quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A.190.A mulher do especho - Elcimar Reis


Novamente me encontrei em um paradigma, em caminhos opostos, em questões indecifráveis.
Lá estava; do outro lado do objeto refletor, igual à mim, perfeita, usando as mesmas roupas;
o mesmo olhar, a mesma expressão de dúvida; de confusão. Como podíamos ser tão iguais?
Complexas e extremamente diferentes em tudo?

Para mim, o mundo era simples, composto por sentimentos, emoções e aquilo que conseguimos retirar dos mesmos.
Absolutamente nada mais do que a simples ternura. Para ela, aquela que estava vendo, o mundo era superficial;
voltado para as aparências, para a dramaturgia, um mundo em que podíamos ser quem quisemos.
Imitar quem quisemos, e ter a vida de quem quisemos.

Não somos assim!... Cada pessoa, possui sua ideologia, sua questão de vida, sua visão, seus olhos sobrenaturais.
Não podemos ser iguais. Existe do próprio ego existencial da humanidade, a necessidade de ser diferente; de formar diferenças.
Ela, quem estava vendo através do espelho, não era eu. Era outra pessoa, alguém que de algum modo não gostava mais, não me identificava.

Foi aí, então, que decidi me mudar, e seguir os meus sentimentos, que há muito estavam pulsando dentro de mim, em busca da liberdade,
em busca de uma pequena luz da qual pudesse sair e sobressair ao mundo.

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