segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
S.143.Soneto (Damas Antigas) - Alexei Bueno
Damas antigas estão presas nos espelhos
E as faces rotas já não vão mais à procura
Dos sonhos tênues, pois só as tenta a noite escura
Que ninguém viu passando atrás dos panos velhos.
Ela ainda está neste cristal, clarões vermelhos...
Olhando sempre hão de lembrá-la em roda impura,
A não notada àquela hora, certa e dura,
Levando os risos por vingança em seus joelhos.
Ah! moças alvas se mirando e se esquecendo,
Os dentes cessam, queima o quarto, e vai chovendo,
Mas até hoje a noite atrás ri seus infernos...
E tece colchas do que fomos, fios idos,
Desta janela às nossas mãos, lençóis puídos,
Que em seus bordados somos mortos sóis eternos.
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