sexta-feira, 23 de maio de 2014
L.009.Lindinha - Affonso Romano de Sant!ana
É linda, é vida, é mulher
essa pequenina mariposa
que, clarinha, pousou
na folha branca de papel.
É linda, é vida, é mulher.
Parece a cinderela,
alguém em traje de noiva,
tão quieta, embora.
Na cabeça uma coroa.
Com seu manto de rainha
mexe as anteninhas. Para mim ?
Querida:
não és bruxa preta do poeta,
o corvo escuro,
a mosca azul do poeta.
Que mensagem me trazes ?
Escrevo entortando a frase, a letra
para não te machucar.
Não ser zoólogo para entender-te,
saber tua espécie,
teus anseios, ó lindinha,
vai, voa, leva meu afeto
ou, então, fica tranqüila
enquanto folheio coisas já escritas
ou em silêncio escrevo
para daqui não te apartar.
Paro de escrever. Te observo.
Se eu vivesse no campo
como São Francisco
que belos amigos faria !
Entre uma folha e outra,
entre um minuto e outro
um ser vivo pequenino, como eu,
se instalou defronte a mim.
Querida:
não és bruxa preta do poeta,
o corvo escuro,
a mosca azul do poeta.
És pequenina,
és linda, és vida, és poesia
e, certamente, mulher ...
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