sexta-feira, 29 de maio de 2015
S.024.Sim! - Bruno Kampel
Os tapetes choram a ausência
de seus passos
e as paredes suam clamores
que inundam a lembrança
do seu riso.
A janela embaça seus cristais
ao descobrir que das paredes
não penduram quadros senão penas
e que sobre os tapetes
flutua o eco insone
de seus passos de outros dias.
Nos vasos florescem
teias de aranha coalhadas
de lembranças
onde cada pétala é um beijo
e cada flor uma carícia
e cada dia um abraço
e cada sombra um espelho
e cada noite o reflexo
de sua pele sobre a minha
e cada instante uma angústia
que visita sem convite
minhas noites e meus dias.
E sentadas no jardim
as promessas quebradas
contemplam a janela
que mostra as paredes
que hospedam as dores
que declamam os queixumes
que caminham o caminho
que conduz até os tapetes
que calados sofrem
a ausência de seus passos.
E se arrastam as lembranças
nos tapetes de outros rastros
e passeia nas paredes
a fragrância de sua ausência
e desenho nas janelas
cicatrizes decoradas
com lamúrias desbotadas
com desejos exauridos
com perguntas sem resposta
e discursos sem sentido.
Sim. Solidão, nem mais, nem menos
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