segunda-feira, 24 de julho de 2023
M.141.Meu mundo - Um Poeta Vagabundo
Cidade nua
mãe desnaturada
de filhos pródigos
das ruas estreitas
nasce a poesia
do córrego sujo
brota uma semente
sem futuro, sem passado...
alma vazia
cidade nua mãe de vários
criaturas estranhas
na boca do crack
morre a esperança
na calada da noite
nasce a poesia
vive o romance
renasce a esperança
deixa viver
um sonho real
em algum lugar
de asfalto quente
e concreto cinza
um mundo!
Imundo!
Meu mundo
M.140.Manifesto ao silêncio - Um Poeta Vagabundo
Quatro horas da manhã
ouço o barulho da madrugada
na escuridão do meu quarto
não consigo dormir
e na imensidão do vazio
o som dos trens de carga
que levam o gado pro trabalho
me faz lembrar que estou no subúrbio
dia a dia adia meus planos
o futuro é tão incerto
oque hoje é floresta
amanhã será deserto
os cachorros vadios iniciam o latido coletivo
mais uma gata esta no cio
firmas anunciam os primeiros sinais de um novo dia
que pros pobres operários tanto faz
os dias são sempre iguais
porcas, arruelas e engrenagens
peças de um sistema escravagista e opressor
que agride com mãos de ferro
invisíveis e impiedosas
limitam a liberdade
transformando tudo em atitudes pré-determinadas
pelas revistas, filmes e programas de tv
criadores de conceitos, padrões e modas
fazendo girar a engrenagem
da maquina gigante e a prova de fuga
M.139.Marina de Luisa - Eliane F.C.Lima
Moravam em uma casinha rosa em, cidade do interior. Faziam doces e salgados para fora: festas, bares e restaurantes. Não ficariam ricas, mas viviam bem, a ponto de ajudar muitas pessoas desvalidas da cidade. Eram muito queridas de todos. Conhecidas como Marina de Luísa ou Luísa de Marina. A primeira era mais comunicativa, um enorme senso prático. Luísa, mais retraída e meiga. Igualmente procuradas, ajudavam a quem necessitasse. Na rua, eram paradas a todo instante, cumprimento de um, abraço de outra, velhos e novos, crianças agarradas às pernas. A todos, um carinho, um prato de comida, uma dentadura necessitada, uns óculos para perto; cadernos, lápis e livros didáticos para os pequenos. Viviam batendo à sua porta. Até que Marina deixou escapar para pessoa amiga e íntima, a quem já haviam tirado de grandes dificuldades, que ela e Luísa dividiam o aluguel, a comida e a cama. Foi o escândalo da cidade. Mas elas não ficaram sabendo. Nenhum dos que vinham a sua casa se salvar dos naufrágios veio avisar de que a cidade toda murmurava sobre elas. E todo mundo sumiu. E as encomendas dos restaurantes, dos bares e festas. Viram-se mal as duas, assim de uma hora para outra. Tentando achar a resposta, Marina chegou, finalmente, à revelação. Sem solução, a moça resolveu oferecer o que faziam em cidade maior. A despesa aumentaria com a passagem do ônibus caro, mas não havia solução. Embora o trabalho e cansaço para se fazerem conhecidas como quituteiras, no final, a coisa acabou saindo melhor do que antes. Vendiam mais e mais caro. Como as questões materiais são mais prementes que as morais, os problemas financeiros tornaram a bater à porta dos moradores da cidadezinha, logo, logo, e eles deixaram a intolerância de lado. Um pedidozinho aqui, outro acolá, e começaram a voltar. E passaram – para não se comprometerem – a chamar Marina ou Luísa “da casa rosa”. As moças não se negaram a atender. Mas Marina, por uma questão prática, convenceu Luísa a se mudarem para a outra cidade.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
M.138.Magister, minister - Eliane F.C.Lima
Às vésperas de se aposentar teve uma surpresa. Começou a desconfiar que um aluno seu, adolescente inteligente, bom aluno, estava apaixonado por ela. Sabia bem que havia um abismo ético entre os dois. Mas não podia deixar de sentir vibrar a vaidade e uns sonhos, bem guardadinhos: o final do curso estava chegando e, no ano seguinte, ele não seria mais seu aluno. Quando pensava nisso, porém, uma grande vexação tomava conta dela, alguma coisa como uma sensação de incesto, talvez. Tinha de abafar correndo os sentimentos e pensar noutra coisa. Como capim teimoso que a gente arranca, mas volta, a ideia renascia e ela se deixava levar. Algumas vezes até se surpreendeu aos beijos com o menino, tudo em sonho, é claro. De novo, pisava em cima. Logo ela sempre tão profissional, zelosa de sua imagem, evitando sempre envolvimentos afetivos com alunos. Na aula, algumas vezes, ao lembrar daquilo, quase se atrapalhava e já evitava olhar para o lado dele. Era como se toda a turma soubesse. Sentia um alívio quando a aula terminava. Em outra sala, já, lá vinha ele e pedia para assistir, porque estava em tempo vago. Foi assim que a desconfiança se instalou no coração dela. Pela insistência do jovenzinho, buscando-a por todos os lugares. Chegou até a surpreendê-lo no corredor, na hora do recreio, olhando para ela, conversando na sala dos professores. Teve medo que alguém percebesse sua atitude. Já tinha elaborado um discurso, professoral, mas condescendente, se ele acaso se declarasse. E repetia todos os dias, no caminho de ida, como um mantra. Discurso de convencimento do aluno ou de si mesma? Naquele dia, quando ia andando pelo estacionamento, o rapaz estava parado no meio do caminho. Tremeu da cabeça aos pés. Tentou manter um ar controlado, o que foi quase impossível, mais adolescente do que ele. - Professora, posso falar com a senhora? – ouviu a madura senhora, sem conseguir articular palavra – Tenho uma profunda admiração pela senhora... - Meu filho, fico muito envaidecida... - já ia começar a professora a desfiar o que tinha decorado, mas foi interrompida. - Por favor, eu preciso falar, senão perco a coragem. Tenho tendado falar com a senhora esse tempo todo, mas nunca consigo. Estou apaixonado pela Amanda, sabe, aquela sua aluna da 1305. Sei que a senhora gosta muito dela e acho até que de mim. Será que a senhora pode me apresentar a ela? Será que a senhora pode falar bem de mim para que ela queira me namorar? Olhe, o ano está terminando, logo, logo, a gente não se vê mais e não vou ter mais chance. Não tive coragem de falar com mais ninguém, o pessoal ia rir de mim, mas sei que a senhora é séria, tão amiga... Uma voz que ela não reconhecia, falou que sim, que ele ficasse tranquilo, ela ia ver isso na próxima aula. Uma boca que não era a sua tentou sorrir, uma mão estranha bateu levemente na face do menino. E ela saiu andando, trôpega, com o peso dos vinte e tantos anos de magistério e os cinquenta de vida a embaraçar suas pernas.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
M.137.Matéria Literária - Eliane F.C.Lima
Uma vez ou outra, tinha um dia inteiro de folga, fora do domingo.
Pessoas comuns vão fazer compras, vão ao cinema, dormem no sofá, televisão às moscas.
Ela, não.
Sentava em uma mesinha de bar do lado de fora, em rua bem movimentada.
Pedia umas batatas fritas, porção grande, para durar, um chopinho, para ser bebido aos goles, vagarosamente.
Porque não era pelo bar, pelas batatas ou pelo chope que estava ali.
Era para olhar para as pessoas.
As caras das que passavam, apressadas, das que paravam.
As conversas entreouvidas, duas ou três aglomeradas.
O papo na frente do jornaleiro.
Fartava-se de vozes, de desculpas, de sorrisos, até de palavrões, tropeção dado sem querer.
Ouviu histórias inacreditáveis, confissões de amor, negócios combinados, apelido gritado por um que passava a alguém do outro lado da rua,
discussões frenéticas sobre o jogo de futebol da véspera, mentiras óbvias escutadas com credulidade por uma boca aberta.
Custava a ouvir, porém, a voz do garçom, oferecimento de mais um chopinho.
E ia ficando.
Quase noite, ia embora, a alma cheia de humanidade.
Sentava-se em sua escrivaninha e escrevia seus contos.
Mais um livro a publicar.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
M.136.Momento Ímpar - Eliane F.C.Lima
Conto escrito após a leitura do poema “Encantamento”, de Ju Rigoni, postado no blogue Fundo de mim (leia-o aqui).
A vela estufa o peito, senhora de si. E puxa o barco, alheia a tudo. Em volta, um silêncio de alto mar, de solidão completa.
Uma luz extremamente branca acima, ilumina o rosto sentado, olhos voltados para baixo.
Parece mais meditação do que navegar, mais encontro consigo do que paisagem.
Passa o vento ou passam os pensamentos? Navega o barco ou a alma? Quem estufa o peito, quem puxa o barco?
Balançando, oscila um sentimento vago e forte, ao mesmo tempo, e que ameaça derramar-se do interior e alagar o barco e fazer soçobrar e afogar o peito.
Ali está um rosto e mais tantos, que vão se duplicando nesse barco. Os olhos dois são agora mil e mais.
A luz que ilumina, outrora branca, vai ficando azul e intensamente outra.
No barco, não cabem mais os sentimentos que se petrificam em palavras e afundam no mar branco e rolam, incontroláveis, para fora da mesa.
O barco, embora grávido de poesia, veleja, veloz e sobre-humanamente, inconsciente a dentro.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
M.135.Marinha - Eliane F.C.Lima
Um navio bem negro, deslizando por um mar de chumbo. Um céu negro, borrado por nuvens mais negras.
De repente, um apito do navio. Grito de dor tristíssimo?
Tentativa de fazer-se luz? Duras vagas, menos dinâmica que estátua, onde o navio desliza negramente.
Negro céu, negro mar, negro navio.
Lentamente avança, matéria rasgando matéria, esforço de locomoção.
Mal se vê a forma.
Mal se vê o movimento. Fantasma de fantasma.
Quadro pintado, não fosse a frágil mudança.
Um raio de tempestade desesperadamente branco estilhaça em dois a paisagem ao fundo.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com
M.134.Mate um anjo - Danilo
Atenção: Foi visto, revoando sobre a cidade, um bando bêbado de anjos, banjos voadores espalhando música, espalhando pânico, espelhando medo: um bando trôpego de seres, de longos cabelos verdes, cantando canções antigas como diamantes virgens. Não há como escapar aos desatinos desta raça, que se reproduz como os insetos. Incertos serão os nossos dias e drásticos nossos rumos, se não matarmos os anjos. Não há como se enganar: são pálidos, brilham , à noite parecem estrelas e de dia flocos de algodão, nuvens vagabundas vagando no céu. E os cabelos são verdes, tão verdes que os olhos doem. Não olhem para eles. Seus olhos fosforecentes transmitem uma força mágica que transforma aqueles que os encaram. Arrebatam-nos para o seu bando, carregam-nos, alteram-nos.
Atenção: Se avistar um bando de anjos, ou mesmo um único anjo, não duvide: mate-os no mesmo instante. Não tente dialogar, pois eles são ardilosos e trarão, nos braços, cestos cheios de promessas e doces ilusões. Dançarão valsas antigas, cazntarão cantigas de outros tempos, tendo ao fundo auroras boreais. Cantarão rocks e baladas de acridoce sabor, convidando à viagem: quererão levar-nos a passear em caudas de cometas, com destino a verdevermelhos campos de morango para sempre, e nos seus cabelos verdes banjos irão se tocar: banjos loucos irão se tocar, corda a corda, dessfechando mortíferas canções sobre nossas cabeças. E eles buscarão morada em nosso ser: serão ardorosos e quentes, apossando-se de nossos velhos corpos. Pulsará então, em cada esquina, em todas as esquinas, o coração, canção mais que cantada onde a vida se fez, se faz e se fará. Em velhos blues, o grito que jaz na garganta e o que explode no rock alucinado.
Atenção: armas estão sendo distribuídas, para que não sejamos destruídos. Informamos, a todas as pessoas responsáveis, que cabe a nós a defesa das nossas vidas, das nossas instituições. Não se deixem tentar, não ouçam seus cantos de sereias, ondinas chamando para a morte camuflada em vida e prazeres, vagando na espuma. Se virem os anjos, matem-nos. Nem sempre andam em bandos, por vezes voam sozinhos buscando seduzir aqueles que estão também sós, aqueles que vivem à procura de mais alguma coisa. A estes, apelamos: não há nada mais para se encontrar , tudo que é necessário encontra-se aqui, nada existe além de nossa esfera, tudo é ilusão. Não se deixem levar pelos anjos, que têm por missão corromper-nos e tumultuar nosso ambiente. Às armas! Não deixemos que invadam nossa intimidade, nem que nos toldem a vida. Matemo-los, primeiro! Ou eles nos exterminarão.
II
Onde a vida se fez, se faz e se fará, em cada esquina do mundo , no canto de cada poeta, na corda de cada guitarra, em cada uivo desesperado retumbando pelos quatro cantos da terra, dos céus e dos infernos, o anjo persistirá, e o banjo destruidor será tocado, tocando nossos corpos amortecidos com sua luz de grande intensidade. Serão ouvidos gritos repetidos, velhos blues voltarão pela noite, o rock alucinado pairando no ar como gotas, os velhos e novos cavaleiros quatro para sempre convidando a ver a vida que se encolhe sem jeito, não onde brotou o rock nem o grito desesperado do poeta, mas onde a mão incongruente traçou a linha e onde o grito fez-se ouvir, mas lancinante como o corte de espadas que calou as medusas líricas tísicas e pálidas: lembranças de lua, cadernos de viagem, domésticas alucinações: e o inferno pulsando, ao nosso alcance. E o céu, abrindo as comportas, convidando, convidando: A viagem no dorso dos poetas, dos profetas e dos mitos. O grito desesperado, a dor cortante, o céu e o inferno estão aí: os anjos sabem.
III
Eu fui tocado pela mão do anjo. Tu foste atingido pela luz do olhar do anjo. Nós nos transformamos, pela força da música que sai da boca dos anjos. Os anjos: suas mãos pálidas, seus longos dedos, suas noites de vigília. Sua insônia, seu momento criador, criaturas híbridas adensando-se na mente e no coração, ocupando o espaço, o tempo e a memória. Nós nos superamos quando, desobedecendo às ordens estabelecidas, encaramos os anjos, não com o medo a nós transmitido pela maioria, mas com a coragem de encarar coisas novas. Nós os resgatamos, do limbo a que estavam proscritos e os recriamos. Sim, encaramos e não nos arrependemos. Nós desobedecemos, comemos o fruto proibido, por isso somos e sabemos agora o porquê de tanto medo, de tamanha repressão. Os anjos incomodam, pela carga que trazem do novo; nós não tememos o novo, entretanto. Queremos romper as cascas, as couraças, ganhando novas alturas, sem medo das turbas e das tumbas ancestrais.
Nós não matamos o ano, nem por ele fomos mortos. Nós nos transformamos, e sabemos que dos ácidos verdes cabelos dos anjos, anjos outros hão de se criar, reperoduzindo a incoerência, fazendo crescer o não comum. E das valas da vida diária, destas valas apodrecidas em que temos vivido, um fulgurante brado surgirá rasgando a madrugada, quebrando as vidraças, destruindo para recriar. E os mortos gritarão, incomodados. Gritarão em uníssono, contra esta avalanche de coisa nova, de sangue novo que vem interromper seu sono de milênios.
Eu sei, nós sabemos.
IV
Eles estão conseghuindo. Estão conseguindo! Temos que nos mobilizar contra esta praga que a nós todos perturba. Estão roubando nossos jovens, que se rebelam e pregam contra nós. Eles são poucos, nós somos muitos, mas não estamos conseguindo! É necessário que acabemos com eles; para isso vamos intensificar a caçada. Não permitam que se aproximem, pois contaminam os locais por onde andam. Não há remédio para este mal.
A cidade inteira está em gritos, em pânico com a invasão dos anjos intrusos. Pelos inúmeros alto-falantes, espalhados pelos pórticos das moradias, a voz retumba, sonora e vingativa, clamando contra os invasores. Os habitantes abandonam suas casas, invadem as planícies, as montanhas, os topos das árvores e os fundos dos rios e do mar, procurando pelos anjos que podem assumir formas várias: são nuvens de algodão hoje, pássaros amanhã; ora são peixes, ora pedras. São frutos que se ocultam no mais alto das árvores, até vento são. E as pessoas abandonam suas casas, rumo à caçada, à árdua luta contra aqueles que estão em toda parte, onipresente ameaça. E a voz se eleva, cada vez mais soturna e áspera, conclamando ao extermínio dos intrusos. O que se vê então é uma incansável guerra contra tudo: florestas sendo derrubadas, nuvens bombardeadas, pássaros eliminados, peixes asassinados, pedras pulverizados. É a loucura coletiva que se apossa da multidão, destruindo tudo à sua volta, tentando livrar-se dos anjos, do feitiço dos cabelos verdes que geram diamantes e que convidam para aincríveis viagens cavalgando nuvens, que cantam de paradisíacos campos onde a poesia brota, cresce e se avoluma, transpirando pelos poros da vida, poema do dia a dia.
V
Eles, no entanto, reproduzem-se como os insetos e no pulsar de suas asas pulsa o sangue da vida, pulsa o novo: são crisálidas, grtávidas de luz, transformando os habitantes em fogueiras vivas. Dos seus cabelos verdes anjos outros hão de se criar, apesar da caçada insana. A idéia do anjo, guardada em sua pluriforma é a sua própria essência: não há como escapar à magia desta raça.
VI
Eu ouço falar de anjos, ouso falar de seus verdes cabelos e dos dimantes que brotam, virgens, de suas gargantas. E da luz irradiada pelos seus olhos. Além deles, o que nos resta? Uma cidade revolvida, florestas destruídas, rios secos, céus de chumbo, pássaros mortos, gente e gente cansada tentando eliminá-los. Numa luta inútil, já que eles não desistirão.
VII
Atenção: Declaramos cessada a temporada de caça aos anjos. Reconhecemos que nossos esforços foram inúteis;não há como detê-los e já não nos importa o que possa acontecer. Não sabemos que rumos tomar, sabemos apenas que incertos serão os nossos dias e drásticas nosssas vidas. Mas, definitivamente, não há como escapar aos desatinos e fascínio desta raça, que se reproduz como os insetos, derramando sobre nossas cabeças imagens candentes de sonhos, que há muito havíamos suprimido. Resta-nos apenas o retorno às nossas habitações, sentindo no ar este acre odor poesia e de música, penetrando em nossas carnes como adagas frias e impiedosas: estas marcas do anjo.
sobre a obra
texto escrito em 1983, inspirado por um grafite " Die Angels" e por um verso de Rilke, in " Elegias de Duino"
"Quem, se eu gritasse, eentre as legiões do Anjos me ouviria? E mesmo que um deles me tomasse inesperadamente em seu coração, aniquilar-me-ia sua existência demasiado forte. Pois que é o Belo senão o grau do Terrível que ainda suportamos e admiramos porque, impassível, desdenha destruir-nos? Todo Anjo é terrivel. E eu me contenho, pois, e reprimo o apelo do meu soluço obscuro"
M.133.Memórias - Carlos Drummond de Andrade
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
M.132.Meu pranto - Rose Mary Sadalla
Fechei as portas do meu passado
Para que meus sonhos não ficassem lá fora
Meus sentimentos são maiores que minha vontade
E nada posso fazer para controlá-los
Meu corpo ganhou o mundo e não se encontrou
Minha voz esqueceu-se em meus prantos e lamentos
Minha alma perdeu-se de mim no infinito e espalhou-se
Sufoco meu pranto nas canções que me lembram de ti
Sinto tua saudade e choro por meio do silêncio
És o tudo do vazio que tua falta me atormenta
És a minha luz que apagou-se na dor do meu amor
És a essência da minha vida que perdeu-se no infinito
Sempre serás o sonho que apagou e tornou-se frio
Esquecendo lá fora os ventos quentes de Agosto
Que poderiam me agasalhar e acariciar o meu amor
Minhas súplicas são lágrimas de pedras em desespero.
Medrou-se na minha dor me abandonou meu grito sangrou.
M.131.Meu anjo - Machado de Assis
Foste a rosa desfolhada
Na urna da eternidade
Pr’a sorrir mais animada,
Mais bela, mais perfumada
Lá na etérea imensidade.
Rasgaste o manto da vida,
E anjo subiste ao céu
Como a flor enlanguecida
Que o vento pô-la caída
E pouco a pouco morreu!
Tu’alma foi um perfume
Erguido ao sólio divino;
Levada ao celeste cume
C’os Anjos oraste ao Nume
Nas harmonias dum hino.
Alheia ao mundo devasso,
Passaste a vida sorrindo;
Derribou-te, ó ave, um braço,
Mas abrindo asas no espaço
Ao céu voaste, anjo lindo.
Esse invólucro mundano
Trocaste por outro véu;
Deste negro pego insano
Não sofreste o menor dano
Que tu’alma era do Céu.
Foste a rosa desfolhada
Na urna da eternidade
Pr’a sorrir mais animada
Mais bela, mais perfumada
Lá na etérea imensidade.
M.130.Meus olhos vêem melhor se os vou fechando - William Shakespeare
Meus olhos vêem melhor se os vou fechando.
Viram coisas de dia e foi em vão,
mas quando durmo, em sonhos te fitando,
são escura luz que luz na escuridão.
Tu cuja sombra faz a sombra clara,
como em forma de sombras assombravas
ledo o claro dia em luz mais rara,
se em sombra a olhos sem visão brilhavas!
Que benção a meus olhos fora feita
vendo-te à viva luz do dia bem,
se a tua sombra em trevas imperfeita
a olhos sem visão no sono vem!
Vejo os dias quais noites não te vendo,
e as noites dias claros sonhos tendo.
M.129.Meu Pai - Pastorelli
Embriagado ele não perdia a consciência. Lembrava-se de tudo o que havia feito e dito. Parecia que o álcool desobstruía o seu inconsciente, onde há muito tempo guardado no sótão da sua vida, estava o porquê de agir como agia.
O que não conseguia dizer sóbrio, não sei por que motivo - talvez timidez, acanhamento, inferioridade ou mágoa - alcoolizado ele soltava a língua e toda a sua dor vinha à flor da pele. Não precisava do álcool para incutir, para ter coragem. Pois certa vez, estando sóbrio, defendeu-me a ponto de se atracar com um sujeito maior que ele. Fato que muito me deixou contente. Foi como se tivesse dito que me amava.
A partir de então, passei a vê-lo com outro olhar, de outra maneira, e penso, comecei a compreendê-lo melhor. Ele não era de muitas palavras, falava quase nada. Era preciso ler nas entrelinhas dos seus gestos, nos vãos dos teus olhos, como dizia minha mãe: ”É só olhar nos vãos dos teus olhos para saber se mente ou não”.
Um moleirão, do meu ponto de vista, eu, que sempre o comparava com os tios, passados todos esses anos, mais de vinte anos da sua morte, repensando a vida percebo que o compreendia e ele sabia disso, mesmo não dizendo a ele.
Era um acomodado – e este jeito de ser foi à única coisa que herdei dele - mas não era covarde. Não possuía ambição, muito menos inveja. Apenas ressentia-se de algo que nunca descobri.
Em sua visão modesta, o que tinha era suficiente. Para que querer mais? Não tinha jeito e não sabia ser carinhoso. Criado num ambiente rude, sem carinho nenhum, a maior parte da vida sem os pais, viveu a adolescência e a juventude sob o comando férreo do irmão mais velho. Talvez, isso era o motivo do seu ressentimento.
A meu ver, seus dois maiores defeitos foram: não ser ambicioso e o impulso desenfreado pela bebida. Não ter ambição até que não é defeito, porém, beber, ah! Este era terrível. Todo o dia chegava meio embriagado. As sextas então! Por ser dia de fundição, serviço pesado, terminava mais cedo, ele e os amigos, principalmente se tudo corria bem, sem acidentes ou atraso no planejado, iam para o bar festejar o dia bem sucedido.
Ah! Chegava em casa trançando as pernas, falando pelos cotovelos, repetitivo, xingando, blasfemando, nunca se referindo à mulher e aos filhos, sempre aos parentes, acusando-os da vida que levava. Quantas vezes à mesa, suado, sujo, fedendo, querendo jantar. E, enquanto esperava a mulher esquentar a janta, dormia sentado. Chegava a passar a noite assim, quando não escorregava para o chão. A mulher e os filhos não tinham força para levá-lo para a cama. Um homenzarrão de quase dois metros, uns oitenta quilos ou mais, como tirá-lo do chão? Ali ficava. A única coisa a fazer, era jogar um cobertor por cima dele.
O mais espantoso era seu relógio biológico. Todo o dia no mesmo horário, antes de todos, ele acordava. Tomava banho, fazia café, buscava pão, alimentava-se e saía pro trabalho. Todos os dias. De segunda a segunda.
A mulher mordia-se de tristeza. Para ajudar no orçamento, pedalava sua máquina de costura, cuidava da casa e dos filhos, não deixando faltar nada. Ele não gostava de vê-la costurando para os outros. Ela se angustiava para pagar as despesas que faziam no armazém ou quando vencia o aluguel. Ele não se preocupava. Dizia:
“Você é boba, mulher. Fica se matando. Pra tudo há de se dar um jeito”.
E pra tudo ele dava um jeito. Não sei como fazia. Comprava fiado no bar, na padaria, no armazém, mas nunca ficou devendo.
Se alguém caía de cama doente, preocupava-se além do que devia. Fazia todos os gostos do paciente. Uma vez deixou de trabalhar quase uma semana, só porque a filha doente pediu-lhe que ficasse ao lado dela. Ele ficou. Só saía do lado da filha para ir ao banheiro. Até que um dia chegou o boy dizendo que o chefe estava chamando ele.
Quando sofreu o acidente, ao sair do hospital, estava sem dinheiro. Seu irmão comprou os remédios sem que ele soubesse. Durante uma semana ele seguiu as recomendações médicas. Porém, um dia, chegou embriagado. A mulher deu bronca, preocupada e, sem querer, falou que o cunhado comprara os remédios.
No mesmo instante sua fisionomia transformou-se. Possesso, despejou um por um os remédios no vaso sanitário e puxou a descarga. A partir deste dia nunca mais tomou nenhum remédio.
Anos depois, a mulher disse aos filhos:
“Seu pai não está bem. Faz dias que ele não bebe”.
Dois dias mais tarde, ao chegar do serviço, respirando com dificuldade, falando pausadamente, pediu:
“Me levem ao hospital. Não estou passando bem”.
Passou por vários exames e foi constatado tumor no estômago. Operado, um mês depois, veio falecer. Sozinho no hospital.
M.128.Muito maior a saudade - Conceição Pazzola
O que é saudade
senão ansiedade de voltar
no tempo que se perdeu
longe de toda emoção
Do amor que terminou
sem avisar sem perdão
Da louca vontade de rever
aquele lugar mais bonito
onde fomos muito felizes
É a necessidade de ouvir
aquela voz muito querida
de alguém inesquecível
A louca vontade de sentir
a sua carícia mais terna
ouvir o sussurro mais doce
de um grande amor perdido
O que pode ser saudade
senão a dor do desamor
de quem nunca esquecemos
apesar da toda distância
De todos os obstáculosdo passar de tantos anos
de todas as queixas e mágoas
ainda resta a doce saudade
Fica a duradoura sensação
resistente, teimosa ilusão
de que falta para ser dita
Uma palavra mais bonitacapaz de reacender a paixão
É a falta do beijo mais longo
aquele que sempre deixa
muito maior a saudade.
M.127.Meu medo e eu - Angélica T. Almstadter
O medo crítico cresce atrás do sorriso largo, parece não entender o significado da frouxidão nos lábios. Não se mostra como os dentes que brilham risonhos em alto e bom som, compostos com a gargalhada sonora. Lá no fundo embutido entre disfarces e alegrias extemporâneas ele se esgueira pela razão tentando se justificar, mas qual... Muitos ontens foram se somando e ali encravado no peito sem respostas misturando-se aos anseios o meu pobre medo perdeu o receio de ser ele mesmo e de se ver de frente. Reconheceu seus próprios atributos e ficou matreiro a se esconder pelo riso escrachado. Hoje maduro e enraizado ele só faz encorpar, escondido atrás dos olhos que nem sempre o delatam e da boca mentirosa que nunca o confessa. Fiz de tudo para atirá-lo pela janela do trem, de alto de um prédio e ao contrário do que podia; ele foi mais forte, me aterrou ao chão presa nas suas invisíveis teias. Ninguém sabe o terror de tê-lo envolto nas cobertas noite adentro, nas horas de silêncio infindo contando os passos dos ponteiros. Olho para o alto e ele me afugenta, dentro das cápsulas ele me tenta e eu confisco iguarias para entretê-lo. Nos respeitamos, eu acho; ele não me entrega e eu o aceito como companheiro. Dessa união esquisita o que resulta é uma pessoa comedida que não se arrisca a correr riscos e um medo tolo que de tão arrogante; fia os passos da sua coadjuvante.
M.126.Mal traçadas linhas - Olga Matos
Escrevo essas mal traçadas linhas...
...penso num beijo .. um desejo tolo,
gosto de adolescência , acinte,
aceno de mente em desalinho!
...mas como dizia ao principiar as linhas,
entedio-me de passar o tempo,
sem ao menos vê-lo em sua orgia
a sorrir de mim , aqui , sempre escrevendo...
... e lendo versos doutras linhas,
quase iguais as minhas neste pergaminho,
amarelecido do jogo da " amarelinha".
Ficaram sem correio as minhas linhas,
pois o carteiro não veio, perdeu-se na esquina
do tempo , que eu tinha , sem prever o fim!
M.125.Mulher reinventada - Lucelena Maia
Ao sabor de muitos comentários, anúncios em jornais, flores, ligações, jantares, palestras, reflexões, debates e crônicas temáticas pelo dia internacional da mulher, fica difícil definir se houve mudança, positiva e significativa, na vida desse ser feminino que tem história a contar pela imposição das injustiças a ela praticadas, por séculos, em todo o mundo.
É certo que a mulher tenha se projetado no campo profissional, com cargos importantes e, também, se sobrecarregado de responsabilidades no lar, enfrentando, sozinha, responsabilidades
emergenciais tidas anteriormente como de homens: troca de lâmpada, botijão de gás, conserto de torneira, de resistência do chuveiro, troca de pneu do carro etc. Mas, para isso existem os “pereirões” de plantão, haja vista esse tipo de informação em novela.
Fala-se aqui da mulher reinventada.
Aquela que é mantenedora do filho e do lar, sem pai conhecido, porque optou pela gravidez independente.
E, aquela que é mantenedora da família, sem outra opção, por não ter companheiro que a ajude.
A mulher reinventou-se “poderosa” e “independente”, numa enxurrada de suor, dedicação máxima e esgotamento, por objetivo e determinação, sem importar-se em enfrentar o mundo dos sem privilégio.
A beleza da feminilidade está ligada na alta tensão da correria, nos dias atuais, sem tempo para silêncio, pudor, quietude e romantismo. Abaixo as calorias e a submissão, dizem elas.
Haja saúde e disposição para as mulheres reinventadas.
M.124.Meus pecados - Lucelena Maia
Confesso-te todos os meus pecados
E começarei por falar da gula
Dia e noite tu puseste à mesa
Requintados pratos de censura.
Eu os comi, delicadamente içada
Por teu olhar de estranha frieza.
Tempo cego, eu estava apaixonada,
Quando virou amor, veio a tristeza.
Aviltante foi saber-te galanteador
Com olhar sempre distante do meu.
Engasgada, chorei a minha dor
Uma Julieta sem o seu Romeu.
Extrapolei em insanidade e atos,
Da boca, palavras malditas proferi,
E, o pouco de orgulho que me restava
Rolou escada abaixo quando te perdi.
Na luxúria, eu me joguei armada
Corrompendo em sensualidade
Com atitudes nada ajuizadas
As vestes rasgadas da moralidade.
Ninguém ousou dizer-me senões
Ou justificar o que era injustificável
Tanto, tinha, eu, ouvido de sermões
Que a liberdade parecia-me hipnotizável
Mas não era, eu rendi-me estremecida
Com medo de matar a nossa história.
Tu continuava carcereiro da minha vida
E, eu uma Amélia sem memória.
M.123.Mãe - Lucelena Maia
Cuida do ninho
alimenta o filhote
cantarola em seu leito
adormece-o no peito
ou sobre o decote...
Mãe,
olhos de águia
cuidadosa e quieta
atenta e esperta
observa o voo
que um dia ensinou...
Mãe
é também lamparina,
na noite escura,
em cada esquina,
na madrugada,
um anjo que guia...
M.122.Meus trovões - Lucelena Maia
Pudesse, eu, despertaria todos os dias,
Sob claro céu surgido do escuro;
No chão, poria os pés acolhidos
Ao equilíbrio silencioso dos mudos.
Pudesse, eu, enfrentaria os trovões,
Junto aos relâmpagos da minha alma,
Que resvalam no meu próprio apagão,
Porque sou um tropel de lágrimas.
Tivesse, eu, certeza de que além morte
Há vida, e a ela valeria concorrer,
Lançar-me-ia ao aguaceiro da sorte,
Com molde ajustado para renascer.
Mas tempestade farta e solitária
Troveja junto ao meu umbigo,
Numa corrente elétrica imaginária,
Ligando e desligando meu sentido.
As horas repousam sobre meus restos...
Acordei! Dormi! Será que existo?
Levanto-me e tento um gesto
Para estar certa de que ainda vivo.
M.121.Meu falar, minha promessa, minha oração - Douglas Farias
Como recuperar a fé?
Em mais uma palavra
Apenas...
Eu sei que não dei ouvido
Pro seu falar...
Pra sua promessa...
Pra sua oração...
Quando foi que triste ficou?
Seque essas lágrimas
Elas não irão curar essa dor
Mas tendes fé
No seu falar...
Na sua promessa...
Na sua oração...
Posso ir junto a ti?
Foi só que voltaste a acreditar
Não pensei que voltaria a crer
Ontem pude ouvir
O seu falar...
A sua promessa...
A sua oração...
M.120.Me desculpa - Thaina Santiago
Me desculpa por tentar ser tua dona
Me desculpa por ser chorona
Me desculpa se às vezes sou durona
E se muita das vezes fui mandona
Me desculpa pelas brigas
Isso tudo é culpa das intrigas
Me desculpa até mesmo pelas mordidas
Me desculpa pelos meus deboches
Me desculpa por não fazer tuas vontades
Até mesmo por levar tudo na maldade
Me desculpa se às vezes desconfio de você
Me desculpa se sempre brigo
Quando chega ao entardecer
E pela vezes que eu não disse: amo você
Me desculpa pelas vezes que não te pedi desculpa
Então mil desculpas
M.119.Mulheres de fases - Thaina Santiago
Mulheres?
Tímidas ou lascivas,
Fiéis ou volúveis,
Assediadas ou rejeitadas.
Prudentes,
Amorosas,
Perversas,
Esquisitas,
Escandalosas,
Patéticas,
Acomodadas,
Governadas,
Insensatas,
Malvadas,
Irritadas,
Mau-educadas,
Preocupadas,
Chatas,
Incoerentes,
Ambiciosas,
Desoladas,
Irresponsáveis,
Insensíveis,
Doentes,
Orgulhosas,
Nervosas,
Neuróticas,
Alienadas,
Maldosas,
Carentes,
Preguiçosas,
Paranoicas,
Manipuladas,
Psicóticas,
Preconceituosas,
Violentas,
Lerdas,
Inteligentes,
Desmioladas,
Burras,
Divorciadas,
Subordinadas,
Solteiras,
Enroladas...
Mulher é isso,
Sem mais nem menos,
Querer uma perfeita
Com medidas certas,
É melhor ter uma Barbie.
De boa,
Eu acredito na mulher!
M.118.Mil anos - Christina Perri
O coração acelerado
Cores e promessas
Como ser corajosa?
Como posso amar
quando tenho medo de me apaixonar?
Mas ao ver você sozinho
Toda a minha dúvida de repente
se vai de alguma maneira
Um pouco mais perto
O tempo para
A beleza em tudo o que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está à minha frente
Cada suspiro
Cada momento nos trouxe aqui
Um pouco mais perto
E o tempo todo eu acreditei
que encontraria você
O tempo trouxe o seu coração para mim
Eu amei você por mil anos
Eu vou amar você por mais mil
Um pouco mais perto
Um pouco mais perto
Eu morri todos os dias esperando você
Querido, não tenha medo eu amei você
Por mil anos
Eu amarei você por mais mil
M.117.Me apaixonei - Douglas Farias
Meu coração escolheu você para se apaixonar
Desde aquele dia quando nossos caminhos se cruzaram
Que a vi pela primeira vez, com um sorriso tão lindo
Os batimentos do meu coração ficaram mais intensos, me apaixonei
Eu quero estar contigo agora, só penso em você
Que mudou minha vida quando sorriu pra mim
Parece um anjo, é mais que um sonho, um sonho lindo
Eu quero estar agora com quem me apaixonei
É tão lindo quando a tenho em meus sonhos
Mas é muito triste porque só posso tê-la em meus sonhos
Eu não sei onde te encontrar, nem sei se vou encontrá-la
Mas um dia te encontrei e desde então me apaixonei
M.116.Mais um dia - Greta Marcon
Hoje é mais um dia em minha vida...
É simplesmente mais um dia triste,
Onde a esperança quase não existe,
Nessa minh'alma de mulher sofrida...
Olho pro passado e me arrependo
De tudo que eu fiz inutilmente;
De como eu era tão inconsequente...
Por isso ainda hoje estou sofrendo.
O tempo não para e a vida segue...
E eu sigo administrando o que restou;
Tudo de bom e de ruim que ficou.
Tento ser feliz... Mesmo que eu negue...
M.115.Mar rico - Douglas Farias
Mar que se estende, que me entende
Rico em água, que trata sem mágoa
Mar rico, que sempre estás comigo
Mar tem força em suas ondas, me consola quando sondas
Rico com seu sal, me afasta de todo mau
Mar rico, me deixa estar contigo
Mar com seu belo raiar do dia, como confiança que irradia
Rico com sua infinita areia, como amizade quando incendeia
Mar rico, como quis ser seu amigo
Mar e sua infinita beleza, para mim trazes surpresas
Rico com o calor do sol, e sempre luta em prol
Mar rico, onde sempre terei um abrigo
M.114.Meu sonho é voce - Douglas Farias
Sonhei hoje que poderíamos estar juntos
Levantei arrumei a mesa do café
Preparei o pão com geleia e o leite com aveia
Sentei à mesa, mas você não apareceu
Queria pelo menos que me perdoasse
Não foi minha intenção magoá-la
Nunca quis que fosse embora
Nem sei se para casa voltará
Só que hoje é nosso aniversário
Era para ser um dia especial para nós
Trouxe um presente para você
Mas sei que perdi minha chance
Deixe-me, então, encontrá-la
Quero ter você aqui comigo
Não posso dormi sozinho outra vez
Pois meu sonho é você
M.113.Meu anjo - Thaina Santiago
É tão difícil vê-lo a chorar
Um ser tão pequenino
Que de mim necessita tanto
A cada chorinho teu de dor
Dói em mim como se eu estivesse sentindo sua dor
E nos seus sorrisos
Encontro minha paz
Faço deles minha força
O motivo da minha alegria
Dormindo este serzinho parece um anjo
Um ser angelical
E na verdade é sim um anjo,
O meu anjo.
M.112.Motivo para continuar - Douglas Farias
Essa noite pequenas mãozinhas vieram me acordar.
"Papai, papai, vem ver o que eu fiz!"
Aquela voz tão doce me chamando, mesmo cansado e com sono, não tinha como negar.
Tão tarde e ela ainda acordada?
"Que foi filha, o que você foi que você fez?"
Daí ela me surpreendeu...
"É que ouvi você pedindo para Papai do Céu, para te dar força para continuar, aí eu me desenhei com esse sorriso bem grandão!"
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