terça-feira, 30 de maio de 2017
Crônica - H.004 - Houve um tempo - Ana Clara Osório
Houve um tempo... (!!!???) Houve um tempo que eu queria ser beijada. Houve um tempo que eu queria estar sozinha. Houve momentos em que esperei um beijo e esperei a solidão, e houve tantos momentos que permaneci sozinha. Nem um som... Apenas eu, lá parada... Só tão só que nem a solidão me fazia companhia. E ai houve um tempo que eu quis chorar, quis correr e mostrar para o mundo como doía. Houve um tempo que eu o fiz, e me decepcionei... E como me decepcionei... Estúpida eu por acreditar no amor... Estúpida eu por acreditar na solidão... Estúpida eu por me decepcionar... Houve um tempo que eu esperei algo mais das pessoas, e sim houve um tempo que elas não me decepcionaram. Quando era esse eu não me recordo muito bem, talvez um tempo em que minha inocência ainda não era perdida. Houve tantos momentos... De solidão, de carência, de tudo... E não houve um sequer momento em que eu tenha conseguido saciá-los. O beijo não era o certo. A solidão era só de mais. As lágrimas não expressavam mais dor, apenas algo reprimido. E a decepção ainda estava ao meu lado, como sempre. Minha fiel e eterna companhia, talvez tenha sido ela que tenha feito de tudo um pouco vazio... Talvez fosse dela o gosto azedo dos beijos... Talvez fosse ela que espantasse a solidão, que por muitas vezes achei estar sempre ao meu lado, mas agora percebo que por mais uma vez estive errada... Estúpida eu por acreditar... Estúpida... Houve momentos que eu quis fugir, mas não tive coragem... Houve um tempo que eu acreditava que havia para onde fugir... Houve um tempo que ela não tocava a tudo... E há um tempo que me consome, não toca, me leva... Há um tempo em que não há beijos, não há lágrimas e nem solidão... Há um tempo que eu já não corro, estou cansada demais... Há um tempo que mais nada espero, apenas sou levada...
E há um tempo que ela toca tudo, cada beijo inexistente, cada companhia imaginária. Estúpida eu por deixar ela me tomar. Estúpida eu por ter deixado de acreditar no amor. Estúpida eu por deixar de acreditar na solidão.
E estúpida, eternamente estúpida por me decepcionar. Por não ter feito daquele beijo o certo e daquela solidão minha companhia. De não ter saciado cada momento, não ter lutado até o fim. Mas agora, bem, já é tarde, a noite corre solta e a lua ilumina meu rosto. Um sentimento um tanto agradável já toma conta de mim, acho que já sou dela... Há um tempo que mais nada importa, nada se espera... Mas sim houve um tempo em que tudo era melhor, havia esperança. Apenas algo para que se despedir...
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