terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

M.031.Mal secreto - Raimundo Correia



Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma e destrói cada ilusão que nasce;
Tudo o que punge tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse !

Quanta gente que ri, talvez consigo
Guarda um atroz recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa...

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa !

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