A.095.Alô, quem fala? - Celito Medeiros

Ah, doce memória!
Tanta coisa que insiste
Pensamento que não resiste
Em sobrepujar o meu.
Se não gosto do que penso
Se não penso no que gosto
Por que insiste em se alojar
E perturbar a razão?
Às vezes me consola
Em outras me desola
Tentando imprimir
A sua própria vontade.
Se não é meu o
pensamento
Que me traz certo
tormento
Deixa sempre a dúvida
De quem será então?
Que voz é esta que sopra
Sempre desorientando
E minha vida mudando
Nas horas mais amargas?
Não é a voz da consciência
Já não tenho paciência
Para dizer que todo dia
É sempre a mesma agonia.
Deixe este velho soldado
Pelos menos um pouco de lado
Vá pegar outro caminho
E não me engane mais!
Já sei, sou eu que mando
Tenho que dar comando
Entrando na lucidez
Sendo só eu outra vez!!!