sexta-feira, 30 de junho de 2017

Crônica - T.002.Temperamental-mente - Angelo Rodrigues


1. Quando constatei a encarnação do Acaso-Absoluto agarrei-me às vísceras do planeta e toquei subtilmente na inconciliável dualidade da alma e do corpo. Lembro-me que me aconteceu um orgasmo cerebral e vivi durante três Eternidades e sete sonhos momentos inebriantes e muito confusos. Do que me aconteceu somos todos culpados. Concluí também que existimos só para conhecermos a angústia-dos-fiéis e as réstias dos sonhos mal-acabados. Temos que nos anular; temos que nos redimir pelo Nada que contém o Todo. A Juventude e a Beleza de todos os sentido de agora, são simplesmente um acaso do 1º grau à escala cósmica. A Juventude e a Beleza só têm sentido no acaso da encarnação que se segue. A nossa perplexa vida é feita de acasos e de encontros fortuitos, de mil sentidos sem horizonte. A minha vida é uma partitura a duas vozes. Há sempre um caminho onde circula uma Beleza-Secreta da asas azuis à espera de um passageiro de viagens eternas. Este poema é maior que ele próprio; é um bilhete que dá acesso a todos os Universos.
Sou um iniciado de CHRISTOS. No mais profundo de mim existe um Templo de Espírito que anseia a sua visita irradiante. Tudo é puro e de paz quando a Luz ilumina o Templo. Irradiantemente bebi um copo com Hermes.
3. Sou sendo o Minotauro, o fio de Ariana e o Labris. Quando me esqueço do Labris e do fio é terrível e confuso; o Minotauro investe e o medo instala-se, desorientado e preso na impotência, viro estátua de barro. A luta é quase impossível porque não sou herói nem filho de Teseu e o estado divino teima em não se revelar nos homens de angústia e de ansiedade onírica e temperamental. Com o Labris e o fio venço o Minotauro e o desconhecido é um doce-convite, uma aventura fantástica e eterna. Não se deve andar no Labirinto sem o Labris e sem o fio.

4. Deus dos outros: Eu tão só, triste e esperançado - no meio do meio - da Tua - Presença-ausência. Porquê(?)

5. Pela janela telúrica meus olhos prendem o Mundo na sedução do momento. O que é visto é Um-Todo-Erótico. O meu orgasmo é campesino e o Espírito-da-manhã dita-me o caminho. O olfacto já não é só um sentido e um enigma porque o Destino é o cheiro eterno, o advento da Rosa redentora.
6.O Azul desfez-se em volúpias, intensidades transcendentais, fervilhantes vitalidades que esmagam horizontes de Alquimia - visíveis com olhos emprestados de anjo-bébé. Os partos-de-Essência acontecem provocados pela vontade desmedida da cosmicidade do Azul-infinito que não existe nas coisas-do-mundo nem neste vosso-observável Céu. O que advém da Luz, sem ser visto por Nós, seres com medo do Medo do nada e do escuro, oculta-se no Azul-absoluto-total e é o enigma que existe nos sonhos-azuis-irradiantes dos místicos e dos para-deus.
Das «coisas intensamente belas» que habitam o outro lado de nós, emana o raro e único perfume, qual afrodisíaco que nos faz desejar a mãe-deusa-Arte: essa que levará carinhosamente ao colo - pelos caminhos do Infinito, a criança-eterna que dorme - por enquanto, demasiadas horas por dia.

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