segunda-feira, 30 de novembro de 2015
M.018.Mil e Uma Cartas de Amor - Silvana Duboc
Já te escrevi mil e uma cartas de amor
não sei exatamente quais chegaram ao seu destino
mas todas percorreram o mesmo caminho
e tentaram me levar até você
Mas pra que...
se nem ao menos você se deu ao trabalho de me responder?
Mandei cartas com juras
cheias de ternuras
Cartas eróticas
com um pouco do meu gozo
que acontece distante de você
mas estampa no meu rosto
o meu prazer
Já enviei cartas malcriadas
desaforadas
perguntando a razão do teu silêncio
Cartas intempestivas
tocando em feridas
que abrimos um no outro
Mandei cartas de desgosto
contando de mim
mostrando assim
o tamanho da minha agonia
Postei cartas de alegria
quando queria te provar
que a tristeza eu já havia mandado enterrar
Cartas carinhosas, gostosas
relembrando alguns momentos
que nem o tempo pôde apagar
Mandei cartas enlouquecidas
dizendo que a minha vida
perdeu a razão
diante da nossa atual situação
Enviei cartas recheadas de emoção
linhas que qualquer um gostaria de receber
Escrevi cartas só pelo prazer
de delicadamente te dizer
Eu te Amo!
Enviei cartas cheias de planos
de como seria nosso reencontro
Depois fiz um balanço de todas elas
tudo que eu havia escrito
um resumo
um rabisco
na dúvida
em cima dele um risco
e te mandei...
Dizia apenas assim...
Volta pra mim!
Era só isso que eu tentava em todas as cartas te dizer
e perdi tanto tempo insistindo em te escrever...
Sei que mais uma vez
resposta eu não vou ter
que por conta disso meu coração vai adoecer
mas antes morrer no vazio das tuas palavras
do que, das minhas, me tornar escrava.
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