quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

I.034.Ilusões da vida - Lucelena Maia


Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem;
Só passou pela vida, não viveu.

D.077.Doce Fruto - Douglas Farias


Doce fruto do sabor
Com carinho foste semeado
Cresceste cheio de vida
De tanto amor que te foi dado Doce fruto da beleza
Com lágrima foste colhido
Apreciando-te num olhar
Permita-me fazer um pedido Doce fruto do amor
Coração que queima de desejo
Colo meu rosto ao seu
Para desfrutarmos desse beijo

B.029.Buscando a felicidade - Douglas Farias


Digo sim, mostro que não
Finjo que quero, consigo como quero
Dois passos pra trás, sigo pra frente
Destruo, construindo
Caio, levantando
Escorrego uma, ergo duas
Critico o bom, melhoro o mal
Péssimas alegrias, boas tristezas

Caminhar e continuar
Sem desistir, sem desanimar
Lutando até conquistar
Conquistar o impossível
Sonhar, sonhando um sonho
Andar sozinho, mesmo difícil
Juntos, seremos fortes
Sem temer em prosseguir
Em buscar a felicidade

Q.071.Quem é tú? - Neusa Marilda Mucci


No rosto não há um esboço de sorriso,
apenas os lábios levemente abertos,
um quase murmurar se percebe neles,
mas ali palavras se escondem, sutis

Não quer demonstrar o que se agita n'alma,
que escorre suave num olhar perdido,
parece que uma tristeza profunda
o mergulhou em outros mundos

Essa alma se desfaz em suspiros leves
e a boca faz cânticos suaves à lua,
enquanto o coração prende os toques,
temendo desafinar do sentimento, a melodia

Um jeito de ser um tanto misterioso,
quem verdadeiramente és tu, que apareces em meu sonho,
junto às nesgas de luar
que dançam no teto de uma noite sem fronteiras?

Q.070.Quando fores velha - Walmir Becker


Quando já fores velha, e grisalha, e com sono,
Pega este livro: junto ao fogo, a cabecear,
Lê com calma; e com os olhos de profundas sombras
Sonha, sonha com o teu antigo e suave olhar.

Muitos amaram-te horas de alegria e graça,
Com amor sincero ou falso amaram-te a beleza;
Só um, amando-te a alma peregrina em ti,
De teu rosto a mudar amou cada tristeza.

E curvando-te junto à grade incandescente,
Murmura com amargura como o amor fugiu
E caminhou montanha acima, a subir sempre,
E o rosto em multidão de estrelas encobriu.

Q.069.Quando foi - Nathaly Guatura


ela, eu azul, verde, olhos, goles, olhos, lábios, bocas, línguas, mãos, eu, ela, cabelos, bocas, lábios, laranja, ela, coxas, eu, seios, lábios, dentes, ela, mãos, quadris,
eu, bocas seios corpos eu coxas ela ela dedos eu ela línguas dentes dedos lábios eu ela... ela... ela...

Q.068.Querida - José Bernardo Neto


Diz-me, querida, do que
na vida deixei de ser.

Deixemos de lado, por pudores antigos,
as cenas picantes, os gemidos fingidos.

Aparta, também,
dos sonhos a morte
e das crianças o choro.
Fala-me de interioridades,
profundas e alheias ao amor carnal,
das coisas sem conhecidas idades
guardadas no pálido banal.

Fala-me dos deslizes meus
do olhar, do calar, do fugir.
Dou neste momento a ti
a voz da finalização
dos nossos dias
e dos nossos desamparos.
Conta tudo, defaz-te
de minha presença visual
e fala de meu outro eu,
daquele que não te amou
o quanto prometeu.

E num franzido te direi,
neste silêncio amador,
que nesta não imaginei
entregar-te tão pouco amor.

Poderias ter um, ou outro.
Tiveste, com prazer e dor, os dois.
E se quiseres tudo esquecer,
convida-me ao esquecimento.
Leva-me contigo ao menos
no teu entorpecimento.

Pois breve estaremos
juntos no sedento pó,
esquecidos e esquecedores
das vidas e das mortes
que ganhamos e perdemos.
E doídos estaremos do tanto sentido
e cambaleantes no quanto sofrido,
como pássaros cansados,
de asas combalidas
e bicos entristecidos,
sem pouso certo,
sem ninho aberto
e sem nada além
de inapagáveis lembranças
de calor e de distâncias.

Diz-me aqui, querida,
da morte da vida
e, havendo sorte,
da vida da morte.

O mais que se guarda
dentro da jornada
são temas ruídos
e bem esquecidos.

Diz-me, querida,
conta-me tudo
enquanto há vida
e estou tão mudo.

Diz-me tudo, minha querida,
pois é breve minha partida.

Q.067.Quero seu amor - Douglas Farias


O que se tornou para mim
Aquela que nunca esqueci? O desejo de um amor O lampejo de uma paixão Uma ânsia pelo futuro Um inalcançável sonho
O que decidi escolher Quando caminhos se abriram? O inesperado amor A precoce paixão Um temido futuro Um adiável sonho
Esteve no meu caminho Mas desviei meus passos Encontrei seu amor Mas culminei na paixão Não a enxergo em meu futuro Temo não tê-la mais em meu sonhos

Q.066.Que ser é este - Thaina Santiago


Que ser é este... 
Cuja a face tem o seu próprio brilho
Com aqueles olhos amenos
Capaz de produzir paz
De boca aparentemente aveludada
Com cabelos com cabelos alvoriçados
Com tal pele tão singela
Sem pelos, sem nada
De corpo tão caracterizado
Este mesmo possui
Vontades, caráter e sonhos?
Cujo o mesmo na rua
Herdou nome de guerreiro
Mas para os mais íntimos
Nada mais, nada menos 
Uma dádiva de Deus
Mas que ser é este...
Capaz de abalar
Com meus sentimentos e emoções?
Que ser é este...
Tão deslumbrante assim
Com naturalidade e delicadeza
Que me deixou na dúvida entre
Água e água; óleo e água?
Tomara que isto não seja
Um mero sonho!
Thaina Santiago (Sonhadora)

Q.065.Quase uma onda verde - Eliane F.C.Lima


Eram muito preocupados com o meio ambiente. Filiados ao Greenpeace, assinavam todos os manifestos a favor do futuro do planeta. E de proteção às baleias, bebês-focas, peixe-boi, todos os animais em extinção, enfim. E tome de sacola e papel recicláveis, de lixo com separação seletiva, óleo queimado recolhido em garrafa para ser reaproveitado. Não havia um comportamento ecológico correto que o casal, tomando conhecimento, não passasse a ter, religiosamente. Compraram, um dia, um terreno na serra, muito verde, clima especial, ar puro, uma cascatinha ao fundo, uma visão magnífica do lugar, no alto da colina. Duas árvores frondosas, cheias de ninhos de pássaros. Exigiram do arquiteto uma planta que deixasse as duas em paz e garantisse a sobrevivência de seus moradores naturais. As aves estavam no mesmo nível que as baleias, não vê? Quiseram teto que captasse a energia solar, reaproveitamento da água do banho para a privada, caixa d'água que recolhesse a água da chuva para molhar plantas, lavar varandas. Quando a obra ia começar, o terreno teve de ser limpo. Lá se foram todos os viventes daquele mato enorme. Correram cobra, lagarto, sapo. Apesar de terem ficado preocupados, ainda havia muito mato em volta para eles se abrigarem, o marido ponderou. Casa pronta, foram passar as férias lá pela primeira vez. À noite, céu tão estrelado que parecia com risco de cair na cabeça. Quando o homem se sentou na varanda, o que lhe caiu em cima foi uma lagartixa. Deu um pulo, dando um monte de safanões e não pôde segurar um “Que bicho nojento!”. A mulher, ao lado, caiu na gargalhada, mas ficou de olho vivo em duas outras que passeavam calmamente. Todas estavam ali, desde que a obra tinha começado, para comer os mosquitos, que vinham aos montes, fartar-se com o sangue dos operários. Só então os dois, que já tinham começado a se estapear por causa deles, notaram que a casa, janelas todas abertas, estava invadida por uma nuvem. Passaram a noite acordados, porque não tinham trazido aqueles aparelhinhos elétricos de inseticida, imagine, logo eles, tão conscientes. Nem repelente. Dia seguinte, foram a um supermercado no centro e, relutantes, tiveram de comprar. Antes de escurecer, tristonhos, foram fechando as janelas. Que perdoassem os mosquitos. Nenhum dos dois, no entanto, teve coragem de confessar que não queriam também as lagartixas. Cansados da noite anterior, de muito folguedo na água gelada do laguinho da cascata, caíram na cama e dormiram. Até sentirem alguma coisa andando debaixo das cobertas. Saltaram em um pulo. Luz acesa. Uma aranha enorme e peluda, vinda do mato, corria sobre as cobertas. Pulou no chão e sumiu. Passaram boa parte da noite procurando, ansiosos para dormir, meio sonâmbulos. Foi, quando a mulher vislumbrou-a correndo em direção à porta. Chinelo na mão, instinto puro, nem pensou, caiu-lhe em cima. As aranhas enormes e peludas não estão no mesmo nível das baleias.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

Q.064.Quero - Carlos Drummond de Andrade


Quero que todos os dias do anotodos os dias da vidade meia em meia horade 5 em 5 minutosme digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,creio, no momento, que sou amado.No momento anteriore no seguinte,como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustãoque me amas que me amas que me amas.Do contrário evapora-se a amaçãopois ao não dizer: Eu te amo,desmentesapagasteu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.Não exijo senão isto,isto sempre, isto cada vez mais.Quero ser amado por e em tua palavranem sei de outra maneira a não ser estade reconhecer
o dom amoroso,a perfeita maneira de saber-se amado:amor na raiz da palavrae na sua emissão,amorsaltando da língua nacional,amorfeito somvibração espacial.

No momento em que não me dizes:Eu te amo,inexoravelmente seique deixaste de amar-me,que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetidoEu te amoamoamoamoamo,verdade fulminante que acabas de desentranhar,eu me precipito no caos,essa coleção de objetos de não-amor.

Q.063.Querer - Pablo Neruda


E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.Pablo Neruda 

Q.062.Que amor é esse - Mário Jorge Lima


Que Amor é esse que do nada me criou
Soprou em mim o Espírito e assim me fez viver?
Que amor é esse que ao meu lado sempre andou
Por onde quer que eu fosse ajudando-me a vencer?
Que amor é esse que um dia me salvou
Do meio dos meus erros estendeu-me a Sua mão?
Que amor é esse que esqueceu o mal que eu fiz
Em toda a minha vida e me deu o Seu perdão?
Oh sim eu sei, que amor é esse vou dizer
A quem quiser ouvir levanto minha voz ao céu!
O amor maior que nunca hei de compreender.
O amor que tudo pode, é o amor de Deus.
Que Amor é esse que transforma o coração
Que dá sentido á vida, que redime o pecador?
Que amor é esse que concede salvação
Justificando o homem sem contar o que passou?
Que amor é esse que nos prometeu voltar
Pra dar vida eterna a quem nEle apenas crer?
Que amor é esse que a própria vida deu,
Deixando Sua glória, vindo ao mundo pra morrer?
Oh sim eu sei, que amor é esse vou dizer
A quem quiser ouvir levanto minha voz ao céu!
O amor maior que nunca hei de compreender.
O amor que tudo pode, é o amor de Deus.

Q.061.Quero Apenas Cinco Coisas - Pablo Neruda


Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Q.060.Quanto Chegares - J.G de Araújo Jorge


Chegues quando chegares,
ainda estarei de pé, mesmo sem dia,
mesmo que seja noite, ainda estarei de pé.

A gente sempre fica acordado
nessa agonia,
à espera de um amor que acabou sendo fé...

Chegues quando chegares,
se houver tempo, colheremos ainda frutos, como ontem,
a sós;
se for tarde demais, nos deitaremos à sombra e
perguntaremos por nós...

Q.059.Quadro de avisos - Angélica T. Almstadter


No quadro, um aviso poético Grafado com letras manuscritas Quadras exatas em tons melódicos Dão colorido especial em meio aos itálicos recados. Uma tarja preta diagonal explica; Jaz nas linhas desse poema eclético Intenções lúdicas, impressões escritas.
Enfeita o quadro de avisos lógicos Um poema prosa de sentidos variados, Nascido de um sonho anárquico, Quase que uma liturgia complexa Emblemada de forma convexa. Radiante lá está o feito simbólico, Sussurrado em tom melancólico Palavras catadas ao vento Atadas em algum breve momento, Recolhidas por olhares atentos; Dormirão em um coração discreto.
Passará como tudo passou um dia O verso, o poema e a prosa analítica; Atrás da tarja preta, uma saudade. Desfilará uma ou outra alegria Uma ou outra reflexão cítrica; Só nunca passará de verdade A veia e a extrema força rasgada Na emoção da palavra ali grafada.

Q.058.Quem sabe - Lucelena Maia


Quem sabe, se o orvalho que amanhece
Nos galhos dos meus ciprestes
Beijasse os lábios da terra seca
E lhe umedecesse o rosto agreste;


Quem sabe, se o sol que desponta dourado,
Como um chafariz, a jorrar vida,
Por suas gotas de alimento farto,
Saciasse a sede dos desejos mudos;


Quem sabe, se o sereno fosse, para a flor,
O início do afago, em fino trato,
E, no canteiro florido do amor,
Eu, um cipreste, a ornamentá-lo.

Q.057.Questão de Escoha - Douglas Farias


Parece ser tão fácil quando tem que se tomar uma decisão
As dúvidas e os medos para minhas escolhas tornam-se assombração
Fazer o que manda o coração e se preocupar com suas reações
Consequências deixam marcas na alma tendo o perdão suas limitações
É como querer sem poder, caminhar sem partir
Tudo que eu queria agora era poder ser capaz de decidir
Vi muitos perderem a cabeça por causa da insensatez
Incontestavelmente arrasadora superada apenas pela embriaguez
Mas têm horas que precisa-se ser frio e calculista
Nos é possível superar crises, ainda mais quando se é realista
Certo de um recuperar estimável será minha deixa
Pois o futuro é incerto igual estas palavras de queixas
Minha esperança é que o bem possa superar as diferenças
Além do que os olhos podem ver será minha crença
E assim ter força para decidir o acredito ser o melhor
Questão de escolha mesmo, tenho que tomar só

Q.056.Quero você só pra mim - Luciano de Souza


Meus sonhos sem você não me importam
Abro mão de tudo pra lhe ter
Os meus olhos foram feitos pra te ver

Lhe admirar, lhe desejar por toda a vida será assim
Quero você só pra mim
Contigo ser feliz até o fim

Eu preciso de você
Do seu amor para viver
Eu queria tanto lhe dizer: 

Eu te amo
Quero você só pra mim
Eu não consigo te esquecer

Q.055.Quando mamãe ama - Ana Paula Valadão


Nunca imaginei poder amar assim Querer alguém tão bem mais do que quero a mim Meu filho você tem o amor da mamãe pra sempre
Cuidar de você é minha alegria Sentir o teu cheiro, te tocar Pegar sua mão e caminhar na vida Ouvir sua voz me chamar
Pode precisar de mim, meu filho te amo Não importa a hora nem o lugar Quero estar ali pra te ajudar
Um sorriso, um olhar Faz valer a pena Nenhum sacrifício é tão grande Quando mamãe ama
Eu sei que nem sempre vou conseguir As vezes preciso te deixar ir Mas mesmo de longe vou te acompanhar E quando quiser, é só me chamar