segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
G.028.Galimatias e discursos verborrágicos - Lucas Menezes Maida
Um amor de rimas fáceis, calafrios
Ininterpretável como “Las Meninas” de Velásquez
Um amor de rios, rios e Rios
Daquelas cantarolagens que espanta os males
(Eu te...)
Você não consegue recitar sem me excitar
Cantar sem me cantar
Rir sem me sorrir
Mirar sem me flechar
(Eu te...)
É Nando e Cássia, no mesmo ritmo, tocando relicário
É antídoto marítimo, no vai e vem que traz curas
É uma tarde em Itapuã sem fuso horário
É Dom Casmurro com o Emplasto Brás Cubas
(Eu te...)
Olhares 43, dias 15, tamanhos 13
Amor ao acaso, 204
Como um encontro inesperado
Em uma impressora de trabalho
(Eu te...)
Amei teus melasmas
Plantei tuas Astromélias
Conheci as imperfeições
Fiz delas perfeições
Transformei meu dicionário em Aurélia
(Eu te...)
Você é um rio de Janeiro
E eu; um rio de Março
Riu de mim quando me queimei no mormaço
O seu rio é mais legal, mas é no meu que faço aniversário
(Eu te...)
Nesta embarcação, eu me encontrava a bombordo
Enquanto tu, a estibordo
Uma tempestade da cor dos seus olhos
Transbordou a caravela de escordo
(Eu te...)
Corri chão e cruzei mar, deixei-me levar pelo ar
Usei de fonemas bilabiais para te deletrear
Essas coincidências semânticas alveolares
São o verdadeiro significado do verbo “amar”
(Eu te...)
Você virou Tu
Tudo ficou íntimo, mas ainda doeu
Queria te conjugar mais uma vez
Para que Tu virasse Eu
(Eu te...)
Todas essas verborreias em desengano
Galimatias inúteis de se ler
Todo esse clichê, démodé e blasé
É para falar que eu amo você
(Eu te amo)
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