quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

P.007.Partida - Clelio Carreira

PARTIDA CLELIO CARREIRA
Muitas vezes ouço o choro sentido da minha pobre e triste alma
olho dentro das minhas lembranças
vejo-a caminhando em direção à porta de saída
seus passos são rápidos,
como se quisesse com isso abreviar a partida
é o seu ir-se de mim
é o buscar do seu eu para um alento
é o fugir sentido do que julga perdido
Vejo-a sempre assim, indo nas minhas partidas
Seus cabelos vão perdendo o doce brilho na distância
Vejo seus olhos em pequenas contidas gotas de lágrimas,
olhos mareados, aperto no peito, dor.
O amargo do sal tange os lábios cerrados
acelera os passos, e vai, seu corpo físico vai
mas você fica, em mim
misturam-se nossas dores, nossos lamentos
o cheiro da sua pele forma uma auréola protetora
impede que me mova, unimo-nos
sua boca quente ainda toca meus lábios
ouço seu respirar
Você entra em meus poros, em minha narina
em minha alma frágil
sufoca-me de sentimentos imprevisíveis de doces carinhos,
sufoca-me de tão intenso amor
a angústia do partir é envolvente
perco-me no seu eu
a vontade é de ficar, de não ir, de não deixar
nosso físico se afasta, eu vou, você vai
vamo-nos assim, tão definitivamente, sem rumo
vamo-nos assim, sem nada de nós, com tudo de cada
tudo é choro, tudo é água salgada
de tantas partidas, fez-se o mar
separamo-nos
não mais a vejo
é a dor de irmos

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