segunda-feira, 9 de dezembro de 2019
M.049.Maria - Adelmar Tavares
Maria, flor de açucena,
Era uma companheirinha,
De escola, que outrora, eu tinha.
Eu pequeno; ela pequena.
Muito branca, muito triste,
A fronte sempre pendida,
Como quem sonha na vida,
Ventura que não existe.
Uns grandes olhos parados,
Mansos, doces, luminosos,
Dos seus mundos encantados...
Eram-me duas auroras,
Aqueles olhos tristonhos,
De dia, enchendo-me as horas,
De noite, enchendo-me os sonhos;
Quando com a mão pequenina
Ela o seu nome escrevia,
Eu lhe falava: "Maria,
Em mar, meu nome termina,
E em mar o teu principia"...
E um dia...Lá veio um dia,
Que o mar afastar-nos veio.
E eu parti por mundo alheio,
Sem nunca mais ver Maria.
Nunca mais vi o cantinho
De mundo, daquela vila,
Pousada, branca, tranqüila,
Como uma pomba no ninho...
Maria! Flor das Marias!
Ainda te sinto a fragrância,
Anjo Bom da minha infância,
Amor dos primeiros dias!
Que mão te haverá colhido?!
Que vento te arrebatado?!
Terás um lar perfumado,
Ou algum túmulo erguido?!
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