quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
M.175.Mariana - Lucas Menezes Maida
Quando eu vi Mariana
Na sua forma mais linda
Não percebi que ainda
Estava cercada em liberdade
Eu, que bebia na sua fonte
Carrego escombros túrbidos
E os meus ombros úmidos
Se enfraquecem de saudade
O Sol que arde dentro de nós
Justifica essa sobrecarga
A foz, a voz, avós a sós
Inundam essa vida amarga
Se, no seu passo tímido, eu encontrei paixão
É porque seu ritmo me engana
Rio doce que me afoga de sal, hipertensão
A vida insiste em continuar, Mariana
No seu vestido terracota escuro
Eu escorri como dois rios inteiros
Sem direção, contramão
Ação de um empreiteiro
Você virou minha obra mais bela, Mariana
Construída pelo Pai, pela Mãe
Pelo Espírito Santo
Amém e amem
Destruiu hectares de acalanto
O que restou da nossa vida leve
Vida louca, vida breve?
Leva uma vida bela
Como uma chuva que escreve
Eu sem você, Mariana
É uma família sem casa
É uma cidade sem água
É uma nódoa sem mágoa
É um pescador sem o peixe
Agricultor sem o feixe
Um Índio sem tribo
Farinha sem trigo
Mariana foi um rio que passou em minha vida
Assim, efêmera, líquida
Não mais insípida, tampouco incolor
Inodora, e agora?
Mariana, você roubou o meu amor
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