segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
S.160.Sub Specie Aeternitatis - Abgar Renautl
Vi-te, e vi a expressão essencial
da forma, da graça e da luz.
Vi-te, e vi a tremula fragilidade do efêmero
vestida das roupagens do eterno.
Vi-te, e sobre mim baixou, vindo do teu céu,
uma fulguração de raio, que feriu de vertigem
o meu destino de distâncias e negações
e deixou meus olhos sem pálpebras
para outro sol que não seja o teu esplendor.
Vi-te, e abri meu ser emudecido
para elevar à tua altura este canto de exaltação.
Mas a minha voz morreu em silenciosas névoas
e o meu coração, arquejante, parou de pulsar,
porque te vi e, vendo-te, vi em ti
o sem-limite das cousas que só habitam os sonhos sonhados
depois do tempo e além da vida.
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