cobertos de flores,
tudo melhoraria até que a dor partisse,
no mundo realizariam-se todos os amores,
tudo isto apenas se você sorrisse...

Mas se ao invés de sorrir você chorasse,
a sombra avançaria até que o mundo cobrisse,
a solidão viria sem que a procurasse,
e tudo se normalizaria apenas se você sorrisse...

S.096.Sabor de Hortelã - Lupércio Mundim



Passeávamos de mãos dadas
na bela praça daquela cidade,
enquanto não chegava a hora
do almoço na casa onde estávamos.

A fome já nos atormentava
porque tínhamos saído bem cedo
para viajar, sem tomar nem o café
e já passavam das quatorze horas.

De repente enfiei a mão no bolso
e encontrei uma bala de hortelã,
era apenas uma e resolvemos
não dividi-la e chupa-la juntos.

Começamos a passar a balinha
de boca a boca com as línguas,
com gostosos beijos nos intervalos
e nos esquecemos da maldita fome...

S.095.Sonho Bordado - Lucelena Maia


Começo o dia
Expulsando demônios,
Libertando anjos
Ajoelhando-me a meditar
Depois sento para bordar.
Desenrolo novelos
Brinco com os dedos
Entrelaço fios
Bordo pensamentos
Um pedaço de chão
O luar
A estrada
O portão
A poeira
O carro
A fumaça da chaminé
A mesa posta,
O café
Longe, muito longe ouço a buzina,
Na tela vou colocando sonhos,
Você entra apressado,
Um sorriso, último fio na agulha
Ganho beijos e abraços,
Finalizo o quarto
Cama e dois corpos suados.
Somos dois seres ouriçados,
Personagens reais
Do meu sonho bordado.

S.094.Sinto-me assim - Lucelena Maia


...Às vezes criança pequena querendo colo,

Outra hora, adolescente rebelde caminhando sozinha
Rejeitando o espelho por estar cheia de espinha.

Na maioria das vezes adulta,
Sem beijos nem abraços,
Sem a rebeldia que me protege

Descubro que em todas as fases
Estou assustada a procura daquela mulher
Que me habita,

Que é forte, decidida
Mas jamais
Consigo encarar.

S.093.Súplica às chuvaradas - Clevane Pessoa de Araújo Lopes


O que é, o que
aquela que cai em pé
e corre deitada,

pergunta-se na popular
adivinhação.

Das nuvens prenhes,
entrechocando-se,
caem cortinas
de águas.

Às vezes, em chuvinha fina,
às vezes, num temporal...
São Pedro abre as comportas
do céu.

A Terra abre milhares
de famintas bocas
para engolir
o presente.

Sob elas, as sementes
incham, no ciclo
vital,
prestes a brotar.

As plantas têm todos os verdes
lavados, folhas a brilhar
a respirar
sem o pó do ar.

Toda a natureza agradece
- mas por favor,
sem excessos
tudo que é demais
provoca estragos,
doenças e podridão...
Não transformem tanto Bem
em tanto Mal!...

S.092.Sou andarilho - Celito Medeiros


Nós dois
Tu e eu
Pouco sei
Tu, o saber!
Andamos juntos
Mas te procuro.
Sê a luz
De brilho intenso
Que como o incenso
Invada por inteiro.
Vem como capa
Que da chuva abrigue
Este andarilho
Na grande procura.
Não fujas
Nos momentos
Em que mais preciso
De tua ajuda.
Não permitas que eu me perca
Em todo este embaraço
Que a vida me mostra.
Sim, eu te busco
Procurei pelo tempo
Vaguei como o vento
Que toca
E se espalha.
Não te vejo
Te sinto
Orgulhoso fico
Pois é um rico
Quem te encontra
E logo te usa!

domingo, 16 de setembro de 2018

S.091.Só pendando naquilo - Celito Medeiros


Dinheiro!
Desgraçado
Abençoado
Amaldiçoado
Te quero
Te gosto
Te espero
Te desejo
Não preciso...
(Sou mentiroso)
Não traz felicidade...
(Se for pouco!)
Não adianta!
(Já disse que minto)
Bastante!
(Na hora certa)
Toda hora!
Vem!!!

Vai trabalhar!...
(Nossa!)
Viste?
{Adoro ser pobre...(já disse que minto!)}