sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
U.052.Urgência - Nathaly Guatura
Eis-me aqui novamente em tanta súplica perante as velas Mentindo que mentisse quando punha-me a considerar Que das belezas mais amáveis que a vida ousa me negar Tu foste (inda é), desesperadamente, a maior de todas elas.
Escrevo, assim, mais que sorumbáticas letras atemporais Das saudades que eu sentia de nossos utópicos carnavais. Mais que a desventura dos vestígios que me vieste exalar. Muito mais que o destempero deste pedaço de meu pesar.
Alerta-me de tua existência, lança-me um brado, um ruído Que reexista contigo o ser que conheceste, que já não sou Sem ciência do que outrora fui, hoje somente animal aluído Tomado do instinto, num deletério ímpeto busca-lo, eu vou!
Em tua busca, desatinei praça em praça por toda essa Minas Caindo agora, sob esse céu sem luar, ao som de coisa alguma Avistando absolutamente nada senão previsões matutinas Descanso os olhos e de repente, não mais existo, em suma.
Amanheço bicho oco. Um bicho repleto. Um bicho alucinado pela saudade.
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