terça-feira, 25 de agosto de 2020

A.147.A Catedral - Alphonsus de Guimarães


Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral eburnea do meu sonho
Aparece na paz do ceu risonho
Toda branca de sol.
E o sino canta em lugebres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma aurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral eburnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tao cansados ponho,
Recebe a bencao de Jesus.
E o sino clama em lugebres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Por entre lirios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral eburnea do meu sonho
Aparece na paz do ceu tristonho
Toda branca de luar.
E o sino chora em lugebres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O ceu e todo trevas: o vento uiva.
Do relampago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral eburnea do meu sonho
Afunda-se no caos do ceu medonho
Como um astro que ja morreu.
E o sino chora em lugebres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

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