segunda-feira, 26 de junho de 2023
F.058.Filho de coração - Douglas Faria
Não é só de sangue que marca uma união
Deus que quis assim, me deu o filho que pedi
Mesmo não sendo sangue meu, meu coração é seu
É de coração que tenho todo esse amor
É de coração que lhe dou o que a vida me ensinou
É de coração que hoje vendo te falar
Agradeço por em mim confiar
Não importa quantas vezes tenho que declarar
Tão grande amor de filho você pôde me mostrar
Quero muito te amar, e meu coração poder lhe dar
É de coração que tenho todo esse amor
É de coração que lhe dou o que a vida me ensinou
É de coração que hoje vendo te falar
Agradeço por em mim confiar
F.057.Fotografia - Douglas Farias
És a mais linda modelo
Dos pés ao cabelo
Não importa o foco
Melhor que a própria foto
Nem o ambiente que se cria
Continuas belas na fotogenia
Cada click, cada flash
Mantém esse sorriso
Não se mexe
Cada troca, cada make
Continue nessa posição
Essa vai pro face
Minha arte é fotografar
Só você que a faz superar
O amor que pude dedicar
Minha maior paixão
Na mesma linha de mira ponho
A mente, os olhos e o coração
F.056.Fantasma nostálgico - Um Poeta Vagabundo
Ectoplásmico amigo, ainda bem que você existe, essa casa não seria a mesma não fosse sua presença fantasmagórica. Quando tu passa arrastando suas correntes ectoplasmáticas, para mim é motivo de alegria e regozijo. Sua presença assusta e afugenta a solidão. Solidão , isso sim me assombra, e sua presença enche essa casa de movimento, me é companheira nas noites insones, nessa fria alcova solitária, onde me abandono, onde me exilo. Não sei se sou exilado ou meu exílio é por vontade própria, não sei se abandonei a todos ou se todos me abandonaram. mas cá estou...eu e você.Mas carinhosamente digo, antes eu e você do que eu e a maldita solidão, pois a solidão não é minha amiga, é uma traiçoeira que vem chegando de mansinho, com seus passos felinos, com seu charme vadio. É como uma droga, em que no começo te enche de prazer , se faz ótima companheira, mas assim como a droga, a solidão é ciumenta, egoísta e te quer mais e mais, e exige de ti mais e mais, o fato: me tornei um escravo da solidão,. Agora você me surge como uma alma bondosa e salvadora, quem és tu minha boa amiga? Quem veio ao meu martírio? Qual espírito divino te enviou ao meu socorro? Diga me como poderei retribuir lhe este préstimo inestimável?Agora tenho a você, e quando a solidão me aprisiona em sua temível madrugada de tortura você com suas correntes barulhentas e seus urros e berros guturais a afugenta para o longe, e o longe que se entenda com ela. Ela te teme, mas eu não, eu lhe tenho gratidão, você ilumina minhas noites com seu corpo espectral , traz luz onde só havia escuridão, e contrariando oque todos pensam, você também é luz, você também tem sua luz, mas penso que ainda não percebeu, então não adianta ficar arrastando suas correntes e armando todo esse griteiro que eu não tenho medo. Melhor seria você sentar aqui na beira da minha cama e me contar uma história, quiça a tua história, afinal é só isso que nós somos mesmo. A minha história você quer saber? Se não me contar a tua, eu conto a minha, e olha que se eu contar , você irá chorar, e eu nunca vi fantasmas chorando, embora você seja o primeiro fantasma que eu conheço na minha vida. Você é um fantasma solitário, eu sei, nunca te vi com nenhum outro por aqui, você é um solitário como eu. Então já que estamos fazendo companhia um para o outro, nada mais justo que nos apresentarmos, quiça tomar um café. Fantasmas tomam café? E oque você faz durante o dia, nunca te vejo quando a grande luz ilumina essa casa vazia e poeirenta, mas diz uma música que a noite a dor da solidão é mais forte. Deve ser influência da lua, a lua é meio manhosa, talvez não seja, mas ela sabe como deixar a gente manhoso, ela é meio mãe judia ou italiana, e eu sou facinho de ficar mimado, e eu olho pra ela e ela me olha com aquela cara branca, e eu....sem mais e nem porquês me pego com os olhos marejados de lágrimas . Ternas lembranças... deve ser isso, e a solidão e as lembranças e tem vez que eu nem lembro, só a vejo lá no céu e já fico pura emoção, daí não é lembrança, é nostalgia, só não sei bem de que. Sabe quando a gente escuta aquela música, que nem gostamos tanto, mas ainda assim gostamos das lembranças que ela nos traz. Não sei....vou ver a lua pela janela dos fundos, se quiser, me acompanhe, mas vê se para de gritaria, conversa feito um fantasma adulto. Alias, nem sei se você é um fantasma ou uma fantasma, não sei se fantasmas tem sexo, sempre estão com esse lençol branco. Sei lá , deve ser igual anjo, e vai saber qual é o sexo dos anjos. Enfim...vamos lá, ver a lua pela janela, porquê lá fora ta muito frio e eu não quero que os outros fiquem sabendo que você mora aqui comigo, pode despertar a curiosidade do povo e depois tem mais, irão ficar dizendo que a casa é mau assombrada, e sem saber, porque a única coisa que você faz e ficar arrastando essas correntes velhas e enferrujadas e fica gritando igual bebezinho que quer mamar, e por falar nisso, quer um leite quente, pode escolher, porque tem capuccino, solúvel, chocolate em pó, só não tem descafeinado, mas acho que você não se importa com isso. De qualquer forma irei fazer dois, o seu ta aí, se quiser é só pegar. E vou deixar essa outra cadeira aqui para você sentar, mas sem gritaria viu. Não adianta ficar bravo, porque eu não vou embora dessa casa, e nem quero que você vá, já te disse e repito, você é muito bem vindo aqui embora seja pouco comunicativo. Enquanto você não se abre comigo, irei falando, só que tem uma coisa viu, se você não me contradiz, irei tirando minhas próprias conclusões.. e uma eu já tenho certeza, você não é má pessoa, pode até ser um mal fantasma, porque não consegue me assombrar, mas má pessoa sei que não é , se fosse você não seria de luz, e disso já estou convencido, de repente, pode ter uma diferença entre fantasma e assombração, e espíritos zombeteiros, dizem que eles podem influenciar as pessoas inocentes a fazer coisas que não queriam, mas não sei não, inocentes são as crianças, e dizem que das crianças , Deus cuida pessoalmente, sei lá, será que cuida mesmo? Penso que ele cuide de todos pessoalmente, e vê tudo. Mas ele não é muito entrometido não, ele deixa por conta da gente. E tem gente que coloca a culpa nossa na conta dele. Sei que se estamos aqui, é graças a mim mesmo, e graças a Ele também, graças a Ele por estamos vivos, ops, eu estou vivo, você existe, então ….melhor dizendo, devemos nossa existência a Ele. Uau, eu já falei montes e você ta aí , caladão... rondando a sala, aqueta um pouco, senta aqui e toma o seu leite quente, melhor não misturar com nada esse leite, vai que mancha seu lenço né? E é você mesmo que lava seus lençois, porque você não tem companheira, , mas mesmo que tivesse, ela seria sua companheira e não sua empregada. Não sei se pensa assim, melhor pensar, porque as mulheres de hoje em dia não querem mais ser as Amélias dos seus maridos, querem direitos iguais, , nem sei se no mundo fantasmagórico também é assim, mas deve ser né, porque até onde eu sei, vocês coabitam esse mundo com a gente, e as fantasmas devem querer sua emancipação, afinal, elas devem estar por dentro de tudo que aconteceu naqueles loucos anos sessenta. Embora eu tenha uma certa dúvida se aquelas feministas estão contentes com o resultado de suas conquistas. E tem mais.... diz a sabedoria irlandesa que muito pra leste já é oeste, afinal, vivemos numa bola né. Então de que adianta ser feminista, feminista é uma variação de gênero do machismo, , não é igualdade entre os gêneros, é , não tem nada a ver com respeito mutuo, somos diferentes, isso é fato, e ainda bem que somos, mas isso não quer dizer que sejamos melhores que elas, ou elas melhores que nós. É que essa tal de raça humana é meo sem jeito mesmo, passa o tempo inteiro disputando, , como somos competitivos né? As vezes penso que seja por isso que me isolei, mas ainda assim não perco a fé nessa espécie. . Embora eu não consiga explicar bem oque seja essa tal de fé, só sei que ela é boa em doses homeopáticas, fé demais não cheira bem , hehehe, é uma piada, só pra ver se você melhora esse humor. . Rir é bom sabia. As vezes eu rio sozinho, claro....que bobo que eu sou, se estou sozinho irei rir com quem né!?sei que poderíamos dar boas risadas juntos e também chorar juntos. Você não encarna há quanto tempo? Fantasmas encarnam? Acho que não né...se encarnarem deixam de ser fantasmas. Mas de uma coisa eu tenho certeza, fantasmas são espíritas, do contrário, não seriam espíritos desencarnados mas diz ai meu amigo. Você é um fantasma espírita, católico ou protestante? Não que isso vá fazer alguma diferença na nossa amizade, acredito que podemos coexistir neste mundo indiferentemente de nossas crenças religiosas..ainda que você seja assim , meio caladão, eu gosto da sua companhia, a tempos que não conversava tanto com alguém. Sabe...as vezes é até melhor você ser assim caladão, porque tem pessoas que não aceitam opiniões divergentes, e, tem gente que briga até por um time de futebol, parece brincadeira né? Mas você já deve ter visto isso, se ao menos fosse algo relevante, mas qual a diferença que faz em nossas vidas se um torce para um time e outro torce para um outro diferente. Os fantasmam brigam por divergências de time? Acho que não...eles não seriam tão burros assim e deve ser bem mais divertido ficar assustando e pregando peças doque brigar por causa de time.. ao menos se fosse uma divergência política., mas ainda assim brigar não resolve, pois acabaria se tornando uma guerra, e guerra é uma coisa que não sei bem pra que serve, penso que deva servir para o ser humano mostrar que é pior que os bichos, que nós tanto criticamos, e chamamos de selvagens, de irracionais, , de tantas cosias que eles não são. Ou se são , ao menos tem a humildade de não se auto intitularem 'os seres racionais', embora eu já tenha percebido que são poucos os seres humanos irracionais, os outros só acompanham o fluxo, ou são governados ou simplesmente não utilizaram a racionalidade para pensar em algo. Mas também.... nãos sei como é para você no mundo fantasmagórico, mas aqui onde usamos lençóis para cobrir cama, o bicho pega viu, e se não trabalharmos para ganhar a vida, a vida nos ganha. .qual é seu trabalho, além de ficar aqui toda noite tentando me assustar? Antes eu trabalhava, mas depois do acidente, fiquei inútil para o trabalho, e como foi um acidente de trabalho, o governo me dá uma pensão para eu será um inútil, ao menos querem que eu pense que eu sou inútil, e muitas vezes eu até me convenço disso, outras vezes não. Mas aí todos já se convenceram que eu sou. Aí eu me isolo de tudo e de todos, e só saio de casa para buscar meu pagamento no banco, fazer compras e saldar contas, não quero mais ninguém me importunando, me perguntando como estou, oque aconteceu. Eu era um trabalhador braçal antes da queda fatal, nunca fui muito de estudar, , nunca fui muito de pensar, penso agora, que já não tenho nada pra fazer, só ficar remoendo minhas amarguras e minha auto piedade. Mas de tanto pensar, pensei que é melhor nem pensar nessas coisas, ando pensando em outras, como o o sexo dos anjos e dos fantasmas, e de como eu não sou um inútil, só não posso mais desenvolver as funções que desenvolvia antes, mas posso aprender outras coisas, o mundo foi feito para quem é inteiro e de pé, pouco pensam em quem anda de cadeira, em quem não enxerga, e quem por algum motivo deteriorou esse mecanismo complexo que é nosso corpo. Alguns já nasceram assim, sinto por eles, mas só resta a conformação, não sei oque é pior , se é nascer assim ou ficar depois, melhor nem saber, cada um sabe do seu, e eu sei que fico feliz por ter nascido perfeito, por ter andado de pé e corrido e nadado, nadar , ainda posso, não como antes mas posso, mas correr não, e enxergo muito bem também, pobre daqueles que nunca enxergaram, ou que perderam a visão, porque ver é muito legal, . Feliz aquele que já teve a oportunidade de ver, . Dizem que é melhor nascer pobre que ficar pobre depois de ter uma vida abastada. Não sei , talvez seja diferente para riquezas e pobrezas. Mas ambos tem seu lado ruim e seu lado bom. Talvez seja igual ….ah!!! sei lá esse assunto é deveras pesado, mas é a minha vida , e já que você não me fala nada da sua, como já disse, vou falando da minha.. mas quero que saiba que não sou triste, e nem magoado, só não to muito pra conversas com pessoas que me tratam diferente, e você nunca fez distinção, nem olhou para minha cadeira, já veio logo tentando me assustar, não fez cara de piedade e nem perguntas idiotas. . Você conquistou meu respeito. E como espirito de luz que sei que você é, esta me fazendo conquistar meu auto respeito outra vez, o respeito que a sociedade me fez perder. Me sinto muito bem em sua companhia.. queria que você fosse uma fantasma, faz tempo que não tenho uma companhia feminina.. não sei se me afastei da minha companheira ou ela se afastou de mim, ou se eu me tornei insuportável ponto de não ser boa companhia. Mas novamente sinto uma força interior capaz de me fazer lutar.. se o dia esquentar amanhã , quero sair, ir ver uma lagoa, me arrastar até a beira, comprarei uma bóia e arriscarei umas braçadas. A tanto tempo não nado, . Quiça dar uma passada em algum puteiro, ver mulheres nuas dançando, nunca fui fã destes serviços, acho injusto para com elas, é uja profissão muito difícil, mas ao menos estaremos em pé de igualdade, elas me olham com cara de piedade por eu ser um aleijado e eu me compadeço delas por vida tão difícil, a única diferença é que eu estou condenado até o fim desta vida, e elas não. Torço por cada uma delas,. E não consigo esconder minha cara de piedade assim como elas não conseguem esconder de mim o mesmo sentimento. Hehehe, essa é boa. Diz aí meu amigo, existem prostitutas no mundo fantasmagórico.? Se existir, é porque fantasma tem sexo, se não tiverem, não precisarão. E o mais interessante é que não existem fantasmas voyars, porque quando cai os lençóis , não se vê mais nada. Aí é só entre vocês.. adoro quando a lua ta cheia e fica atras de nuvens ralas, o clarão por de traz faz uma bela pintura não é? E eu fico dizendo né, né , né e você nunca responde, assim irão pensar que eu estou alucinando né? Hehehe devo estar ficando maluco mesmo, mas antes maluco do que só, e ainda que você seja caladão presta ainda pra me fazer companhia para admirar comigo minha maior paixão, deveria ser lobisomem, para cantar para lua, não faria distinção a lua nova, minguante, ou crescente ou cheia, uivaria para todas, quem eu to querendo enganar com essas histórias tristes, nem assustar consigo mais, as vezes aparece um bando de adolescentes para usar drogas, mas já estão tão alucinados que quando faço minha aparição, eles começam a rir, isso me faz sentir muito mal, as vezes apelo para aparições em forma de espírito e conto essas histórias tristes, mas se nem assustar consigo talvez comover e depois assustar? Do jeito que andam as coisas deveria contar uma piada, quiça faria algum sucesso, me divertiria um pouco com eles, mas é contra todas as regras fantasmagóricas, e isso qualquer um sabe, é só assistir um episódio do Gasparzinho, Outro dia contei minha história de fantasma para uma garota, seria para ela ficar assustada, pensei criar um mito em torno da minha casa, uma lenda urbana, mas ela se comoveu e chorou e tentou me dar colo, disse que poderia ficar tranquilo que era uma conversa entre amigos e não ira contar pra ninguém, tentei até um 'buh' final mas não se assustou, sorriu e me mandou um beijo e eu ando tão a flor da pele, que qualquer beijo de novela mexicana me faz chorar, quase que chorei no colo dela e nem imagino qual seja a punição para essa falta de ética profissional. eu sou um fantasma decrépito e solitário, desacreditado até de mim , se nem mesmo eu acredito em fantasmas como posso querer que acreditem em mim. embora eu seja só um fantasma velho, decrépito, solitário e decadente numa casa velha abandonada.
F.055.Faz a curva - Eliane F.C.Lima
O nome tinha sido colocado no início do povoamento: Faz-a-curva. Por causa do vento constante. No presente, esquecido o motivo do termo, acreditavam que a causa era o viajante que virava para voltar na estrada. E era assim mesmo. Quem chegava ao local, se perguntava de que é que aquele povo vivia. E vivia?
Dispersos pela estrada, os que ainda restavam, pediam ajuda a quem parasse, normalmente gente perdida, pedido aflito de informação. E que voltava dali mesmo.
Plantavam umas coisinhas só para comer. A terra até que era boa. Mas vender para quem, se desse muito? A pouca produção era para não morrer de fome, quase toda a semeadura feita pelas mulheres, como no início do mundo. Mas aquele lugar era o fim do mundo.
Os homens sempre iam embora, mal punham bigode. Muitas mulheres já iam também, as mais novas, empregadas domésticas em cidades maiores. Naquele lugar, o máximo que se fazia era nascer.
Um dia, chegaram dois sujeitos, com uma camionete grande. Traziam muito mantimento. E água. Não precisou, havia uma nascente da pura, da boa.
Conversaram com todo mundo, indo de sitiozinho em sitiozinho.
À noite, todo mundo convocado na frente da capela, arrematou-se a conversa no geral. Colocada uma mezinha, pegaram a assinatura de todo mundo, comprando as terrinhas. Sempre havia alguém da família, mesmo dos que tinham ido. Quase sempre os mais velhos, os donos, não tinham querido partir. E haveria emprego. E, numa vilinha de casas em rua nova, cada um com a sua.
Dia depois, vindo correndo os que não puderam vir no dia, os dois foram ao cartório, cidade próxima, registrar.
E o lugar virou uma fazenda enorme, gado leiteiro. Palavra cumprida, a vilinha foi feita. Honestidade dos dois donos era, na verdade, sabedoria: teriam empregados fiéis para o resto da vida, devoção de crentes para santo milagreiro.
Rapazes, de partida planejada, ficaram para fazer a obra. Depois, trabalho na fazenda. Alguns partidos, retornaram.
No futuro, o significado do nome da cidade mudou de novo: de onde as carretas enormes, cheias de leite, retornam. Dada a prosperidade, dali não passam.
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F.054.Fidelidade - Eliane F.C.Lima
Era um velho guarda-chuva. Estava perfeito, sim. Mas era um modelo ultrapassado, dos pretos, de homem. Mas, hoje, homens já não ligam para a cor do guarda-chuva. Ele tinha ficado em um canto do quarto, atrás de um armário, quase desbotado. Quase. Tinha enfrentado muita chuva. E vento era o pior. Houve vezes em que temia quebrar. Varetas soltas, ia sendo consertado. Material bom, firme a coluna e o tecido. Ameaçando puir. Só ameaçando, depois de tantos anos e tempestades. Grandes, desses que parecem um guarda-sol de praia. Não era prático no sentido de caber em bolsas. A praticidade de um guarda-chuva, afinal, é proteger da chuva, não ser fácil de carregar. Mas não estava triste por ter sido esquecido. Pelo contrário. Só queria sossego. Cada vez que iam limpar o quarto e o tiravam do lugar, tremia de medo de ser visto. Voltava para seu canto, após a faxina. Às vezes, espiava para fora pela janela ou ouvia o vidro sacudindo pelo vento e pela água. A vontade de ver a rua limitava-se à lembrança. Apesar de perfeito, estava velho, não estava mais para confusões. Mas ouvia, preocupado os comentários dos moradores da casa. Não se faziam mais guarda-chuvas que prestassem. Eram todos descartáveis, mesmo os de loja. Bons eram os antigos, duravam várias gerações. Encolhido, ele pensava: “Eu sou um antigo.” Um dia, visitas na casa. A chuva começou a cair e surpreendeu a todos. Ouviu as exclamações de surpresa: “Logo hoje, que eu tirei o meu da bolsa.” Era a amiguinha da neta de seu dono. Adolescente. Dessas que não têm cuidado com as coisas e, quando levam alguma coisa emprestada, não trazem nunca mais. Final da tarde, chuva persistente, alguém lembrou do aposentado. Foi apanhado de trás do armário. Quando, horrorizado já ia saindo nas mãos imprudentes, o avô, tão aposentado quanto o guarda-chuva e bem mais mal-humorado do que ele, olhando feio para a neta: - Um momento, mocinha... esse objeto é meu. Ninguém me pediu e mesmo que pedisse, não vendo, não dou, não empresto. Veio de meu pai. Cabo de madrepérola. - Madre quem? – perguntou a moça, cara de incompreensão. E ainda comentou baixo com a amiga – Só podia ser de madre. Preto para combinar com a roupa. - Dicionário, dicionário! – respondeu alto o velho, apontando para a estante da sala. Pisando firme o idoso e respirando aliviado o guarda-chuva, foram os dois, retos, para o quarto.
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F.053.Fábula - Eliane F.C.Lima
Dois gatos na beira da calçada. Um passarinho meio morto no meio. Olhavam-se arrepiados. Um gemido estranho e alto ia da boca de um para a boca do outro. Dois olhares de ódio, exame e provocação. Não se mexiam, como duas cobras encantatórias. Só os rabos balançavam, vagarosa e ameaçadoramente, completando a imagem. Estudavam-se, pura cautela. Cada um tentaria imaginar o movimento próximo do outro e se preparar para defender a presa, dono legítimo da ave, que nunca acabava de estrebuchar? Na verdade, a atenção de cada gato estava voltada para o adversário, ignorado o alimento, que se contorcia, o rival o único e indiscutível objeto de prazer.
F.052.Fartura - Eliane F.C.Lima
Sol começando a sumir, punha-se a esperar pelo marido, debaixo da mangueira enorme, sombra sobre a casinha pequena. Banquinho simplesinho de madeira. A comida já quentinha, o banho tomado, cabelos soltos, presa, uma flor da roseira. O cachorro magro se levantava, espetava as orelhas e balançava o rabo, antes de ninguém ver. Lá vinha ele, enxada nas costas, bolsa das sementes no lado, a outra bolsa com a marmita e a garrafa d’água. Andando devagar, chapéu desabado sobre os olhos para tampar do sol. Trabalhava sozinho na rocinha. Não colhiam muito, mais para comer. Vendiam alguma coisa na feira de domingo. E os ovos das galinhas que ela criava. Não tinham filhos. Mas até que era bom. O que colhiam não daria para mais outra boca. Vista ela, ele sorria um sorriso largo, mostrando os dentes lindos, na boca mais linda ainda. Ela achava. Magro, moreno de queimado. O cachorro já vinha junto, pulando de contente. Ela não pulava, mas era só o que faltava. Abraçava seu homem, feito tivesse vindo de outro planeta. Era esse o sentimento. Nunca acostumada com tanta felicidade. A vida pobre era só um detalhe. Ele não tinha sido o moço mais bonito do lugar. Nem o melhor dançador. Nem o mais simpático. Caladão que só ele. Mas ela achava muita sorte que ele tivesse se apaixonado por ela. Se achava sem-gracinha, desenfeitada. E era um homão, só ela que sabia, ainda bem. Mesmo depois do trabalho do dia todo, do sol forte, do cansaço. O abraço dele, na cama, era de queimar. Toda minhoquinha debaixo dele. Às vezes, ela tinha de ir à roça ajudar. Era quando, por sorte e trabalho duro dele, iam colher mais. Acordava ainda escuro, feliz da vida, fazia uma marmita dupla, quentinha e enrolada em muitos panos. Chapéu na cabeça. Passava o dia enchendo cestos. Voltava cansada e moída, mas o coração farto de contente. Queria ir sempre. O marido não deixava. Dizia que ela não tinha de se cansar tanto todo dia. Mas um dia, sem querer, ele soltou a verdade: preservava como tesouro as idas dela à lavoura. Para ele, também eram dias de festa.
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F.051.Fraternidade - Eliane F.C.Lima
Muitas janelas abertas, os curiosos, mas consternados vizinhos, observavam o caixão que saía. Só, Matilde, decidida, embora de olhos vermelhos, comandava tudo. Fechou a porta e entrou na frente do rabecão. O carro saiu devagar, apesar de ninguém seguir atrás. Sentada no banco do veículo, silenciosa, tentava pensar no que estava acontecendo. Há quarenta anos era empregada de Lurdes. Empregada nada, eram amigas. Sabia tudo sobre a vida da outra e a outra, sobre a dela. Eram mais do que irmãs. Seu corpo todo doía agora, refletindo a perda da companheira, anunciada, mas, de qualquer modo, uma surpresa. Estava atônita, perdida, apesar de ter feito tudo o que tinha de fazer, sua responsabilidade de anos. Ainda não acreditava. Como seria na volta, quando abrisse a porta? Lurdes sempre ensinava, instruía. Aos poucos, Matilde foi ficando mais atilada. A doente tinha planejado tudo, deixadas as providências tomadas. Havia um dinheirinho, aplicado, para o enterro e para que ela, a empregada, pudesse viver sem largueza, embora dignamente. Em termos práticos, estava garantida. Até a casa seria sua, passada em testamento. Aquela velha casa, simples e querida, era uma versão da amiga que ia agora morar em lugar diferente. Sem ela – e a mulher enxugou as lágrimas sob os óculos. Nenhum bem, entretanto, encheria o palacete vazio, cheio de ecos e cantos escuros, que era, agora, o seu coração. Refletia sobre o que ainda ia enfrentar: separar-se do único ente querido que tinha, que lá ficaria. E voltar para casa e não ver a outra, ouvir sua voz já bem fraca nos últimos dias, porém ainda alegre e positiva. Lurdes repetia: “Você não fica sozinha, Matilde. Esta casa está repleta de anjos. Meus guias – são muitos, vejo todos eles agora, me sorrindo – vão se dividir e ficam alguns com você. Olhe só, eles concordaram. Vão ficar alguns, porque nós já somos uma só. E há os seus também. Uns bem bonitos.” E a boa mulher, sacolejando no carro, ia se consolando, relembrando tudo. Afinal, o grande palacete de seu peito não ia ficar tão vazio, tinha mesmo de arranjar espaço para tanta gente. A boca quase sorriu, enquanto os olhos iam transbordando lágrimas.
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F.050.Fluminis - Eliane F.C.Lima
Sempre sentava à beira do rio na parte da tarde, até começar a escurecer ou os mosquitos chegarem. Naquele dia, não foi diferente. Ou foi.
Dentro d'água havia algo como uma água-viva, mas não era mar, era rio. Algo como uma bola de cristal, mas boiava. Transparente e leve.
Meteu a mão por baixo, meio a medo. E venho trazendo para cima, devagar.
O sol bateu em cheio. E brilhou, em mil cores de cristal. Mas redonda.
Não sabia o motivo, mas a pele dos braços estava arrepiada. E os cabelos também.
E maravilhada viu que a luz não caía do sol sobre ela, mas subia daquilo para o sol. Ia subindo por um caminho aéreo, como milhões de partículas – douradas, azuis, esverdeadas, levemente rosas, brancas, transparentes? – e não via mais o seu começo. Perdido no espaço, os olhos ofuscados pela claridade da luz do sol ou daquilo.
Deslumbrada e, ao mesmo tempo, com muito susto, foi colocando a água-viva, bola de cristal, redondeza brilhante e leve – percebeu, sem consciência, que afinal não tinha peso – no chão. E sua mão ainda ficou cheia das partículas da estranha purpurina – que outro nome dar àquilo?
Mas a coisa estranha não baixou ao chão. Ficou meio levitando sobre o ar. E, em volta, nada se via bem, como em um dia de verão intenso, o clarão do sol apaga todas as formas.
Ela enxergou, porém, no brilho que subia uma forma de escada. E levantou o pé, toda indecisa, levada, entretanto, por um desejo sem nome. E foi, de degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente em degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente, subindo, já, ela mesma, água-viva, bola de cristal.
O pescador que chegou logo depois não viu nada.
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F.049.Fruto do mar - Eliane F.C.Lima
Desde os tempos de garoto, era todo concentração. Um dia, pela primeira vez foi à praia, morador de uma cidade de interior. A família apertada no carro velho, a praia afastada, vidro aberto da janela, seu rosto era só verde e vento. O veículo corria, mas ele ficava na estrada, plantado nos troncos das árvores e ia diminuindo, diminuindo... Na água, as outras crianças, explosão de tanta alegria e sal, golfinhos. Ele, mãos enfiadas no chão, era um monte de areia. Na beira d’água, olhando as ondas, seu corpo liquefeito, ia e vinha, espuma borbulhando na praia. Cara virada para o alto, subia e planava, suas asas. Todo gaivota, girando no azul, seus olhos, de cima para baixo, prata de peixe e mar. Durante um bom tempo, indo à escola e em casa, seus livros, ele foi concha e maresia.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
F.048.Fragmentos de uma história de amor - Carmen Lúcia
Deixo escapar uma lágrima atrevida;
não houve como detê-la,
impedi-la de rolar...
Há quanto tempo a segurei
tentando disfarçar...
Hoje pesada, cansada, sofrida,
desaba pela minha face,
revela parte de minha vida
lavando a máscara que me foi disfarce,
mostrando a marca da minha ferida.
E atrás dela, outras e outras...
Encharcam meu rosto, embebem meus lábios...
Tanto tempo contidas,
anos, talvez, embargadas...
Fragmentos de uma história de amor,
interrompida, mas inacabada...
Ainda que pela ausência,
lágrimas, distância e dor, marcada...
Amor assim tão profundo
é para a eternidade...
Tão puro como a verdade...
Não cabe nesse mundo.
F.047.Frágil - Angélica T. Almstadter
Era um sonho de anseios encharcado
Acordou um dia seco como a prece
Destas que se faz em pecado
E a conexão não se estabelece
Era um sonho patético
Desses que carece alforria
Que se debate como epilético
Privação de sentido e agonia
Afogou-se na secura racional
Das pseudos paixões dominantes
Que sem cura margeia o emocional
Nasceu de uma aventura delirante
Sem solo fértil perdeu a raiz principal
Morre como brotou, num instante
F.046.Fácil, Téctil e Futil - Angélica T. Almstadter
Redesenhado por um desejo fácilEntrou pelos poros descobertos,Pretendia aquela vida frágilDe muitos sonhos encobertos
Amor cáustico de lavras fúteis.Entre meus olhos tristes flertouProvocou tantas emoções inúteisE sem adeus, o mundo ganhou.
Maria-sem-vergonha sempre traziaNas mãos vazias de paixão,Transpirava uma vida fria.
Tão logo me compreendeu;Bocejou angústias pífiasVirou a página e se escafedeu.
F.045.Feliz Natal - Rosa Pena
A mãe já estava entrando na terceira idade e começava a sentir aquela pontinha de desânimo, aquele tanto faz como tanto fez, entre eles... armar a árvore de Natal, fazer ceia.
E pensar que ela sempre fez uma questão danada de muitos enfeites, do presépio, da guirlanda na porta, de um peru maravilhoso. Foram festas lindas, fantásticas. E pensar, e pensar, e pensar! Pronto: Agora nada de pensar, muito menos navegar na nostalgia. Saudade vá procurar outro coração, pois esse não lhe pertence. Replay de Natal fica por conta do Rei RC que só varia a roupa de branco para azul ou de azul para branco. Inovar é a palavra de ordem.
O marido sempre acompanhou suas resoluções. Dos sete filhos agora só dois moravam com eles naquela casa linda e imensa. Empregados nessa época folgam. O trabalho e o silêncio dobram.
O temporão insistiu tanto na confecção da árvore que ela acabou por enfeitar displicentemente a antiga num cantinho qualquer da casa.
Como cada um dos outros filhos passaria num lugar diferente, sugeriu impondo aos quatro que fossem cear num quiosque em frente à tão badalada árvore da Lagoa. Dois toparam, mas levou um susto quando o caçulinha disse:
—Cear fora de casa? Logo na data em que as árvores armadas em casa ficam mais bonitas... O menino não nasce mais?
Foi ao supermercado comprou um tender cheia de love e muitas cerejas. O Natal é pintado de vermelho, é vida, não é luto.
Mas o Rei vai estar de azul e cheio de flores. São tantas emoções que a gente vive por mais que tenhamos quase certeza que elas se esgotaram com o tempo.
F.044.Fragmentos - Valdez
Quando se for a luz do meu olhar... Para ver os verdes campos do além, Sim, sei, não farei falta a ninguém, De saudade ninguém há de chorar.
Quando cessar no meu falar o canto, O verso, mudo, não puder cantar, Ninguém no mundo vai querer lembrar Da minha vida, meu pesar, meu pranto.
Mas se te dei algum contentamento, E se algum dia em algum momento Me viu como meu coração a vê...
Guarda de mim, pela eternidade, Pequenos fragmentos de saudade: Estes versos que fiz para você!
F.043.Finesse - Angélica T. Almstadter
Foi-se o tempo pacato da candura, a hora do recato e inocente compostura. Ficou um talho aberto pela castração, cerzido de retalho, atropelo e frustração.
Salve a meretriz que vai a luta; essa infeliz que tem fama sem ser puta! Riam sim dessa fulana, criatura hilária de quem não se sabe a cama, mas a tem por otária. Viva a doce prostituta que nesse teatro vil só conhece a labuta, e o gesto servil.
Espuma na língua infame o fel da acusação, vociferado desde o prenome, sem consternação. Bravos! Morre a míngua e não sem suspiros o sorriso com íngua, que viveu entre vampiros!
F.042.Fractais - Angélica T. Almstadter
Solto as rédeas do pensamento e deixo que ele voe para onde lhe convier, já não sou a mesma desde que amanheceu, hoje eu não posso mais conter nesse pequeno pote a vida que tenho e a que quero. Joguei os anéis, livrei-me das roupas apertadas, só quem me acompanha sem escolha é minha sombra. Sustento meu eu quase físico porque esse, miro no espelho e dele preciso para me mover entre os espaços limitados por onde eu sobrevivo enquanto vivente; meu eu subjetivo não alcanço mais de tão longe que sei estará e rindo da pequenês do meu bobo aglomerado atômico. Não sei se quem escreve é o meu eu mais presente ou o eu pensante, certamente não é o eu que me espia. Talvez o meu eu presente seja a minha pior apresentação, apesar de bem articulado e um resultado de experiências tantas que aos poucos o tem lapidado. Desmembrando minhas porções existenciais descubro que nem sempre meu eu mais pensante consegue interagir totalmente com o meu eu mais presente, o que se comunica e transporta para o mundo real as intrincadas relações existentes no mais recôndito de mim. Reconheço-me em muitas facetas, sei-me em muitas nuances e em tempos que não retenho nas mãos já que ele não se mede em ponteiros. Hoje já não consigo mais juntar as partes soltas que descobri em mim; visto-me das pessoas que tenho nas algibeiras porque essas pessoas fractais me servem de roupas adequadas nada mais. No espelho de mim, visto-me das certezas de ser para encarar a certeza dos meus passos, não há espaços vazios, desconhecidos sim, vazios; nunca. Meu eu infinito, aquele que engloba a minha verdadeira essência mora no altar das divindades, já que como essência é divina e forjada a semelhança do Criador, é a porção que nem o meu eu mais sutil alcança. A distância que separa o eu bruto do eu infinito é puramente física para os meus olhos. Muitos encaixes me contêm, muitos moldes se ajustam a mim e só me reconheço nessa malfadada carcaça, embora sinta as múltiplas dimensões que me cercam. Talvez tenha sido talhada para enxergar essa imagem unidirecional refletida e chapada sem questionar, mas eu vou além; tateando pelo escuro, sentindo as sensações, cheiros, volumes e pensamentos que reconheço volitando no meu entorno até descobrir que não me caibo mais nessa meia verdade que o mundo aceita de mim.
F.041.Fragmentos de Zeina - Lucelena Maia
Ninguém, que teus olhos veja
a imagina lânguida, a lamentar,
pois onde quer que tu estejas
existe um raio de sol a brilhar.
E segue feliz, correndo o mundo
- às gargalhadas, com os amigos -
mulher inteira, sentimento profundo
da própria vida, faz mil artigos...
Sim, tu és a rainha da boa energia
na prece cultiva o aprendizado
soma-se às virtudes, com sabedoria
rascunha o dia e segue o traçado.
Por isso, amiga, tens meu respeito
jamais me imagino sem tua amizade
são tantos os anos e tantos os feitos;
nossas almas são irmãs de verdade.
Que as bruxas não saibam de ti, Zeina
morreriam de inveja de teus feitiços
só um ser bem-resolvido, vive e reina
com a alegria de quem é insubmisso...
F.040.Fuga Permitida - Lucelena Maia
Pensamento, vá! Chega de aprisionar-te
a esse falso juizo de liberdade,
de que preenches sentimentos e vontades
e estás nas lacunas do meu sonhar...
Eu sei, tu ficas a velar-me o rosto,
a zanzares por minhas carências
onde o sol e a lua já não são tendência
porque tornei-me ser zangado e indisposto.
Por isso, vou manter a porta aberta
deixar-te ir de mim e de meu imaginário
dar-te liberdade e libertar-me do cenário
onde crio fatos e ações de forma incerta.
Pensamento, dou-te fuga. Vá!
E, ainda que eu o clame a ativar a fantasia
diante de minha fraqueza e verborragia,
não voltes, nem acredites no meu bê-a-bá...
F.039.Formas e sentimentos - Douglas Farias
O começo e o fim
A chegada e a partida
O ganho e a perda
A ansiedade e a decepção
Formas e sentimentos
Que causou em mim
Feliz por te conquistar
Triste por te deixar
Grato por chegar
Amargurado por partir
Emoção em ganhá-la
Dor em perdê-la
Ansioso te procurei Tanta procura e te achei
Mas consegui te perder
Decepcionado fiquei
Formas e sentimentos
Que causou em mim
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