segunda-feira, 24 de julho de 2023
M.124.Meus pecados - Lucelena Maia
Confesso-te todos os meus pecados
E começarei por falar da gula
Dia e noite tu puseste à mesa
Requintados pratos de censura.
Eu os comi, delicadamente içada
Por teu olhar de estranha frieza.
Tempo cego, eu estava apaixonada,
Quando virou amor, veio a tristeza.
Aviltante foi saber-te galanteador
Com olhar sempre distante do meu.
Engasgada, chorei a minha dor
Uma Julieta sem o seu Romeu.
Extrapolei em insanidade e atos,
Da boca, palavras malditas proferi,
E, o pouco de orgulho que me restava
Rolou escada abaixo quando te perdi.
Na luxúria, eu me joguei armada
Corrompendo em sensualidade
Com atitudes nada ajuizadas
As vestes rasgadas da moralidade.
Ninguém ousou dizer-me senões
Ou justificar o que era injustificável
Tanto, tinha, eu, ouvido de sermões
Que a liberdade parecia-me hipnotizável
Mas não era, eu rendi-me estremecida
Com medo de matar a nossa história.
Tu continuava carcereiro da minha vida
E, eu uma Amélia sem memória.
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