segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A.091.A Caminhada - Celito Medeiros


Eu estava de bem com a vida.
O dia estava convidativo
para uma caminhada
Saí de casa à tardinha
para caminhar no Botânico.
Tempo Curitibano!..
Nem quente, nem frio.
Parecia que se formava um temporal.
Mas moro pertinho
é só uma caminhada!…
Logo retorno, afinal não é noite, apenas
tardinha.
Não levo agasalho,
pois estou vendo que a chuva demora.
Percorro o espaço.
Atravesso a rua e adentro.
Pessoas vêm e vão. Eu vou…
Parece estar tão bonito.
As flores?
Ora, como sempre.
Belas, alinhadas.
Uns fotografam, outros apenas
admiram.
Outros nem tanto.
Eu, tudo.
A tudo observo.
Crianças de escola, velhos.
Pessoas felizes,
outras…tristes.
Me pergunto: Por quê?
Por que umas tão diferentes das
outras?
Bem, raciocino…
As flores também são diferentes, até as
semelhantes.
Sentado em um banco está um jovem
bem vestido.
Calça e tudo combinando.
Óculos escuros, até modernos.
Meu engano!
Me aproximo.
Sento à sua frente.
Então que tal o dia?

Bem, me diz (ele, o cego real):
Deve estar como as pessoas.
Veja, olhe quanto há de belo à volta,
e não contenta a todos…
Nem as flores se contentam.
Como?!!.
Nem as flores se contentam como todos.
Eles não enxergam o que nós vemos.
É, parecem estar cegos.
Não, me diz ele.
Cegos, não!
Eles só não sentem.
Vêem e não se tocam.
Assistem e não se emocionam.
Não percebem beleza.
Cegos, não!
Apenas estão andando, andando.
Mas, veja como existem outros.
Mesmo que poucos, eles existem.
Que podem ter sentimentos.
Os outros, estão trancados.
Não sentem.
Cegos, não!
Só não sentem.
Cego sou eu, mas como você eu sinto!
Oh! desculpe, não sabia que...
Ora, isto porque você sente!
Agradeço, me despeço. Retorno.
Aprendo!

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