segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

M.056.Mar, salgado mar - Celito Medeiros


(Eu) Por que dizer que és enorme
Por que dizer que és forte
Se teu rugido às vezes frenético (e sensível)
Me dá força e me faz poético.
Tuas ondas são como alavanca
Dizendo ao povo que não se manca
De lidar sempre com muito jeito.
(Ele) Oh! Grande lençol de brisa constante
Lanço um cordel de linha espumante
Dizendo estou aqui minha gente
Não corro, não me arredo, sou forte.
Ainda que me lancem um impiedosa sujeira
Estou me livrando desta simples maneira
Devolvendo o pouco que posso.
Estou lançando apenas meu lamento
Dizendo que quase não mais agüento
Tanta injustiça com seu amigo mar.
Por que me odeiam tanto assim?
Não gostam de olhar para mim,
Sentindo ainda minha beleza?!
Parece fazerem de meu espaço
Um rodeio que com seu laço
Me prendam na podridão!
Já dei vários avisos dessa trapaça
Da imundície que me abraça
O pavor que sinto com isto.
Mas parecem ignorar
Que este velho lobo mar
Ainda quer sobreviver!
Me ajudem enquanto posso
Impedindo este colosso
Poluente que me afoga.
Mas parece que ainda é moda
Lançar em mim toda tragédia
Dos rejeitos não mais em voga.
Espero... soluço... até choro!...

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