segunda-feira, 28 de abril de 2014

F.002.Ferroz - Dayse Maria Moraes


Não quero este frio que me apavora,
nem quero esquecer que os reflexos dos meus olhos,
no espelho, desnudaram de alma e corpo inteiro,
teu ser, que por trás do vidro,
refletia-se na ternura do teu olhar...
Quero buscar teu perfume,
nos ares que me refrescam e alienam,
onde confundo a brisa que passa,
com teu cheiro doce, invasivo,
de bicho no cio à procura de sua fêmea...
Quero este desejo que em mim borbulha,
me arrastando pelo espaço, com fogo e calor de astro,
na busca de tua imagem e minha transparência,
que fixei nos céus de qualquer lugar.
Não te quero um ponto distante preso ao infinito...
Quero a consciência de tuas verdades,
e tua declaração de amor à mim,
seja na irreverência dos teus olhares,
ou na profundidade dos teus silêncios.
Quero-te inteiro e meu...
Ver teu corpo marcado nas dobras do meu lençol,
sentir o atrito de tua pele roçando na minha,
arrancando faíscas para iluminar nosso quarto,
e nesta hora, confundir nossas carnes,
misturar nossos sangues,
num pacto voraz com a eternidade...
Quero teu gosto em cada gota da minha saliva,
e de olhos cerrados capitular e render-me..
Deixar que meus urros, sussurros, gritos,
cravem nos teus ouvidos com força e fúria,
a mesma e tal, que a das minhas unhas,
que ferem tuas costas como garras do meu prazer...
Quero beber de teu líquido e fecundar-me a alma.
Permitir-me receber-te entre minhas pernas,
com paixão e fantasia, onde somos,
o enigma e a profecia...
Impregnar-me da tua energia,
para sentir teu perfume e provar teu veneno,
e assim ser feliz,
embriagando-me ou morrendo de amor...

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