quarta-feira, 10 de maio de 2023
T.060.Tenho medo - Angélica T. Almstadter
Tenho medo de não ter medo,
E avançar o mundo das misérias,
Me perder na fila da fome,
E sem medo de desvendar segredos;
Ser condenada ao degredo,
Exilada na palavra,
Caminhar sobre brasas acesas,
Ser depósito de esperanças cegas;
A nadar de peito aberto, sem nunca espraiar
Tenho medo de ter medo,
E não denunciar a violência que campeia,
Pactuar com a demência que me rodeia,
Ser um verbo mudo;
Um folhetim barato, anônimo,
Sem nome e sem pseudônimo;
Me ver confundida na multidão calada;
Ginuflex a e mãos atadas
Olhando para o nada.
Tenho medo da omissão,
De não ser ponto de referência,
De perder a paciência,
De me ausentar da obrigação;
Fazer pouco caso da minha razão
Me alienar da verdade,
E prostrada na ansiedade
Perder minha identidad
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário