D.051.Dono da Saudade - Efigênia Mallemont

Do céu gelado espirra orvalho,
que na calada da noite vai dando
vida e umidade aos jardins em flores!

O luar beijando o mundo,
perturbando o vento,
derramando sua prata,
embalando corações apaixonados!

Mais existem seres desalmados,
que perambulam nas altas
madrugadas congelando os
sonhos sepultando os devaneios!

O tempo, eu abraço,
que se quebra em relembranças
das sombras que se moviam juntas,
enlaçando-se e perdendo-se no mesmo ar!

Deixo aqui meu rosto
no altar que não alcançastes,
olha-me! Dize-me qual de nós morreu?

Adormeço na saudade que me invade,
enganando o coração leso e desencantado,
e sigo entre renovadas alvoradas!