terça-feira, 31 de outubro de 2017
Crônica.M.003.Meu amigo, meu grão de areia - Lyrio do Valle
Será você, jovem, tão poderoso e forte, que independa
da inocência das crianças, o inconformismo dos adolescentes,
da ousadias dos próprios jovens, da intolerância dos adultos
e sabedoria dos idosos?
Não.......
Vou lhe contar uma história, que por sua vez, me foi contada
por um triste grão de areia, que felizmente, encontrei em
uma das muitas praias de minha vida.
Disse-me o grão de areia, que morava tranqüilo em uma
linda montanha, a mais bela entre todas.
Cheia de vida. Muitas vidas. Muito verde.
Animais e plantas de todas as espécies, água em abundância.
Um paraíso.
Porém, um dia, esta montanha, cheia de orgulho e se
sentindo toda poderosa, falou para que todos a ouvissem:
- Eu sou a mais linda das montanhas, a rainha e nada
poderá me destruir, me remover.
- Sou mais poderosa que o vento, o sol, a chuva e o frio, juntos.
O vento, que por ali passava, ouvindo isso,
triste e ofendido, procurou o sol, a chuva e o frio,
para contar o que havia sucedido.
O sol, com todo o brilho e calor, falou humildemente:
- Sim, ela é mais poderosa do que todos nós, juntos.
- Juntos, lhe damos calor, alimentamos as suas fontes,
lhe damos o que beber, permitimos que se refresque
e alisamos suavemente a sua face, com carinho e amor.
- E ela, sabe muito bem disso.
- Vamos então, um a um, aparentemente fracos, enfrentá-la.
Todos se indignaram, porém resolveram aceitar a
sugestão do sol; e assim, o vento, a chuva e o frio,
se afastaram e deixaram ao sol, a primeira batalha.
Ele brilhou constante e fortemente por muito tempo.
Sozinho. E deste modo, as matas quase desapareceram,
os rios secaram e os animais buscaram outras áreas onde viver.
A seguir, o sol se recolheu e deixou ao frio, a segunda batalha.
" Pouca coisa resistiu ao frio intenso, a vegetação que pouco Restava, morreu; as poucas águas aos lagos se congelaram e a vida começou a morrer nesta montanha."
O frio, tendo cumprido a sua tarefa, deu lugar ao vento,
que despiu essa montanha de tudo quanto a protegia,
e a cada dia, se tornava mais fraca.
Vulnerável. Desnuda, e sem qualquer resistência,
esta montanha orgulhosa teve que enfrentar a chuva,
que veio intensa e corajosa, pronta a retirar,
grão a grão, a terra que a natureza, com suas leis
havia provido de tanta beleza, tanta vida, para reduzi-la
simplesmente em uma planície, e ter, cada uma de
suas partes, seus grãos de areias espalhados pelos rios,
mares e oceanos.
Um pouco dela, para contar à todos os homens,
o destino que orgulhosamente, escolheu para si.
Nós, que nos sentimos tão poderosos e absolutos,
nos esquecemos da dependência que temos de todos
que nos cercam e nos auxiliam, por menos importantes
que possam parecer.
Somente seremos forte, quando estivermos
firmemente unidos.
Fieis aos amigos que nos cercam.
Simples, como um grão de areia
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