quinta-feira, 25 de abril de 2024

E.138.Exaltação - Florbela Espanca


Viver!… Beber o vento e o sol!… Erguer
Ao Céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!
A chama, sempre rubra, ao alto, a arder!…
Asas sempre perdidas a pairar,
Mais alto para as estrelas desprender!…
A glória!… A fama!… O orgulho de criar!…
Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,
Nos meus beijos extáticos, pagãos!…
Trago na boca o coração dos cravos!
Boémios, vagabundos, e poetas:
Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!…

E.137.Emoção e Poesia - Fernando Pessoa


Quem quer que seja de algum modo um poeta sabe muito bem quão mais fácil é escrever um bom poema (se os bons poemas se acham ao alcance do homem) a respeito de uma mulher que lhe interessa muito do que a respeito de uma mulher pela qual está profundamente apaixonado.
A melhor espécie de poema de amor é, em geral, escrita a respeito de uma mulher abstrata.
Uma grande emoção é por demais egoísta; absorve em si própria todo o sangue do espírito, e a congestão deixa as mãos demasiado frias para escrever.
Três espécies de emoções produzem grande poesia - emoções fortes e profundas ao serem lembradas muito tempo depois; e emoções falsas, isto é, emoções sentidas no intelecto.
Não a insinceridade, mas sim, uma sinceridade traduzida, é a base de toda a arte.

E.136.Eu cantarei de amor tão docemente - Luis Vaz de Camões


Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dous mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que o amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, para cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa,
Aqui falta saber, engenho e arte.

E.135.Estar contigo - Suely Ribella


Estar contigo
é não ver o tempo passar,
não sentir o mundo girar,
é viver o amor e a paz,
o carinho e a paixão,
é sentir a emoção
em cada gesto, cada olhar,
é ser capaz de não lembrar
que o mundo não somos nós,
que a vida está além de nós...
Estar contigo
é ter a exata noção
que acabamos de nascer,
que não esperamos
por nada, por ninguém,
que tudo esperou por nós,
que sempre fomos nós,
sempre seremos nós,
sem começo, sem fim...

E.134.Exaltação do amor -


Sofro, bem sei... Mas se preciso for
sofrer mais, mal maior, extraordinário,
sofrerei tudo o quanto necessário
para a estrela alcançar... colher a flor...

Que seja imenso o sofrimento, e vário!
Que eu tenha que lutar com força e ardor!
Como um louco talvez, ou um visionário
hei de alcançar o amor... com o meu Amor!

Nada me impedirá que seja meu
se é fogo que em meu peito se acendeu
e lavra, e cresce, e me consome o Ser...

Deus o pôs... Ninguém mais há de dispor!

Se esse amor não puder ser meu viver
há de ser meu para eu morrer de Amor!

E.133.É ela! É ela! É ela! É ela! - Alvares de Azevedo


É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou - é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura -
A minha lavadeira na janela!
Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! de certo... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã de certo
Ela me enviará cheios de flores...
Tremi de febre!
Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! É ela! - repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! Era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas
Se achou-a assim mais bela - eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camizinhas!
É ela! É ela! meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou - é ela!

E.132.Eu, eu, eu, eu - Rosa Pena


Não aprecio aqueles que para valerem os seus direitos usam até de violência.
O motorista que se o sinal estiver aberto pra ele, atira o carro no transeunte para mostrar que ele está com a razão.
O inflexível na fila com um carrinho lotado que não deixa a moça com só um artigo passar, pois ela que vá para a caixa de poucos volumes.
Na sala de espera do doutor o senhor com o rosto contorcido de dor tem que aguardar, pois a vez é da senhorita executiva que não pode perder um segundo.
Aqui caberiam mil exemplos do “Eu estou correto, logo não abro mão de nada”, ainda que esse tipo de atitude sacrifique uma sociedade que poderia ser mais entrosada, atuante e menos agressiva.
Não tenho nada contra os direitos de cada um em si, mas a sua execução nas mãos de gente mesquinha é uma faca afiada.
Nada de concessões absurdas, mas vale lembrar o jeito debilitado de nossa vidinha por conta de uma altivez medíocre, que em vez de fazer valer à vera os direitos dos cidadãos, desmorona os princípios de coletividade.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

E.131.Estrelas não ouço - Angélica T. Almstadter


Não Bilac, não ouço tuas estrelas,não que com elas não converse.
Há muito tento ouví-las, entendê-las;acho que minha prosa de nada serve.
Amar talvez não tenha aprendido;não de fato, para ouvir estrelas,diria que por certo tenho esquecidode acarinhar a alma para merecê-las.
Ora direis ouvir estrelas!
Invejo-te!Tão distantes dos meus olhares;não ouço ruído sequer!
Rogo-te!
Dá-me um tanto de teus sentirespara que um dia; eu as ouça.
Peço-te!
Caso contrário meu chorar há de ouvires!

E.130.Eva proibida - Cristina Pires


Eva proíbida
Cristina Pires

Dizia-me Sebastião, que deveria escrever -
Pelo menos, pelo menos! - uma crónica, ou conto, por mês.
Esta comecei-a há seis anos, e só hoje a dou por terminada.

Olha, escreve sobre a tua vida! Achas que a minha pouca vivência tem algo que possa despertar a curiosidade de um leitor? Vamos lá! ao menos um leitor, tens! Eu, por exemplo. Tu escreves, e eu leio. Para isso tenho que ter tempo, caneta, papel e ânimo. E neste momento sobeja-me, papel e caneta. Pois eu podia contar-te a minha vida, inteirinha! E tu, escrevias. Sobeja-me papel e caneta, repeti.

Tu lembras-te do Carlos? Devo ter ficado com cara de espanto. Olhe o leitor se eu lhe perguntasse se se lembra do Zé. Zés há muitos, sua palerma! - tenho a certeza que seria isso que pensaria. Um nome pessoal, só, torna-se impessoal, se não for acompanhado de um apelido que o valha: o Zé do talho, o Zé da mercearia, o Zé Favinha, etc., etc. Só para o meu tio Duarte, é que são todos Zé Maria do Pincel, quando não conhece o apelido que o valha.

Do Carlos Alberto, pá. Aquele que te esfolou o joelho quando eras miúda. O da Dona A.! Não me esfolou o joelho. Caí e esfolei o joelho por causa dele. Não é o mesmo. Ainda tenho a cicatriz. Aquele, sim, é que era um mariquinhas. Sabes que se tentou matar duas vezes? Sei, ou já te esqueceste que vivia no prédio ao lado do meu? E, na primeira tentativa, quem ficou esfolada fui eu. Tudo por causa do Comandante Koenig, das luas e dos céus. Quem quase foi para o céu, foi ele, e eu para o purgatório porque me esqueci que a directora da escola queria falar comigo, e quase que não apareço. Que grande barraca foi aquela, hã? Pois foi. Ele tinha más notas, e o pai castigou-o sem o espaço. Não fez outra, enfiou um frasco de comprimidos goela abaixo, e cá vai disto ó Evaristo. E tu que foste a correr para falar com a directora. Se não tivesses um peso na consciência, não tinhas ido a correr.

Quase que lhe esmurrei a gargalhada. Estávamos, afinal, a falar de coisas sérias e antigas. Coisas com um quarto de melancólico século. Como o tempo se esvai...

Estou, agora, a lembrar-me dele, à varanda, no primeiro andar. Primeiro aparecia a mãe, e depois, ele. De tarde, cruzavam os braços e as pernas sobre uma mandriice descarada, e ficavam no parapeito da janela à espera dos burburinhos. Gostava de coscuvilhar, o malvado. Mas também era útil. Às vezes avisava a vizinhança, aos berros, quando chovia: - Ó D. Sara, olhe a roupa! D. Zezinha, tem o canário cá fora. Ó D. Maria do Carmo, está a chover.

A casa, sempre um brio. O meu Carlos Alberto, limpa a casa melhor que eu, dizia a Dona A. a quem a quisesse ouvir. Também me lembro, que era ele que assava as sardinhas. Punha o grelhador à janela, apoiado nos ferros da corda de secar a roupa. Depois, era uma azafama a limpar os vidros da marquise. Ah! mas não pense o leitor que o Carlinhos não avisava, antes, que ia assar sardinhas. Corriam a fechar janelas, com medo daquele cheirinho, que, agora, deu-me saudades. Coitado. Quantas vezes não lhe chamei borboleta e ele não se incomodava. Dizia-me que gostaria de ser uma: alegre e livre. Pior eram os que lhe chamavam menina Carlota. Cheguei a zangar-me com aquela malta. Até à porrada andei.

O gajo tinha jeito para o teatro, e para o ballet, não tinha? Pois tinha, mas proíbiram-no, que essas coisas eram coisas de menina. Fizemos teatro juntos. Então, eu não sei! E porque é que não continuaste? Até me lembro da tua mãe, sempre a dizer que tu tinhas muita queda para o teatro, só não tinhas era onde cair.

Desfigurei-o. Meti-lhe a mão à boca, desapertei-lhe as bochechas, enfiei-lhe o braço até às entranhas, e arranquei-lhe os bofes. Bofete-ei-lhe as gargalhadas insolentes. Na próxima crónica, mato-o, esfolo-o! Deixo-o como um cristo. Desvendo-lhe os mistérios, como ele desvenda os de Carlos.

Tu achas que ele já nasceu com aquela tara, ou...? Nã! Então, tu não sabes que a coisa pega-se? Tens com cada uma, Sebastião. Diz-me, tu eras muito amigo dele. Andavam sempre juntos... Chega para lá essa boca! Ele é que não me largava. Até para ir ao baile dos Penicheiros, tinha que ir com ele atrás. E de miúdas, nada! Aquilo afugentava as miúdas todas. Deixa-te de coisas. Bem que aproveitaste. Quantos copos é que ele não te pagou, diz-me? Ora, pagou-me o tempo que o aturei, e ainda ficou a dever-me.

Mas o tempo não queria aturar o Carlos, pensei. Não sinto pena dele. Sinto que não era compreendido pelo tempo, e que o mesmo ainda hoje lhe deve. Nunca ninguém lhe conheceu uma namorada. Amigos, tinha alguns. Uns para cada ocasião. Sebastião quando andava penado, achegava-se a ele. Outros... achegavam-lhe. Um, mais que os outros.

A segunda tentativa que fez para acabar com a vida, já era adulto. Saía furtivamente de casa, durante a noite, e regressava de madrugada, antes do acordar da vizinhança. A mãe fechava os olhos, mas o pai arregalou-os até ao branco, até ficar cego. Proíbiu-o de sair de casa, e de ir ver o Adão. Desta vez não engoliu comprimidos. Atirou-se da janela do quarto.

Para mim, nunca ele tentou matar-se, ou suicidar-se. Engraçado! Existe furtar e roubar. Furtar é apoderar-se de algo alheio, sem violência. Roubar, é subtrair para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência. Chego ao término desta crónica sem saber se Carlos furtou-se ou roubou-se. Uma coisa é certa: roubaram-lhe o paraíso.

E.129.Engasgado - Angélica T. Almstadter


Um sonho engasgado, dormiu no meu peito
Tantas pontas tinha o danado;
Que me fez em tiras, o peito dilacerado.
Dentro desse sonho perfeito,
Guardei desejos desesperados;
A fala rouca, a fina flor exposta
Em camadas mutiladas de saudade.
Doeu tanto que cresceu arranhado,
Apertado e sem proposta.
Quando me acenava de felicidade,
Na poça de sangue derramado;
Brindei com um aceno breve,
Cerzi os rasgos com coragem
E bem antes que recobre a razão,
Me espalho em pedaços na brisa leve;
Meu prenúncio de estiagem,
Recheado com acessos de solidão.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

E.128.Estrela artifical - Angélica T. Almstadter


Uma estrela solitária que brilha e brilha longe dos olhos da razão
outrora meiga e solidáriade luz, acercada ilha alegrava meu coração 
outras galáxias hoje habita visitando belos cometas na realeza do universo 
na solidão das crises se agitan a ilusão dos betas na teoria do reverso 
entre fótons e cósmica poeiras e afasta da mãe Gaia prepotente estrela primeira 
seu brilho audaz se esgueira na ressonância primária impressa na antiga soleira

E.127.Espaços - Angélica T. Almstadter


Grande esse vazio que cresce espande por todo o espaço.
Enormes esses nadas que se amontoa mamoldando formas vazias e sem cor.
Dentro desse infinito espaço que a nenhuma lógica obedece; verdadeiros, só os sons que ecoam mutilados por vozes em dor. 
Deslocando-se de lá pra cá,de cá pra lá, à deriva,trombam com silêncios ácidos,falas ocas e criações pífias fingindo possuir gentil sabor.
Tantos compartimentos azuisrosas e furta-cores, já emboloram sob o cansaço da luz tênue que se apaga.
Foram recolhidos os sóis, as luas e seus mistérios surdos,não mais razão para colecionar:ilusóes, sentimentos, nem chuvas doces;atrás do pano  a vida envelheceude tanto esperar...

E.126.Egolatra - Angélica T. Almstadter


Olha o seu umbigonão, não deixe que chovaos cartazes da cidadeespalham seus odores

Mais um dia de solpara sua glóriaa vida respira de mansinhoprostrada aos seus pésvocê é a mais nova eleita

Seu perfume inalatodo vapor destiladodas gentes nada é mais forte que a sua presença

Apesar dos sinaissua retina não retémas novas informaçõesseus olhos passeiam vaziospela órbita da vida

E.125.Egoísta, eu - Angélica T. Almstadter


Eu dependo de mim porque sou de mim pai, mãe e inteira descendência de Eva.
Sou de mim o alvocomeço e o fim apoteose da vida.
 Tenho em mim a semente benfazeja a energia vital,o dom sobrenatural,o sangue da realeza.
 Eu me contenho e me basto em um único cálice.
Sou anjo doce,criação original esculpida no ápice.
 Onde estiver serei primeira e única,de mim e para mimexalando a essênciada melhor existência.
 Meu diário: a franqueza sem motivos,sem objetivos para o augúrio de alguma beleza.
 Cultivo o desprezo por ser herdeira hiláriado cenário patético do meu imaginário. 

E.124.Esfriando - Angélica T. Almstadter


Borrei a pintura enquanto esperavana bandeja meus olhos clarosse escondiam da luz teimosa uma lágrima suave bailava e eu tecia esses alinhavos

a conversa se espalhava cheirosa dentro das xícaras fumegantes entra e sai de passos leves sorriam em abraços aconchegantes pela maquiagem escorrida não era adeus, apenas acenos breves

entre uma e outra fala aborrecida altas doses de adoçante e o que era vaga costumeira foi ficando distante derramou-se todo a caldano confuso tabuleiro nunca mais voltou a calmaa os meus verdes timoneiros...

E.123.Este é o meu caminho - Lucelena Maia


Por entre rios, ribanceiras,
Por entre florestas, campinas,
Num casebre, sou moleque descalço;
No palácio, chique rainha.
Por entre sonhos desabitados,
Finco-me à realidade, semente.
Por entre pedregulhos e chão quente,
Sou andarilho, sem medo do que virá à frente.
Sigo o meu caminho, acompanhada de momentos...
Na bagagem, levo doce saudade,
Por onde passo, deixo leves pegadas.
E sigo...
Banhada por tantas fragrâncias,
Perto ou distante da felicidade.
Como pássaro, fujo em debandada...
Depois, retorno à estrada,
Às vezes, com a alma esfolada,
Sem ter conseguido evitar os tropeços.
Este é o meu caminho...
Por entre curvas, atalhos, fins e recomeço.

E.122.Enganando-me - Lucelena Maia


Quantos braços me abraçaram,
Em quantos braços me joguei.
Fui revolta, não importa,
Como consequência, viciei.

Quantas bocas me beijaram,
Quantas bocas já beijei.
Foi despeito, não importa,
O resultado é que gostei.

Quantos homens me despiram,
Quantas vezes me entreguei.
Foi obsceno, não importa,
Ao destino, me abracei.

Quantos anos se passaram,
Desde a primeira cama em que deitei.
De todos os homens que me amaram,
Foste o único que eu amei.

Quanta humilhação. Tu não me amavas.
Fui objeto de aposta e de prazer...
Embriagada de ódio, tornei-me ousada,
Deite-me com todos e fiz saber.

E.121.Eu faria assim - Lucelena Maia


Entraria, sem bater à porta,
Lentamente, caminharia, para não te acordar,
Nem a luz eu acenderia,
Para, na penumbra, te admirar.
Caminharia, com o olhar fixo no todo,
Percorrendo, lentamente, a explorar,
Membros fortes e relaxados,
Em movimentos leves, o teu respirar.
Observaria, com extremo zelo,
Os pontos fortes que me fazem gelar.
Com os meus lábios, os tocaria,
Com cuidado... Para, ainda, não te acordar.
Se o teu cheiro me entorpecesse,
E, fora de mim, eu desejasse te amar,
Tentaria me conter, por alguns instantes,
Mas não seria louca de só no desejo ficar.
Com as mãos eu te despertaria,
Em um bom-dia doce, a te ofertar,
Da minha boca, mil beijos tu receberias,
E, do meu corpo, o direito de voltar a sonhar.
Ao teu corpo, definido e forte,
Ofereceria o meu, com sabor de pecado,
Da inocência do sono, tu entrarias para a realidade,
Acreditando estar sonhando, jamais acordado.

E.120.Eu sou - Lucelena Maia


Eu sou o perfume romântico da vida
Eu sou senhora do desvelo inabalável
Sou leve fragrância, no ar, indefinida
Sou esse brilho de estrela, inesgotável

Eu sou o bem-estar da paixão inquietante
Eu sou a lua, cheia de beleza e vaidade
Sou tudo o que persiste por alguns instantes,
Sou também o que segue pela eternidade

Eu sou saudade sem ser ela desventura
Eu sou o tempo em contratempo co'amargura
Sou burburinho cortejando a quietude

Eu sou o homem e a mulher em sintonia
Eu sou dois corpos desnudando a poesia
Sou o pôr-do-sol expressivo em atitude

E.119.Eu queria escrever - Lucelena Maia


...Um poema que afrontasse
a minha discrição,
saísse das entranhas
como um filho herege
a devorar a passividade
dessa que o descreve.

...Um poema flecha,
certeiro nos versos
a derrubar alvos.

... Tivesse linhas indecifráveis
ao tirano
e compreenssiveis
ao humano.

... Um poema forte,
direto na boca
da fome,
da tristeza,
da amargura,
da incerteza,
concluindo-se proeza.

...Que fosse sem regras,
versos sem pregas,
solto e real
como eu o pressinto.

...Um desabafo de improviso
sem que para isso
eu perdesse a razão ou o juízo.

Eu queria
ver-me ao avesso
cuspindo o que penso
na cara do mundo
indiferente a opiniões...

...Mas veja o que ocorre,
foge de mim o afronto
por certo este é bronco
ou está ele de porre!

domingo, 31 de março de 2024

E.118.Encontro marcado - Lucelene Maia


Nem ontem

Nem amanhã

Hoje é o nosso encontro

Com passagem de ida

Porta aberta

Romance

Encanto


Penso no que possa acontecer

Você preencher-me

Com sorrisos

Gestos

Sexo

Carinho

E depois?

Quando eu acordar

E nada restar

Apenas o ontem

Como juntar os pedaços de mim!


Ainda assim...

Será que arrisco

Me arrumo

Faço-me de forte

Bebo alguns goles

E esqueço o depois?

Ou,

Tomo banho

Coloco pijama

Estalo pipoca

Ligo a tv

E esqueço você!

E.117.Ecos de nós - Lucelena Maia


Eu ouço-te por entre o verde montanhoso,
Por entre as folhas espalhadas na esperança,
Mas não sinto teu olhar deserto, nem choroso,
Buscar pelos confins do mundo as lembranças.

Eu ouço teu corpo sendo levado pelo vento
Em rápida passagem, no piscar do ontem
Sem que tu estejas vivenciando lamentos
Ou escalando dissabores, pelos montes

Eu vejo as estrelas em um azul sem fim
A lua, minguante, mais que reservada,
Também pássaros nos céus dos querubins,
Só, não a mim, esvaida estou na enseada

Ah! Os nossos ecos, no silêncio da noite
Ecoam alto, presos a um som tristonho
De quem desencontrou-se num pernoite
Solto na estrada, amealhando sonhos.

E.116.Eu, poeta - Lucelene Maia


O amor que habita meu interior,
Fatigante, se expele.
Transgride, sorrateiro,
Ao se alojar
Na inspiração de uma sonhadora que,
Inclinada a dar vida ao inesperado,
Faz melodias dos suspiros,
Compõe versos declamados.
Como se poetar
Fosse aventurar o afeto,
A amizade, a ternura,
A estima e o bem-querer,
O fascínio e a atração.
Mas tão perfeito não poderia ser.
Como poeta, vacilei...
O amor das minhas linhas
É o mesmo que me inspira,
E esse amor não faz sentido;
Sendo dono dos meus sonhos,
É, também, só um escrito.
Eu, poeta,
Sofro e choro a minha sorte,
Sem entender a inverdadeQue circunda o meu viver.

E.115.Em boa companhia - Priscila Quintão


Aí aconteceu de eu passar mais tempo comigo mesma. Sozinha, eu e eu mesmo.
Mas aconteceu tão de repente, que foi de repente que eu percebi que estava fazendo muito mais do que simplesmente curtir uma fossa jogada em meus aposentos. Eu passei a me curtir.
A gente sempre fala pros outros que é legal, é saudável passar um tempo só, colocar a cabeça no lugar, relaxar... Mas precisamos tomar cuidado pra que isso realmente seja bom.
Hoje eu realizei que sou uma ótima companhia; aprendi a me curtir e a aproveitar meu tempo comigo.
Me fez bem perceber que sou uma mulher interessante, inteligente e divertida.
Foi gostoso descobrir isso por mim e não por terceiros (dá mais credibilidade).
Não esqueci minhas questões (nem os quilinhos a mais, minhas irritações - sim, eu irrito e me irrito muito -, minhas chatices - e meu bom humor diferente e repentino). Mas sou especial e já não me sinto mal quando me vejo só, pelo contrário, descubro sentido em ocasiões e coisas e pessoas que ainda não tinha sentido pra mim. 
Vejo que Deus tem trabalhado na minha vida todo dia, mas não é todo dia que eu enxergo isso...
É tempo de mudança. E estou amando descobrir e saber aproveitar cada mudança em mim!
Você nunca estará totalmente só porque Deus anda contigo noite e dia, Ele sempre dá uma passadinha pra ver como tudo está ;)
Mas se faltarem amigos, família, papagaio, cachorro, periquito, aproveite a melhor companhia do dia: você!

E.114.É por voce que eu canto - Barros de Alencar


Quanto mais o tempo passa
Mais eu gosto de você
Este seu jeito de me abraçar
Este seu jeito de olhar prá mim
Foi que fez com que
Eu gostasse logo de você
Tanto assim
É por você que canto...

Quanto mais você me abraça
Mais eu quero ter você
Cada beijo que você me dá
Faz meu corpo todo estremecer
Sem você eu sei que
Não teria nenhuma razão
Pra viver
É por você que canto...

Pode tudo transformar
Pode tudo se perder
Pode o mundo virar contra mim
Aconteça seja lá o que for
Cada dia que passar
Eu quero ainda muito mais
Seu amor
É por você que canto...

Quanto mais você me abraça
Mais eu quero ter você
Cada beijo que você me dá
Faz meu corpo todo estremecer
Sem você eu sei que
Não teria nenhuma razão
Pra viver
É por você que canto...

Pode tudo transformar
Pode tudo se perder
Pode o mundo virar contra mim
Aconteça seja lá o que for
Cada dia que passar
Eu quero ainda muito mais
Seu amor
É por você que canto
É por você que canto...

E.113.Esse amor de dor - Douglas Farias


Quem quis
Lhe diz
Que ama
E engana
Nada sente
Mas mente
Com coração
Dá razão
Sem atenção
Traz solidão
Me esquece
Não merece
Esse amor
De dor
Tua fala
Me abala
No porque
Meu ser
Traz sofrer
A você
Não entenda
Minha contenda
Quero encontrar
Seu olhar
Mais sincero
Como quero
Em você
Peço que
Comigo feliz
Sempre quis
Não agrada
Quando nada
Sua fala
Se cala
Eu desisto
Pois isto
Não longe
Que onde
Pôde mais
Ser capaz
Insano coração
Na solidão
Se afogou
E calou
Esse amor
De dor

E.112.Ele não mudou, só aprendeu a mentir - Douglas Farias


Tinha algo a dizer na noite que partiu
Fui atrás resgatar o que levou de mim
Meus sonhos, minha paz, minha vida...
Mas me deixou sozinha aqui

Por quê voltou, prometendo que mudaria?
Não foi suficiente minha forma de amar?
Tudo que fiz foi para te fazer feliz
Mesmo assim preferiu outra vez me enganar

Lembro no que aconteceu, mas perdoei
Raiva tive, triste fiquei, nova chance lhe dei
E outra vez acreditei que mudaria
Mas agora sei, fui eu que errei

E.111.Entre a razão e a emoção - Douglas Farias


Ofuscando minhas decisões meus pensamentos estão, ao olhar o que a vida me reservou, tento imaginar se escolhesse a outra estrada seria melhor, ou se mais fácil seria seu percurso. Não preparei nada, apenas sonhei. Logo, descobri que, às vezes não vivemos o que sonhamos, mas sonhamos o sonho que vivemos, e parece que estou deixando meus pensamentos me levarem ao desequilíbrio. Minha alma está triste, reflete para meu rosto, prefiro não deixar aparente, mas é difícil decidir entre a razão e a emoção.

Meu coração aquieta-se com uma canção, meus pensamentos se esclarecem com o nascer de um novo dia. Peço pare que não chore, levantei-me decidido, queria já ter feito isso antes. Venha comigo se quiser, ou torça para que eu possa conseguir trazê-la de volta. E pensar que esperei tempo demais, que faltava acalmar meus pensamentos para tomar a decisão correta, mesmo que tivesse de ter tomado tal decisão lá atrás, e não ter passado por tantas pedras nessa estrada. Mas, eu vou, estou indo ao seu encontro, morrendo de saudade, eu vou ao seu encontro

terça-feira, 26 de março de 2024

E.110.Estrelinha - Douglas Farias


Brilha, brilha estrelinha
Envolva quem precisa
Com o brilho do seu sorriso
Brilha, brilha estrelinha
Ilumine o caminho deles
De quem estiver perdido

Brilha, brilha estrelinha
Fez-me sonhar mais uma vez
Brilhou tirando-me da solidão
Brilha, brilha estrelinha
Seu brilho será eterno
Dentro do meu coração

E.109.Estarei aqui - Douglas Farias


Estarei aqui
Douglas Faria

Quando palavras não mais adiantar
Nem mesmo uma mão pra ajudar
Ou quando o amor lhe faltar
Estarei aqui

Sinta o toque de minhas mãos
Juntos podemos continuar
Basta somente acreditar
Estarei aqui

Seus sonhos não vais perder
O impossível vai acontecer
O falta é somente crer
Estarei aqui

Estarei aqui... junto de ti
Estarei aqui,,, perto de ti
Estarei aqui... volte a sorrir
Estarei aqui... estarei aqui

E.108.Espero voce - Douglas Farias


À espera de você aqui estou
Não consigo mais de aflição sentir
Ao som do relógio, passam-se horas
Até o momento em que você possa surgir
Lembranças suas, o tempo levou
Mas ide prometendo me encontrar
Sem você não tem motivos de sorrir 
Esperança tenho de ter ver voltar
Quero que um dia possa saber
Você foi embora e não consegui lhe dizer
Tomara que neste momento possa escutar
Que todo esse tempo sempre amei você

E.107.Eu vivo meu sonho - Douglas Farias


Hoje eu acordei com a sensação de ser só mais um dia...
Tinha que ser diferente, tinha que ter algo especial...
Assim foi, assim levou...
Arrastei o meu dia como pedra presa aos pés.
Não posso desanimar, tem que haver algo bom.
Há ainda aqueles que te derrubam com um simples olhar,
Há situações rotineiras que forçam o seu parar.
Mas tenho que seguir, hoje parece que vai ter algo bom.
Não, ainda não.
Não desanimei, não desisti, só não quis continuar
O medo do pesadelo voltar impede meus passos.
E então, vai ser sempre assim?
O que posso fazer, como continuar acreditar?
Então vem uma lembrança:
"Haja o que houver, eu sonharei,
Meus lindos sonhos viverei,
Não desistirei..."
E de repente, ela ligou...

E.106.Em meio a noite - Thaina Santiago


Foi em meio ao silêncio da noite que a ti clamei,
e me ouviste do auto e sublime trono, em súplicas lhe fiz uma pergunta e
imediatamente me respondeste...
Naquele momento parei de chorar e meu coração começou a arder feito chama de fogo e todo o meu ser se alegrou naquele instante...
Foi quando então o Senhor tocou-me...

E.105.Estrelinha minha - Douglas Farias


Sua volta me trouxe a luz,
Voltei a acreditar,
Sorrindo com o que ela reproduz
Brilho que podes me dar

Tão longe foi,
Nunca quis partir
Um até breve deixou
E hoje poder estar aqui

Triste por não tê-la
Confortável que segura estás
Ansioso a pedi de volta
Feliz com o brilho que traz

Estrelinha minha,
Sua luz brilha, me fez acreditar
Estrelinha minha,
Sua luz brilha, me faz sonhar

E.104.Escritora de sonhos - Elcimar Reis


Nossos olhos estavam igualmente lacrimejados, porém, eu suplicava-o. "Pai, não me deixe!", em meio aos vários outros por favores.
Porém, a vida nunca é completamente perfeita como nos livros ou crônicas.
Sempre há momentos que desejaremos no futuro, nunca terem existido de fato.
Ele havia me deixado; nesse mundo até então conhecido somente pelos seus cinzentos olhos.
Não pelos meus. Me sentia em um novo campo minado; muito bem articulado e preparado para me destruir, da mesma maneira como o fez com ele.
Contudo, com a mesma intensidade de que é perigoso e astuto, o mundo também é luminoso, nos trazendo sempre novas surpresas.
Há pessoas que diriam que seria o destino, me dando um nova luz de existência, mas para mim,
assim como as borboletas aprendem a voar lentamente, eu deveria ser.
Encontrei em meios aos classificados, que sempre ignorava, uma nova força vital. Escritora de sonhos.

E.103.Eu não vou desistir de voce - Douglas Farias


Voltar para ti, é o que eu quero
Ter você, é o que eu desejo
Estar ao seu lado, é o que eu peço
Não, eu não vou desistir de você

Te perdi uma vez, foi necessário
Me afastei demais, foi viável
Nós em caminhos opostos, teve de ser assim
Mas, eu não vou desistir de você

Soltei o que me prendia, não foi fácil
Tirarei o que te segura, se for preciso
Deixe-me alcançá-la, me dê sua mão
Pois, eu não vou desistir de você

E.102.És tudo pra mim - Douglas Farias


Consegues dizer que amas
Podes viver esse amor
Tens a capacidade de amar
És preciosa para mim

Torna tudo mais lindo
No sentir de sua presença
E nos passos de seu caminhar
És especial para mim

Irradias meus dias
Aqueces minhas noites
Trazes paz ao meu coração
És importante para mim

Às flores dá seu perfume
À vida enriqueces com seu sorriso
Ao céu e ao mar deslumbras seu olhar
És tudo para mim

E.101.Em seu tempo - Douglas Farias


Tristeza no seu rosto
Mostra como seu coração
Está em desgosto
Difícil é esquecer
O que te abalou
Sem nem mesmo merecer

Dê tempo ao tempo,
E as feridas vão fechar
A mágoa vai passar
Dê tempo ao tempo
Tudo novo se fará
E outra vez recomeçar

Só em pensar
Quem algo lhe tirou
Muda até seu olhar
Impossível o perdão
Mas esse é o caminho
Para a redenção

Dê tempo ao tempo
E o orgulho ficará de lado
A tormenta terá passado
Dê tempo ao tempo
E tudo que tens sofrido
Em seu tempo, será resolvido

E.100.É tão normal ser feliz - Kim, César e Júlio


Teu coração, mexeu com o meu
O amor encheu todo ar
É bom te ver, sorrir também
É tão normal ser feliz

Quando alguém ama outro alguém
E este alguém o ama também
A razão perde para a emoção
Quando Deus é o centro então
Neste amor tudo é maior
A emoção não acaba com a razão

Meu coração eu te entreguei
Teus olhos são meu olhar
É bom te ver sorrir também
É tão normal ser feliz

Quando alguém ama outro alguém
E este alguém o ama também
A razão perde para a emoção
Quando Deus é o centro então
Neste amor tudo é maior
A emoção não acaba com a razão

Meu coração eu te entreguei
Teus olhos são meu olhar
É bom te ver sorrir também
É tão normal ser feliz.

E.099.Em pedaços - Seether e Amy Lee


Eu queria que você soubesse que eu amo seu jeito de sorrir
Eu quero te pegar no colo e tirar sua dor
Eu guardo sua fotografia
E eu sei que ela me faz bem
Eu quero te pegar no colo e tirar sua dor

Porque eu fico em pedaços quando estou sozinho
E eu não me sinto bem quando você vai embora

Você se foi
Você não me sente aqui
Não mais

O pior já passou e nós podemos respirar de novo
Eu quero deitar em seu colo pra tirar minha dor
Ainda há muito que aprender
E ninguém mais para brigar
Eu quero deitar em seu colo pra tirar minha dor

Porque eu fico em pedaços quando estou exposto
E eu não sinto que sou forte o suficiente
Porque eu fico em pedaços quando estou sozinho
E eu não me sinto bem quando você vai embora

Porque eu fico em pedaços quando estou sozinho
E eu não me sinto bem quando você vai embora

Você se foi
Você não me sente aqui
Não mais

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

M.181.Morte - William Butler Yeats


Medo não tem, nem esperança,
Um animal a agonizar:
Aguarda um homem o seu fim,
Tudo a temer, tudo a esperar;
Já muitas vezes morreu ele,
As muitas vezes retornando.
Em seu orgulho, um grande homem,
Homens que matam enfrentando,
Sobre a substituição da vida
Atira um menosprezo forte;
Sabe ele a morte até os ossos
- Foi o homem quem criou a morte.

M.180.Moça enloquecida - Walmir Becker


Aquela moça enlouquecida,
Improvisando a sua música e poesia,
Dançando em meio à praia; a alma apartada de si mesma,
A subir e descer aonde a moça não sabia;
A esconder em meio à carga de um vapor
A rótula quebrada,
Eu proclamo essa moça algo de belo e alto, ou algo
Perdido heroicamente, achado heroicamente.

Pouco importa o acidente que ocorreu,
Ela envolvia-se em desesperada música,
Ela envolvia-se, envolvia-se,
E não ergueu seu triunfo,
Onde os fardos e cestos repousavam,
Som que fosse trivial e inteligível,
porém cantou: "Mar esfomeado, ó mar famélico de mar".

M.179.Miritiba - Humberto de Campos


É o que me lembra: uma soturna vila
olhando um rio sem vapor nem ponte;
Na água salobra, a canoada em fila...
Grandes redes ao sol, mangais defronte...

De um lado e de outro, fecha-se o horizonte...
Duas ruas somente... a água tranquila...
Botos no prea-mar... A igreja... A fonte
E as grandes dunas claras onde o sol cintila.

Eu, com seis anos, não reflito, ou penso.
Põem-me no barco mais veleiro, e, a bordo,
Minha mãe, pela noite, agita um lenço...

Ao vir do sol, a água do mar se alteia.
Range o mastro... Depois... só me recordo
Deste doido lutar por terra alheia!

M.178.Ministério da defesa - Lucas Menezes Maida


Minha ministra
Volte ao confessionário
Saiba, antes de se sentar nesta cátedra
Que o azul e o rosa saíram do mesmo armário

Meu ministro
Não viva no mundo da lua, com enfaro
Saiba, antes de pilotar este impávido colosso
Que na calça da Classe C, ninguém achou o bolso raro

Minha ministra
Cuidado com a boca
Será que é por conta de as relações serem exteriores
Que vocês se importam tanto com a nossa roupa?

Meu ministro
Esqueça os canhões
Se a mentira tem perna curta
Como que o governo dá pedaladas em milhões?

Meu povo
Toma cuidado com o grito dos maus
E, principalmente, com o silêncio dos bons
Somos a teoria prática do caos
Acredita, não queremos furar moletons

Meu povo
Importa-te com Rachel de QUEIROZ
E verás que “O Quinze” está entre o 13 e o 17
Importa-te com Érico Veríssimo

E verás que a paz lá em Antares é confete
Os parlamentares? Manchete!

Este mundo dá mares
Para além do Bojador
Entre homens sérios, hemisférios, revertérios
Critérios, ministérios, mistérios
Minerais e minérios
Desta igualdade não temos mais penhor
Confundiram um povo heróico com um brado e um tambor

M.177.Meu amor já não és - Nathaly Guatura


Meu amor já não és, Acometida farsa minha Deleitoso sonho meu Venenosa esmola divina (Ou que cri, eu, vinda do céus)
Meu amor, já não sou Eu, que não posso mais. Sou outro onde posso Que não sejas jamais Amor.
É preciso somente que Não seja eu para que não Sejas mais amor, amor, Em mim.
Contudo, já não és O cuidado que me deste, O sorriso que fizeste. Mudou-se que saíste, Meu amor.
Já não és, meu amor, A chance que pedi No momento em que perdi As estribeiras, amor Que não, não é meu.
Falho na empreitada Onde far-me-ia teu Amor que pediste Ou que fingiste Procurar, meu amor Que não és.
Meu amor já não és. Foste, mentira linda! Sincero atraso no dia Do dia em que seria O princípio, que não foi.
Não és, brevidade magnífica, Desordeira meticulosa Do alheio coração, meu amor, Que fizeste não mais eu.
Meu amor já não és. E perdoa-me, pois não posso, Não dou verso ao desamor. E bota fé que é com pesar Que procuro o apagar Do que não és, Do que não somos.
Meu amor, já que sim, és Motivo de rima, de rumo De tudo no tanto, no entanto Não és nada.
Meu amor já não és. Se não existes, Não existo eu.
Sem consumir-te, Ausente consumar-te, Ainda sim, meu amor, Permanecerás.

M.176.Meio bossa nova e rock'n'roll - Lucas Menezes Maida


Ela é uma Blitz na hora do Rush
No meio da Highway to Hell
De veludo com um revólver
Aponta a escada para o céu

Quer seu nome brilhando em Led
No corpo de um Zeppelin
E uma placa Metallica
Escrito “eu te quero só pra mim”

Ela discute signos, sou peixes
Dead Fish nas Águas de Março
Ela é Scorpions, decidida
Leva a sério, mas eu disfarço

Minha Queen mal sabe
Que Ultrajes rigorosos não me comovem
Ela me xinga, eu respondo: “U2”
E continuo sendo um Bon jovem

Mas eu lhe dou um Kiss
A gente esquece as Guns
Foca nas Roses
Que Ogum exime os afãs

Quando tudo estiver Red e Hot
Ela atinge na minha cama
O bpm da MPB
E o estado de Nirvana

Fica tudo no Bem Bom
Toco um love song
Acabou o chorare
You shook me all night long

Seu Nelson Motta deu a nota
Que hoje o som é rock'n'roll
E esse clipe sem nexo
Faz parte do meu show

M.175.Mariana - Lucas Menezes Maida


Quando eu vi Mariana
Na sua forma mais linda
Não percebi que ainda
Estava cercada em liberdade

Eu, que bebia na sua fonte
Carrego escombros túrbidos
E os meus ombros úmidos
Se enfraquecem de saudade

O Sol que arde dentro de nós
Justifica essa sobrecarga
A foz, a voz, avós a sós
Inundam essa vida amarga

Se, no seu passo tímido, eu encontrei paixão
É porque seu ritmo me engana
Rio doce que me afoga de sal, hipertensão
A vida insiste em continuar, Mariana

No seu vestido terracota escuro
Eu escorri como dois rios inteiros
Sem direção, contramão
Ação de um empreiteiro

Você virou minha obra mais bela, Mariana
Construída pelo Pai, pela Mãe
Pelo Espírito Santo
Amém e amem
Destruiu hectares de acalanto

O que restou da nossa vida leve
Vida louca, vida breve?
Leva uma vida bela
Como uma chuva que escreve

Eu sem você, Mariana
É uma família sem casa
É uma cidade sem água
É uma nódoa sem mágoa

É um pescador sem o peixe
Agricultor sem o feixe
Um Índio sem tribo
Farinha sem trigo

Mariana foi um rio que passou em minha vida
Assim, efêmera, líquida
Não mais insípida, tampouco incolor
Inodora, e agora?
Mariana, você roubou o meu amor

M.174.Mais bonito - Rupi Kaur


“O amor vai chegar
e quando o amor chegar
o amor vai te abraçar
o amor vai dizer o seu nome
e você vai derreter
só que às vezes
o amor vai te machucar mas
o amor nunca faz por mal
o amor não faz jogo
porque o amor sabe que a vida
já é difícil o bastante.”
É possível acreditar num romance feliz.
O amor é o mais forte dos sentimentos, e ele vem para fazer bem ao coração.
Quando um amor de verdade chega, torna o mundo mais bonito.
Porque não há nada tão belo quanto o amor.

M.173.Meu momento - Douglas Farias


Quero ter um momento só pra você
Um momento que não tenha só que trabalhar
Em que as contas não me tirem o sono
Que o cansaço não venha abater
Nem o desânimo faça-me refém
Nada vai tirar minha paz
Hoje nenhum suspiro de dor
Nenhuma palavra de desafeto
Irão fazer com que não tenha esse momento
Um momento que decidi passar contigo
Nem que seja por um breve momento
E que possar ser um último momento
Estarei aproveitando com você
Um momento, um lindo momento
Um único momento, com você
Preciso desse momento
Para contigo estar nesse momento

M.172.Minha arte - Douglas Farias


Seja eterna, seja para sempre
Uma história, uma vida
Que sonha, que escreve Que vive, que continua
É sentida, é ouvida É seguida, é vivida
Traz paz, traz calma Alivia, conforta
Inspira, cativa Materializa, conquista
Me completa, me faz Me emotiva, me transforma
Minha luz, meu viver Minha arte, meu ser

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

M.171.Mensagens - Anali Sabino


Se você tem sido magoado e ferido por pessoas difíceis de agradar, você pode pensar que Deus é do mesmo jeito.
Mas Ele não é !
Não é tão difícil agradar a Deus, como podemos pensar.
A Fé simples e infantil O agrada.
Ele já sabe que não nos comportamos perfeitamente o tempo todo.
É por isso que Ele enviou Jesus para pagar por nossos fracassos e erros.
Às vezes é difícil admitir para nós mesmos ou para as outras pessoas que somos falhos e que não somos perfeitos, mas uma vez que entendemos como Deus nos vê
através de Cristo, deixamos de ser sensíveis ao que as pessoas pensam sobre nós e de nos sentir mal sobre nós mesmos. —
Isso não significa, porém, que não devemos ser cuidadosos e amorosos em nossos relacionamentos.
Devemos praticar a palavra, mas não temos que ser viciados na aprovação dos outros, porque já temos a aprovação de Deus!

M.170.Mais que palavras - Douglas Farias


Te amar
Te proteger
Te fazer feliz

Dar carinho
Dar conforto
Dar sustento

Ser fiel
Ser honrado
Ser todo seu

Mais que uma promessa
Mais que palavras
Mais que um sentimento
Apenas sinta

Sou para você
Como és para mim

Dou meu coração
Como destes o seu

Encontrei em ti
O mais perfeito amor

De ti farei
A mais amada
A mais protegida
A mais feliz

Quero lhe dar
Todo meu carinho
Todo meu conforto
Todo meu sustento

Terás de mim
Toda fidelidade
Toda honra
Todo eu

Sou para você
Como és para mim

Dou meu coração
Como destes o seu

Encontrei em ti
A mulher dos meus sonhos

M.169.Marcas - Douglas Farias


Lágrimas molham o rosto Lembrança de quem não está mais
O sorriso que não há mais aqui
A doce presença agora se que foi...
Solidão que aperta o coração
Não tem volta o que o vento levou
A luz que outrora estava aqui
Agora está no céu longe a brilhar...
Um momento a lembrar
Um sino a ecoar
Todos pudemos sentir
A última canção que se ouviu...
À memória de quem partiu
Difícil esquecer
Tudo me faz lembrar
O que havia em você...
Apenas marcas é o que há
Apenas marcas me faz lembrar
Apenas marcas me faz sentir
Apenas marcas...

M.168.Meu universo - Douglas Farias


Coisas que sinto
Coisas que falo
Ninguém dar valor
Ao que eu faço

Escrevo sobre amor
Escrevo sobre beijo
Ninguém pode ver
Como realmente vejo

Em poucas palavras
Em poucos versos
Ninguém entende
Meu universo

Nem sempre sou
Nem sempre tenho querer
Ninguém pode mudar
O que sempre quis ser

M.167.Mais que bons amigos - Douglas Farias


Abraço-te como amante e o que você faz?
Como amigo me abraça e nada mais
Beijo-te com todo desejo e me satisfaz
Em meu rosto seu beijo nada me traz

Apenas bons amigos queres ser
Mais que bons amigos quero ser
Apenas bons amigos pretende ser
Mais que bons amigos... quero você

As cartas que escrevi parecem ter
Doces palavras de um amigo para alguém
Não é nada que diria a mais ninguém
Quero ser muito mais do que você já tem

Apenas bons amigos queres ser
Mais que bons amigos quero ser
Apenas bons amigos pretende ser
Mais que bons amigos... quero você

Um pedido hoje quero lhe fazer
Aceite todo amor que tenho pra você
Além de palavras quero lhe dizer
Mais que bons amigos quero ser

M.166.Minha Sina - Douglas Farias


MINHA SINA Douglas Farias
Mesmo na chuva
Quando ando na rua
De pedras duras
Sigo à sua procura
Mas só enxergo a lua
Nessa noite mais escura
Minha sina continua
Por mais que conclua
Quero que possua
Minha paixão a sua
Sentimento que cura
Toda dor que atura
Não importa a altura
Chegarei com bravura
E conquistar minha futura
Amável doçura
De alma pura
Que me leva a loucura
E meu coração perfura
Ficará comigo juras
Mesmo que você recua
Estive sempre a sua procura
Minha sina continua

M.165.Mais que seu amigo - Douglas Farias


Minha voz ao seu ouvido Quando falo aqui contigo
É hoje que consigo Ser mais que seu amigo
Com seu jeito me conquistou Com seu toque me provocou
Sua boca me convidou Antes de mim você já imaginou
Colírio pra quem te ver Encanta com seu ser
Honra para quem lhe ter Sou feliz por me querer
Até mais tarde quero ficar Aproveitar esse lindo luar
Não há mais nenhum lugar Tão belo igual ao seu lindo olhar

M.164.Minha querida - Larissa Tassi


Reluz o luar e as estrelas
Brilha o amor por onde você for
O fogo aquece o frio
E acende meu coração

É você que me conduz
Minha Guerra, Minha Paz
O brilho da alma e a coragem que faz
Nosso sonho se realizar

Vamos lutar, juntos nada pode nos deter
O amor é a fonte do nosso poder
E acreditar que o novo dia vai amanhecer
Recriando a luz do Sol
Só pra nos aquecer

M.163.Musa - Fagner Ricardo


Mulher que meu coração anseia, 
Que a própria beleza tem inveja,
Cujo o olhar de tão belo me enleia,
É templo, é sonho, é minha régia.

Deleita-me o olfato o teu cheiro,
Fragrância que até as rosas cobiçam
E me prende e me torna prisioneiro,
Tua voz que os meus sonhos atiçam.

Minha alma se entristece na tua ausência, 
E Só tua presença me acalenta, 
Te adoro em corpo, alma e essência, 
E só tua existência me alimenta.

Perco-me e me acho em teu sorriso,
A perfeição se faz sobre seus traços,
Um dia sonho em ir ao paraíso,
Mas hoje eu só quero seu abraço.

M.162.Melhor Arte - Douglas Farias


Encena o amor, apresenta-te o amor Quero em ti sorrir, contigo chorar
Expressa em sua face Transmite o que sente Fascina a quem te assiste
Sentir o drama na dor de sua alma Falar que a vida é uma comédia Ver o terror em seus olhos ao partir Aventurar-se para te encontrar
Dos textos prepara tuas falas Monólogos e canções me tiram o fôlego Da dança transmite toda paixão Seja qual for a emoção da arte Você é o maior espetáculo