quarta-feira, 30 de setembro de 2015
T.023.Tudo me faz lembrar dela - Lorenzo Yucatan
Logo cedo, aos primeiros alvores
da aurora, quando saio pra caminhar,
os nascentes raios do astro-rei me
fazem lembrar dela.
No horizonte, vejo a cor de seus cabelos,
um amarelo-ouro anunciando um novo dia.
Que, para ela, será sempre de luta,
de obstáculos, de superação.
Quando vejo um indigente na calçada,
maltrapilho e entregue ao "Deus-dará",
suplicando por uns trocados ou uma
migalha de alimento, lembro-me dela.
E apresso-me em oferecer minha ajuda ao
infeliz porque quero imitá-la. Sei que isso
ela faz a toda hora. Ela tem na ajuda ao
próximo um de seus postulados de vida.
A azáfama dos transeuntes, a velocidade
dos carros na avenida, o alvoroço todo da
cidade; tudo isso me faz lembrar dela.
De seu corre-corre o dia todo, de sua
agitação, de sua luta contra o relógio
para encaixar, na jornada excepcional
e curta, o período de trabalho, as horas
das lides cibernéticas, dos poemas e poesias,
e os momentos do repouso tão espremido.
Tudo me faz lembrar dela. De sua alegria,
nos meandros esvoaçantes dos pássaros;
de sua simpatia, no sorriso jovial da balconista;
de sua fanfarrice, na algazarra das crianças;
e, da sua meiguice, na voz aveludada da
locutora de FM.
Me lembro dela nos poemas de Drumond,
nos textos de Arthur da Távola,
nas poesias de Cecília Meirelles,
nas jóias de Sílvia Schmidt e
na arte da Lena Basso.
Não porque isso tudo fale
alguma coisa dela. Mas porque ela,
quando escreve, o faz no mesmo
padrão dessas feras.
E como me lembro dela!... ela que esquece
de seus problemas para viver os meus.
Que faz de tudo para me ver feliz e que
se sente infeliz quando me mostro abatido.
Tudo me faz lembrar dela: o sorriso
disfarçando tristeza, a piada escondendo
o infortúnio, a gentileza em troca da ofensa.
Enfim, lembro-me dela a todo momento.
Porque a todo momento tento encontrar
o caminho de vencer a distância e senti-la
a meu lado. Assim como já a tenho,
decididamente, alojada no meu coração.
Tudo me faz lembrar dela...
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