quinta-feira, 11 de setembro de 2014
A.023.A Mulher Madura - Affonso Romano Santana
A mulher madura nada no tempo
e flui com a serenidade de um peixe.
O silêncio em torno de seus gestos
tem algo do repouso da garça sobre o lago.
Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência.
Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente.
Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim:
tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira.
Não é um canteiro de margaridas jovens
tagarelando nas manhãs...
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história.
Inscrições se fizeram em sua superfície.
Seu corpo não é, como na adolescência
uma pura e agreste possibilidade.
Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens,
decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa...
O primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem
o que perderam em não esperá-la madurar.
Ali está uma mulher madura,
mais do que pronta para quem souber amar.
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