segunda-feira, 26 de maio de 2014

L.025.Lenta Esperança - Nelly Todeschini Cantele


Ouço a vida lá fora
murmurar
seu murmúrio incansável
sem parar.
vejo o verde renovar sua esperança
de que a vida possa sempre dar
seus dias
suas noites
seu luar
e, no entanto aqui dentro
é às vezes difícil continuar...
Olho ao redor
e vejo tanta fome
tanto olhar pedindo coisas
tão pequenas, tão imensas,
como amor
como fé
como carinho,
tão fáceis de se dar
e, no entanto tão difíceis de alcançar
E então eu choro por ver tanta carência
em almas que nasceram para amar
e, num mundo que prima pela ausência
só conseguem odiar
E então eu choro de pena
de mim mesma
por não poder encher a vida
da esperança que um dia
o mesmo céu
o mesmo sol
o mesmo luar
possam cobrir um mundo
bem melhor
onde esta mesma esperança
tão lenta, tão pequena,
tão humilde e paciente,
não tenha sempre que esperar
pelo amanhã, anônimo e ausente
pra finalmente conseguir entrar.

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