segunda-feira, 30 de novembro de 2015
M.016.Metamorfose - Bruno Kampel
Eram portas de abrir as que buscava e não sabia
cansado de fechar a entrada com cadeado a cada dia
e essas portas abriram-se caladas num convite
e sem aceitá-lo fechei-me bem trancado como sempre
até que pressentindo a chegada do impossível
finalmente encontrei-me na saída de mim mesmo
e munido do valor dos que perderam a inocência
dei então o derradeiro e decisivo passo de gigante
e num salto mortal e irreversível, como um grito,
declarando a minha última vontade, como um morto,
desisti de abandonar a luta, como um Homem,
enterrando os dissabores de azedos sabores
e inaugurando um novo tempo, em que o verso
fosse o argumento irrefutável do que digo,
e os textos, a rima elaborada do que penso,
e o gesto, uma ponte tendida, que rendida aos pés
dos trapézios deste circo que é a vida, mostre como,
acrobata ilustrado da sobrevivência cotidiana,
escorreguei para dentro de mim, rosnando como um pássaro,
e levantei-me para sempre, trinando como um lobo.
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