segunda-feira, 9 de dezembro de 2019
M.051.Mergulho - Dayse Maria R.Moraes
Aqui não caberão estrelinhas ... Ainda não é noite...
Ontem vivi momentos de ausência , não do espaço geográfico da Terra, nem dos meus próprios espaços territoriais,
mas ausente nos meus espaços internos definidos ...
Imagina o que seja mergulhar ?
Não em águas tépidas ou geladas, não visualizando peixinhos dourados
e algas vermelhas, mas aqueles mergulhos que se dá vez
por outra dentro de nossos próprios mares...
Cuja visão mais espetacular é a da existência simples e sua.
Seja uma existência de brilhos e luzes brancas,
ou de profunda luz azul que nunca permite a escuridão em sua totalidade.
Um mergulho ....
Deparar-me com imagens distorcidas e confusas,
e outras floridas exalando até perfume que desconhecia.
Apenas um mergulho dentro de mim mesma.
Parece simples não é?
Saiba... não é simples...
Há pessoas e pessoas como afirmo, e eu me coloco na condição,
de pessoa mais pessoa...
Não sou um conjunto isolado de pensamentos e sentimentos...
Minha existência não é assim individual, porém é crítica...
É profunda...
Talvez como somente quem tem dentro de si o mar possa ser...
Na ânsia da compreensão, na busca de uma integridade,
especial e verdadeira, parti a ponta de um termômetro infantilmente.
Loucura parece? Talvez seja mesmo...
Mas entre todos os metais que existem na natureza ,
e diria até entre todas as substâncias químicas naturais ,
é o mercúrio o único que conheço capaz de unir-se
sem a ajuda das mãos externas. Parte-se em pequenas gotas e une-as...
Por força sua, própria, interna molecular...
Era essa a minha procura.
Fiquei por horas a observá-lo em sua sabedoria suprema.
De unir-se, sem remendos, sem cicatrizes, sem marcas, independentemente da força que em partes o tenha repartido...
Sem cicatrizes e rachaduras...
Inteiro.
Reconstituído em sua forma mais simples como seja a sua própria forma.
Há algo mais simples que isso ?
O que se é, apenas ?
Foi um difícil mergulho, pelas escuras grutas de pedras profundas,
pelas águas geladas das correntes frias vindas não sei de onde ,
pelas águas mais superficiais aquecidas pelos
raios do sol, pelos caminhos acompanhados de cardumes e cardumes de diferentes
espécies de peixinhos que seguem apenas seu destino.
Um caminho que se vai seguindo dia a dia, como quem nada pode fazer para mudá-lo.
senti medo?
Sim...
Muito talvez...
Difícil afastar-se das palavras. Sejam de ouvi-las ou pronunciá-las,
mas não se pode mergulhar e ao mesmo tempo falar ou ouvir...
Nem tampouco retornar a superfície,
sem que o tempo necessário para emergir se cumpra.
Para tudo há um tempo.
A primeira lição talvez...
A segunda como sobreviver a este tempo,
sem angustiar-se pelo medo do afogamento ...
Difícil lição a aprender em tão curto espaço de tempo...
Tudo parece confuso e no entanto não é,
quando a visão é a de si mesmo.
Quando os limites são os impostos pela sua condição de suportá-los
quando tudo torna-se claro como todas as águas são,
independentemente de quanto lixo joga-se sobre elas.
Basta que dela sejam retiradas todas as impurezas ,
e novamente clara ela será.
Límpida e essencialmente pura.
Uma reconstituição complexa sim,
onde cada molécula deverá ocupar seu lugar, gota a gota .
Por vezes até com alguma perda como sejam em nós humanos,
o exteriorizar e materializar os sentimentos,
em pequenas gotinhas de lágrimas...
Retornar...
Ao final ver novamente o sol.
Emergir de um escuro que não assusta quando é seu.
Sentir todos os perfumes e identificar aquele que lhe
era desconhecido , como sendo especial.
Diferente de todos os outros por ser particular.
Assistir o vôo das gaivotas ao final da tarde.
Ouvir o som de todas as ondas com a mesma tranqüilidade.
Sejam seus sussurros ou seu estourar-se nas pedras...
Apenas sentir a vida.
E retornar do mergulho assim.
Inteira.
Pura em todas as minhas estruturas .
Um elemento da Natureza simplesmente .
Uma parte integrante do Universo!
Um elemento conhecedor do amor...Aquele seu próprio e único.
Um elemento conhecedor de si mesmo, e de todos os seus limites...
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