quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
A.175.Alguma vez - Andréa Borba Pinheiro
Alguma vez você olhou pro céu?
E sentiu as estrelas darem um brilho diferente ao seu olhar?
Alguma vez você sentiu a chuva cair?
Sentiu ela tocando sua pele? Purificando sua alma pouco a pouco?
Alguma vez você rezou?
E sentiu o bem divino invadir seu peito?
Alguma vez você jogou?
Jogos que não podia jogar... só pra sentir o perigo?
Alguma vez você fez algo impossível?
Só para sentir-se um pouco mais do que realmente é?
Alguma vez você sentiu o oceano tocar seus pés?
Respirou a suave brisa da maré?
Alguma única e iluminada vez você se apaixonou?
Foi arrebatado pó uma paixão louca
e sem sentido que consumiu seu corpo pouco a pouco?
Ou provou o carinho do mais doce e puro amor?
Preenchendo cada célula do seu corpo de embriagante afeto?
Não?...
Deixa eu te mostrar?...
A.177.Ansiedade - Andréa Borba Pinheiro
Sinto a sua falta,
aqui, presente,
me fazendo carinho, do meu lado...
Dói saber que você está ausente...
Quero te conhecer!!
Bem que o tempo poderia passar,
para eu logo te ver,
para logo te encontrar.
A ansiedade corrói o meu peito
de tanta saudade...doce loucura...
Eu te amo, vem...chegue mais perto,
quero provar da sua suave ternura.
E, mesmo em desavenças,
continuamos a nos amar,
pois, apesar das diferenças,
eu e você, acabamos de nos apaixonar!...
A.176.Aluna Apaixonada - Andrá Borba Pinheiro
Recito poemas seus na aula de literatura.
Filosófo sobre nosso amor na aula de filosofia.
Crio coragem e enfrento colegas de mais altura.
Te amar tem me levado para a diretoria.
Calculo nossos beijos na aula de matemática.
Digo "I love you" na de inglês,
E digo outra vez toda simpática:
-Je T'aime, na aula de francês.
Estudo as substâncias da nossa paixão na química.
Rezo para te ver no ensino religioso.
Invento fórmulas para diminuir nossa distância na física.
E eu, que achava estudar, tedioso...!
Escrevo textos sobre nós em português.
Desenho um coração com nossas iniciais em educação artística.
Sei as datas, motivos e conseqüências do nosso namoro,
e conto tudo isso para a professora de história.
Me localizo no espaço e sei os aspectos gerais da gente:
Xiiiii !...escrevi isso na prova de geografia!
Estudo o meio no qual nosso amor vive, em biologia.
Corro, feito doida, pensando em te encontrar,na aula de esportes.
E ninguém tem tanto fôlego quanto eu, nem pernas mais fortes.
Quando termina a aula, arrumo minhas coisas,
volto sorridente para casa, mostrando os dentes,
pois sei que, no dia seguinte, vou te estudar novamente,
e de alguma forma, estaremos perto um do outro.
De espírito, estás sempre aqui, presente!
A.140.Ainda assim - Andréa Borba Pinheiro
Rasgando minhas feridas,
atiçando meu sofrimento,
minha alma sentida...
Pisando nos meus sentimentos.
Queimando meu desejo,
lembrando teu abraço,
ardendo teu beijo,
me transformando em estilhaços.
Arranhando o vidro da janela,
tocando meu violão,
maltratando o coração,
escrevendo uma triste canção.
Delirando ao lembrar de você,
sonhando com você
chamando você,
querendo você!
Ainda assim...consigo viver!...
A.173.Ai saudade - Angela Bretas
Ai saudade que bate sem fazer alarde
De mansinho penetra em meu ser
Me machuca docemente quando penso naquelas tardes
Me cortando como lâmina cega
Doendo e me deixando louca de prazer... Ai saudade que não quer sair assim
Com carinho recordo noites sem sono
Momentos de paixão, de loucuras entregues ao abandono
Ao descobrir a mulher em mim
Desejando que você seja sempre meu dono
Em noites que não tenham fim... Ai saudade que trago comigo
Não me deixe, sem que eu possa relembrar
Estes pensamentos que procuram abrigo
Na lembrança de saber amar... Ai saudade, companheira da emoção
Fique assim dentro de minha vida
Minha mente, meu corpo e meu coração
Necessitam de sentir por inteira esta ferida
Para assim relembrar esta doce paixão... Ai saudade
Te carrego dentro do peito
Minha doce cúmplice da verdade
Te levo junto ao leito
Sentindo-te por toda a eternidade
Ai saudade...!
A.172.Aguada - Angela Bretas
Chovia... chovia e chovia!
Seria castigo do dito dia maldito em que, com agonia, na seca terra que um dia a plantação crescia, pediu chuva através de oração, sob o sol quente do sertão?
Maldição!
Suas preces, fervorosas, ecoaram aos céus com emoção. Naquele instante sublime, sentindo o poder da fé, orou mais alto, e, de fato, com sua devoção tamanha passou a
acreditar na façanha de seus desejos e credos.
No canto esquerdo do olho, um gozo de lágrima furtiva molhou sua tez ressecada. Sua realidade, em verdade, era tão dura como a do solo; desbotada como a terra amarela;
rachada como as rugas do barro seco; carente de ser regada...
Ardentemente esperava que a paisagem seca, recebesse um banho divino. Desatino acreditar que com o resultado, esperado, da terra produtiva, ela, mulher viva, voltaria a ativa.
Será que na certa colheita certeira, que germinaria o trigo, ela com sua cor trigueira traria faceira de volta o companheiro, também ressecado, coitado...?
Sabia que sua felicidade dependia da chuva que, temente do sol potente, enveredara-se por outras bandas... Tal qual o companheiro, sorrateiro,
que procurava em paragens longínquas, profícuas, embebedar suas mágoas em farras, culpando a terra seca entre tragos e afagos... de outras.
Proliferaria e colheria!
Suas preces teriam que funcionar! Reclamaria até que um dia sua sorte iria mudar! Esperava um milagre; um bagre, no rio sem brio, que se deixou morrer sedento.
Queria plantar e colher. Ter colher de pau, comer lebre temperada com sal e até uma casa igual a do calendário, lendário, da parede de barro do casebre, feito quadro pendurado.
E chorava... implorava, orava!
Ao cair as lágrimas no chão, raios e trovões riscaram o infinito horizonte. Jarros de nuvens carregadas despejaram dilúvios turvos, lavaram a terra ressecada,
encharcaram rios e lagos, inundaram barracos e casebres, abriram feridas de lodos, de lama... redemoinhos de enchentes, levaram o toldo, a cama...
E agora? Reclama?
Como estancar o bem que só mal faz?
Existiria uma forma sagaz de pedir à chuva para se enxugar e deixar o sol novamente arder? O que fazer?
Cansada, esmorecida, ensopada, pensa na sopa, não comida, que a enxurrada retirou de sua boca...
Que louca!
Cheia daquela cheia, que enchia e enchia, veio-lhe a idéia!
Séria, resolveu que a única maneira de fazer a chuva parar era se encharcar ao redor de uma fogueira imaginária e se pôr a dançar, pedindo para o sol voltar!
E dançou.... dançou e dançou!
A.171.Agora eu sei - Andrá Borba Pinheiro
Chegou para mim
e, deu um daqueles sorrisos que eu adoro ver.
Mas, ele meu, jamais vai ser.
Não importa o que eu faça,
quem ignora agora é ele, e com toda razão,
pois, um dia, eu parti seu coração.
Por mais que eu me esforce,
ele passará por cima do fato de que eu o quero.
Mas não vai caçoar né? Eu espero...
Aprendemos com nossos erros.
Nossos acertos, são readaptações de nossas burradas.
E, agora sei, como você se sentiu...porque hoje, sou eu quem é ignorada.
Seu olhar, me faz ter vontade de rir,
de tão maroto, alegre e carinhoso que é.
Tomara, que algum dia, me compreendas...tenho fé!
Tomara que um dia, me queiras.
Tomara que um dia, me ames.
Não importa se você é tímido,
quero que um dia me chames.
A.168.A arte de amar à distância - Andrea Borba Pinheiro
Quando olho a sua foto,
lembro dos momentos bons,
dos beijos que sonhamos beijar,
dos abraços que sonhamos abraçar...
Lembro do você a todo o momento...
Lembro de você a todo vão segundo...
Que passa como uma eternidade,
sem você no meu mundo.
O céu não tem mais razão
para estar azul...
Nem o sol, para brilhar...
Aliás, já me acostumei com os dias frios do Sul...
E não há nada que me esquente...
Nem o chocolate quente...
Nem o café recuperante...
Nem o chá aconchegante...
Só você pode me esquentar.
Considere isso uma honra!
E venha me abraçar logo!
Antes que eu perca a paciência...!
Meus lábios são só teus!!!!
Tento encontrar-te em outros olhos,
outros braços e outras bocas,
mas és único para o meu coração...
E diferentemente das outras vezes,
ele não está cego...
Está simplesmente apaixonado...
Enamorado sem enamorar-se...
Buscando algo que nunca chega...
E que, provavelmente, não chegue jamais...
Minha face no espelho,
não nega a tristeza ao perceber,
que ao meu lado, na imagem,
só há a banheira,
cuja água começa a encher...
Você deveria refletir no espelho também!
Enfim...
Deito-me despreocupadamente na água.
Fecho os olhos...
E tento esquecer...
De você, e de tudo.
É claro e óbvio que não consigo...
Porque amor a gente ama e ponto.
E minha memória, infelizmente, é de elefante...
Vê uma vez e não esquece.
Ama uma vez, e nunca deixa de amar.
Gosta uma vez, e nunca vem a desgostar.
Beija uma vez, e mesmo que em silêncio,
continua a beijar,
a sua foto no criado mudo...
Pois tu te foste...
A.170.Agindo com o coração - Andréa Borba Pinheiro
Perdi minha cabeça,
cansei de dizer não,
cansei de sempre agir
motivada pela razão.
Deixei meu sentimento falar
e, ele pulou de alegria ao perceber,
que eu deixei-o se expressar.
Fui de encontro à você.
Lá, triste e arrependido,
seu corpo jazia sentado no chão,
sem vida, sem amor,
sem nenhuma emoção.
Mas, ao enxergar-me,
algo diferente aconteceu:
levantaste do chão sujo
e, te encheste de vigor ao encontrar os olhos meus.
Confesso que, por dentro, vibrei ao ter de volta teus lábios
e, não faço questão de negar que,
te amei ontem, te amo hoje
e, sinceramente, acho que sempre vou te amar!
A.169.A Pétala e o caderono - Ângela Bretas
Viçosa dentro do botão que a acolhia, transpirava uma fragância suave.
Bela, sensível e frágil tremulava ao vento.
Pela mão de um amante solitário, poeta sensível e apaixonado, foi colhida.
O poeta a escolheu entre todas as pétalas da rosa. E, carinhosamente na palma da mão, acariciou-a ... amou-a.
Tornou-se admirada... exalada...
Secou.
Perdeu seu perfume, seu encanto, sua vitalidade...
Mas, o destino bendito, tal qual um cupido disfarçado, sabia que sua beleza e sensibilidade não poderia morrer assim.
As mesmas mãos que a colheram, a depositaram dentro de um caderno.
E ela renasceu maravilhada, em seu leito solitário, lendo belas poesias, escritas pelas mesmas mãos que a admiraram e a amaram um dia. Versos secretos do poeta enamorado.
E a cada poesia que lia, ela dengosa, gemia e suspirava os sonhos do poeta, entre as folhas do caderno companheiro.
Sua beleza frágil de pétala de rosa, despertou no caderno algo novo... ele deixou de ver as letras gravadas em suas entranhas como um peso, aprendeu a gostar delas... pois notava
como a pétala chorava solitária e expelia um aroma de desejo que começava a impregnar seu corpo.
Caderno esse, esquecido na gaveta como ela... Que, antes solitário, vibrava agora com a sensibilidade da pétala...
e espremia ainda mais suas folhas para sentir seu aroma esquecido... para sentir o seu delicado corpo...
Juntos, pétala e caderno, apaixonaram-se pelas letras... enamoraram-se.
E foram embalados pelos doces sonhos do poeta, que estavam descritos em prantos líricos exaltando a suavidade e a dor de um amor distante... ausente... carente...
E eles aprenderam a importância de se ter alguém próximo, compartilhando os mesmos sonhos... de amor... de carinho... de desejos...
Unidos como estavam. Tal caderno esquecido. Tal pétala seca. Sentiram a leveza do amor chegar...
Esquecidos numa gaveta. Gozaram... da liberdade. Corpos colados. Tornaram-se um só.
Juntos, deram um novo colorido as folhas brancas... tornando-as amareladas... E cor âmbar tornou-se intensa, alastrou-se...
Tornaram-se marcas do fruto desse amor recheado de poesia...
Mal sabe o poeta, que seus amores, pétala e caderno, conseguiram encontrar o amor que ele, incansávelmente, continua procurando em sua busca solitária...
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