segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

S.153.Soneto VIII - Alphonsus de Guimarães


Ninguém anda com Deus mais do que eu ando,
Ninguém segue os seus passos como sigo.
Não bendigo a ninguém, e nem maldigo:
Tudo é morto num peito miserando.
Vejo o sol, a lua e todo o bando
Das estrelas no olímpico jazigo.
A misteriosa mão de deus o trigo
Que ela plantou aos poucos vai ceifando.
E vão-se as horas em completa calma.
Um dia (já vem longe ou já vem perto?)
Tudo que sofro e que sofri se acalma.
Ah se chegasse em breve o dia incerto!
Far-se-á luz dentro de mim, pois a minh'alma
Será trigo de Deus no céu aberto...

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