quinta-feira, 19 de outubro de 2023

D.097.Desalento - Vinícius de Moraes


Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim
Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

D.096.Desatinos - Eduardo Baqueiro


Que ando distante!
Sim! Eu sei que sou!
Mas, como a luz das estrelas,
Minha luz chega até você...
Talvez ela não te aqueça o corpo
Mas, certamente, te ilumina o caminho!
Tem coisas de mim que desconheces...
Dizem que não sou de confiança,
Não me importo com isto!
Eu apenas sou calado
E o meu silêncio pode ser
interpretado de várias formas...
Não me importo com o que dizem
ou pensam de mim.
Eu apenas sou o que sou!
Não preciso provar nada a ninguém!
Se quiseres me amar, ama
Mas me ame como sou...
Não me queiras ter como desejas
que eu seja,
assim eu não estarei livre...
e, preso, serei como um pássaro cativo,
esquecerei meu canto,
Deixarei de ser eu e não serei ninguém...
Se me amas, como dizes,
Me aceita como sou...
Não sou igual a ninguém,
Nem melhor, nem pior...
Apenas sou eu, nada mais!
E te amo!
Te amo do meu jeito,
Porque é impossível não te amar,
Porque aceito você do jeito que és,
Não importam teus medos,
Eles também são meus..
O que realmente importa é o amor
que nos une.
Somente isto faz sentido,
Nada mais.

D.095.De ti jamais esquecerei - Dalva Stolf


De ti jamais esquecerei.
Estou aqui ouvindo musicas que nos trazem recordações.
Desta ficaram em minhas lembranças do tempo em que juntos passamos.
Há amor!
Como era bom estar em teus braços, sentir teus carinhos.
Tuas mãos percorrendo todo meu corpo, depois, nos amando nos tornando um só corpo uma só alma.
Como me faz falta, estes teus carinhos, teus afagos, me desejando cada vez mais e eu a ti.
Amor meu, queria você aqui mais uma vez ,nem que fosse, a ultima vez e sentir-te bem junto de mim outra vez.
Amor pode passar anos deste amor por ti não deixarei de sentir, pois meu coração a ti entregou e meu corpo e minha alma também é todo teu.
Hoje, agora, neste momento, desejaria que meu mundo parasse e pudéssemos voltarmos uns anos atráz.
Ainda estaríamos um nos braços do outro, quem sabe corrigir onde erramos, e poder estar juntos novamente no dia de hoje.
Amor , sinto tanto tua falta,hoje e sempre te amarei.
De ti jamais esquecerei.

D.094.Desvario - Olga Matos


Fiz a trilha, bem feitinha, tirei pedras e espinhos, aplanei e contemplei...
plantei sementes nas beiras... o caminho floresceu..
Ficou lindo o meu caminho, sombras verdes, sol e lua passarinhos e ar puro...
mas a vida, minha vida caçoou e riu de mim...

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

D.093.Dia das mães - Angélica T. Almstadter 


Embora dia das mães seja todos os dias, alguém resolveu nos dar um dia especial que consta da folhinha, e do calendário de todas as lojas; para que os filhos pudessem gastar seu dinheirinho comprando um presente pra limpar a barra com a mamãe. Aqueles que não tem dinheiro para comprar nada abraçam beijam e dizem "eu te amo", mesmo que seja para cumprir tabela.Não, eu não duvido que ame, mas quem disse que precisa dia para abraçar a mãe ou para dizer : eu te amo? Nós mães fazemos isso todos os dias quando preparamos a comida, quando cuidamos com carinho de suas roupas para que fiquem limpinhas e cheirosas. É claro que não precisa babar em volta da gente, nós percebemos o quanto tem de obrigação esses gestos exagerados nesse dia, mas não deixem por favor esse dia passar em branco, sem um telefonema, um gesto carinhoso, porque embora a gente insista em dizer: não precisava...Vamos ficar muito tristes se constatarmos que nossos filhos não dedicam a nós nem um minutinho do seu dia. Dificil entender as mães não é? Pois é, a gente fica tão sensível quando se diz que esse dia é só para as mães que acabamos por ficar derretidas, mesmo quando dizemos que isso é uma bobagem e que nosso dia é todos os dias. O peso da data acabou por incorporar nosso calendário também porque para onde quer que olhamos vemos referências; seja no encarte do supermercado, nos autdoors, nas propagandas de tv e em todos os lugares possíveis se vê mães estampadas como garota propaganda! Assim, se preciso mesmo de uma data para que notem a importância da minha existência como tal,  porque ficou tão banal receber de mão beijada todo conforto que posso proporcionar aos meus filhos; quero-o com toda pompa e honra que possa merecer.Quero comida pronta, ou almoçar num bom restaurante onde haja comida limpinha e bem feita, como a minha, então filhos queridos nada de encher minha casa para o almoço! Antes que me joguem na cozinha cozinhando para um batalhão lembrem-se que o dia das mães é para dar alegria para essas míseras mortais e se eu disser que fico feliz nesse dia passando parte dele com a barriga no fogão e na pia, podem acreditar que minto, afinal faço isso o ano todo. Já que a data está instituída, vou gozar dela como posso e quero, terei um dia só meu e não adianta quererem me colocar no molde de mamãe padrão. Estou indo curtir o meu dia das mães me divertindo por aí! Estão rindo de quê? Se tivesse o dia dos filhos, o que vocês fariam?Fui....

D.092.Desapego - Angélica T. Almstadter


 Um pouco a cada dia, solenemente,
 Intensamente em cada hora
 Morro.
 Com satisfação e gozo.
 Delinqüente sobrevivente que sou antevejo a epopéia do desenlace,sufocada na agonia.
 Alma túrgida de funestos desejos.
 Abraço em desespero o caos que antecede o silêncio sepulcral.

D.091.Descobertas - Pastorelli


Estavam calados. Um de frente para o outro. E entre eles a toalha tendo em cima a guloseima que trouxeram.
O sol brilhava numa meia-luz projetando claridade plácida que a sombra da frondosa árvore proporcionava.
Cláudio sentia a morosidade do momento a se deslumbrar no horizonte de suas vidas.
Tinha o olhar concentrado no que fazia. Era esse seu jeito, sua característica a lhe dar requinte juvenil.
Sandro por sua vez, trazia no olhar o brilho perdido na distancia que ultrapassava aquele momento sereno, as vezes apático, corriqueiro, mas de raro fluir de sentimentos. Pensou em registrar algum som com sua voz de barítono, mas desistiu.
Não tinha competência para explicar o que se passava no pensamento.
E também não sabia se valia à pena, pois Cláudio talvez não estivesse interessado.
É idiotice pensar em falar e ficar quieto.- Idiota! - pensou.Cláudio continuava com a atenção voltada ao que fazia.
Comia um pedaço de pizza e bebia coca, isto é, entornava boca adentro o que restara da comida. Ao ver a esfomeação do amigo, uma pequena, mas nítida náusea subiu de suas entranhas, que foi preciso tapar a boca com a mão na tentativa de abafar o arroto.
Impossível. No olhar mudo e no gesto silente, Sandro entendeu como desculpa, mas o brilho dos olhos de Cláudio o traíram.
Aquela cena revoltava seu estômago. A gula do amigo ofendia o requinte do instante cálido em que estavam.
Surpreendido ficou com a justa raiva notada nos sulcos da testa que surgiram. Sandro notara todo o incrédulo ato de nojo que Cláudio tentou esconder em vão.- Ora! Não posso mais comer?Gritou o seu sentimento ofendido. Cláudio quieto, não respondeu.
Via na pergunta do amigo, irritação provocativa. Continuou a arrancar pequenos pedaços de grama. De viés olhou a raiva de Sandro.- Bobo! - pensou.Um sorriso sereno, de leve contraiu seus lábios finos. Não podia acreditar que Sandro estivesse realmente bronqueado com ele.
Pensando em quebrar o gelo que entre eles se formara, pegou um punhado de grama e jogou no rosto de Sandro.
Sandro ao ver a grama cair sobre sua cabeça, rilhou os dentes e praguejou:- Filho da puta! - e ao mesmo tempo jogou o conteúdo do copo em Cláudio.- Seu veado!Depois dessa troca de amenidades, se engalfinharam num corpo a corpo.
Primeiro Cláudio pulou em cima de Sandro não dando chance a ele de se safar. Rolaram esparramando tudo o que estava na toalha, copos, garrafas, comida, pizza. Num gesto brusco Sandro conseguiu empurrar o amigo que caiu batendo as costas.
Ao pensar ligeiro, Cláudio com os pés na barriga do amigo lançou o corpo franzino longe.
Novamente ele estava por cima, tentando esmurrar a cara de Sandro, que procurava aparar os golpes.
Num dado momento, sem que conseguissem explicar, talvez por ter girado o corpo, Cláudio perdeu o equilíbrio e quando perceberam suas bocas de leve se tocaram.No mesmo instante, petrificados como se o olhar da Medusa os atingisse, ficaram.
Minutos pequenos não se ouvia nem a respiração de nenhum dos dois.
O olhar duro um no outro gelava as entranhas. Ao mesmo tempo fizeram uma careta de nojo.-Argh! - fez Sandro.-Argh! - retrucou CláudioE rapidamente se separaram. Um bem longe do outro.
Sentiam a perturbação do inesperado a arder por dentro. Sandro conseguia ver a queimação lavrada num ardor intenso em seu rosto. Não decifrava o acontecido. E principalmente porque se revoltara ao sentir os lábios do outro tocando o seu.
Fora um acidente. Cláudio tenso segurava os nervos que tremiam por baixo da pele. Sua raiva extravasava o limite da razão. Com a feição endurecida queria ver o amigo longe. Que a terra se abrisse e engolisse Sandro. E assim ficaram. Sentados.
Sujos de comida e bebida e terra. Quietos. Só ouvindo o tempo correr no espaço.
Aos poucos Sandro se permitia sorrir ao lembrar da cena. Cláudio ainda meio tenso, perguntou:-Ta sorrindo do que, seu bobo?-Da sua cara de macho ofendido.-Vá encher o saco do outro.
Vamos é arrumar as coisas.- Ta certo, Sandro continuava rindo.Cláudio por fim se rendeu.
Se descontraiu e caiu na gargalhada. Guardaram o que restou da comida na cesta. E ao se encaminharem para o carro, Cláudio parou o amigo pondo a mão sobre o peito dele.-O que foi? - perguntou Sandro.-Há uma pequena folha de grama em seus cabelos.
Espere que vou tirá-lo.E com gesto proposital quase afetado, com delicadeza retirou a sujeira do cabelo do amigo.-Vá à merda!E quase numa retribuição, Sandro abre a porta do carro, fazendo uma saudação para o amigo entrar. Cláudio já estava dentro do carro quando gritou:
- Os peixes, os peixes, esquecemos dos peixes.E saiu numa desabalada carreira, voltando logo em seguida exibindo o troféu. Subiram no carro e deixaram o bucólico recanto das descobertas onde ainda a meia-luz da tarde resplandecia ao fundo.Pronto.
Colocou o ponto final. Será que gostarão? Não sei. Também pouco me importa se gostem ou não.
O importante é que eu gostei de escrever. Clicou no arquivo. Salvar. Fechou o word. Desligou o computador. Apagou a luz da sala e foi dormir.

D.090.Despedida - Conceição Pazzola


Quando algum dia eu morrer
Quero você sorrindo para mim
Lembrando que fomos felizes
Cuidando de nosso jardim

Quando algum dia eu morrer
Cercada de entes queridos
Frutos de mim de você
Sem lágrima e rancor antigo

Quando algum dia eu morrer
Faça chuva, faça sol lá fora
Não quero lhe ver entristecer
Cante baixinho nessa hora

Felizes de nosso alegre passado
Nada vai mudar meu amor
Sempre estarei ao seu lado
Seja por onde você for.

D.089.Dia do Circo - Lucelena Maia


Respeitável público!

O circo chegou na cidade
para alegrar a toda gente
chegou trazendo felicidade
desejando ver o povo contente


Tem
palhaço e equilibrista
acrobata e contorcionista
mágico e trapezista
picadeiro sem animais
atrações imperdíveis e mais...


Hoje tem marmelada?
Tem sim senhor...

Tem apresentação da cultura popular
com performances inteligentes
espetáculos bem diferentes
fazendo o circo perpetuar...


Senhoras e senhores...

Apresentamos
Instituição fomentadora do riso
que é a arte da intelectualidade
e
para fazerem rir de verdade
os homens do circo,
improvisam...

D.088.De coração para coração - Lucelena Maia


Meiroca, assim você é para mim...
sinônimo de força e de bom coração
qualquer coisa de grande explosão
de brilho, de felicidade... Enfim,

Uma das pessoas mais admiráveis
por sua conduta e forte estrutura
porque carrega a boa ventura
e a sabedoria dos inconjugáveis

E, porque é minha irmã, eu amo você
por tudo de cumplicidade que vivemos
e porque juntas ou sozinhas aprendemos
que a vida jamais será algodão-doce;

Eu juro! Quantas vidas me forem dadas
quero ser sempre sua melhor amiga
e mesmo que eu venha como formiga
no seu açucar farei minha morada

Tenho muito orgulho do seu sorriso
e desde menina eu já pensava assim
talvez porque nele há muito de mim
também, da mãe, do pai, da Dinha...do paraíso.

Sim, tudo estava escrito e com fervor;
juntariam-se os Pastres e os Maias
resistentes às dores e às tocaias
por fidelidade à crença no amor...

Feliz Aniversário, Meire, eu lhe desejo
receba meu abraço e um beijo
quentes como a um pão-de-queijo
e porque sou poeta, receba meus versos cortejos...

Parabéns, querida irmã!!!!

D.087.Dança do vento - Afonso Lopes Vieira


O vento é bom bailador,
baila, baila e assobia,
baila, baila e redopia
e tudo baila em redor!

E diz às flores, bailando:
- Bailai comigo, bailai!
E elas, curvadas, arfando,
Começam, débeis, bailando,
E suas folhas tombando
Uma se esfolha, outra cai,
e o vendo as deixa, abalando,
- e lá vai!...


O vento é bom bailador,
baila, baila e assobia,
baila, baila e redopia
e tudo baila em redor!

E diz às folhas caídas:
- Bailai comigo, bailai!
No quieto chão remexidas,
as folhas, por ele erguidas,
pobres velhas ressequidas
e pendidas, como um ai,
bailam, doidas e chorando,
e o vento as deixa, abalando,
- e lá vai!...

O vento é bom bailador,
baila, baila e assobia,
baila, baila e redopia
e tudo baila em redor!

E diz às ondas que rolam:
- Bailai comigo, bailai!
E as ondas no ar se empolam,
em seus braços nus o enrolam,
e batalham,
e seus cabelos se espelham
nas mãos do vento, flutuando,
e o vento as deixa, abalando,
- e lá vai!...

O vento é bom bailador,
baila, baila e assobia,
baila, baila e redopia
e tudo baila em redor!

D.086.Descabidos - Lucelena Maia


São os dias, nas grandes cidades.

Estejam limpos, nublados,
chuvosos ou ensolarados
nada muda
pessoas apressadas,
buzinas disparadas,
trânsito infernal,
estômago digerindo mal,
come-se prato frio,
passa-se horas a fio
dentro da condução
que leva ao trabalho.


Tempo esgotado,
sorriso foge dos lábios,
problemas amontoam-se,
não se caminha fácil,
olhares perdem-se no asfalto,
sobra cansaço,
escasso são os minutos,
não se tem segurança
e, o trânsito
continua
um insulto...


Os dias nas grandes cidades
não se encaixam,
são repetitivos,
solitários,
cansativos,
suados...
Enquanto uns vão, outros vêm,
no ônibus,
no metrô,
no carro,
no trem.

D.085.Das minhas saudades - Lucelena Maia


Sinto minha alma buscar, em devaneio,
Na soleira do tempo, a fazenda e a casa.
Do alpendre, resgato o olhar na estrada,
E as vezes que desejei nunca partir
Daquela infância regada de simplicidade,
Do mundo de céu azul e cristalino riacho,
Da lua cheia, invadindo o pequeno quarto,
Do uivo feroz, penetrando o ouvido,
(Era do lobisomem, meio gente, meio folclore)
Da chaminé, que anunciava a hora do café,
Da cozinheira na luta, barriga molhada,
Do fogão a lenha, em plena atividade,
E da família indo, outra vez, para a lida...
Sobre a toalha xadrez, migalhas de pão
E farelos das boas risadas trocadas...

D.084.Dor e medo - Thaina Santiago


Há muitos que conhecem
há misteriosa dor e o tal medo
são eles mesmo o causador
dos gemidos de uma criança
que extingue o brilho no olhar,
quebram a beleza do sorriso,
as lágrimas me verdade são suas filhas...
Dor e medo, dão e tiram
a vida do homem,
engrandecem o gênio,
educam o próprio espírito...
Medo e dor transformam o homem
em um bravo ou valente
e o faz um santo.
Esses sentimentos trazem
contínuo sofrimento,
profunda tristeza e
desolação extensa...
Andam por todos os lugares,
não são prazerosas,
mas se não fosse por eles:
como poderíamos explicar a saudade?
Que graça teria o amor,
sem um desses dois?
Mas na verdade esses são
uns dos sentimentos
que nos guiam para o caminho
do Perdão!

D.083.De volta ao um - Brian McKnight


É inegável que devemos ficar juntos
É inacreditável como eu dizia que jamais me apaixonaria
Você precisa saber
Se já não sabe como me sinto
Então deixe-me mostrá-la agora que eu estou falando sério
Se todas as coisas, na hora certa, o tempo revelará
Sim...

Um: você é meu sonho bom
Dois: só quero estar com você
Três: Garota, é evidente
Que você é a única para mim
E quatro: repita os passos de um a três
Cinco: e se apaixone por mim
Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado
Então voltarei para o primeiro passo
Sim...

É tão incrível como as coisas acontecem sozinhas
É tudo emocionante quando você descobre do que se trata, ei
E é indesejável que nós fiquemos separados
Eu jamais teria ido muito longe
Porque você sabe que tem as chaves do meu coração
Porque...

Um: você é meu sonho bom
Dois: só quero estar com você
Três: Garota, é evidente
Que você é a única para mim
E quatro: repita os passos de um a três
Cinco: e se apaixone por mim
Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado
(Então voltarei para o primeiro passo)

Diga adeus a escuridão da noite
Eu vejo o sol se aproximando
Sinto-me como uma criança cuja vida está começando
Você chegou e trouxe uma vida nova dentro deste meu coração solitário
Você me salvou na hora exata

Um: você é como um sonho que se tornou realidade
Dois: só quero estar com você
Três: Garota, é evidente
Que você é a única pra mim
E quatro: repita os passos de um a três
Cinco: e se apaixone por mim
Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado
Então voltarei para o primeiro passo

D.082.Dona - Douglas Farias


Ei dona, você deixou uma lágrima cair
Achei que fosse de tristeza
Então, deslumbrou um belo sorriso
Um alívio que afastou toda preocupação
Tenha calma! Eu consegui voltar
Não como eu planejava, mas estou aqui
Aqui, de onde nunca deveria ter partido
Mesmo que o desespero superasse todas as esperanças
Não poderia ter te deixado sozinha Ei dona, essas marcas vão me fazer lembrar
Essas dores vão trazer uma certeza
De que a luta não foi em vão.
Sei que perdi mais do que ganhei
Mas o que ganhei superou tudo que há de mais valioso
Conquistei seu amor, seu respeito e sua confiança. Ei dona, estou aqui, voltei para seus braços
Você me esperou todo esse tempo
Quis acreditar que um dia seu amor voltaria
Foste sua fé que me trouxe de volta
Tudo que eu mais desejava naquele lugar
Era simplesmente olhar outra vez seu lindo rosto
Nem que fosse um único segundo Ei dona, irei tomar partida de onde paramos
Esse longo tempo não mudaste o que somos
Acendeu ainda mais nosso amor
Os nossos sonhos e planos iremos realizar
Não tenha dúvidas, por você eu lutarei ainda mais Ei dona, nós sabemos que um dia terei que parti de novo
Mas seja aonde estiver, aonde for, ou como for
És a dona, a dona do meu amor.

D.081.Dons - Elcimar Reis


Há pensamentos para tudo. Há pessoas que dizem que possuímos algo especial e não conhecemos, ou não descobrimos oque é ainda.
Há pessoas que insistem em correr atrás dos sonhos, não importa o quão impossíveis sejam.
Há pessoas, que assim como eu, enxergam o mundo com outros olhos, mais simples, mais sublimes.
Essas pessoas não estão erradas em suas maneiras de pensar e de ver o mundo.
Elas possuem este dom, que talvez, todos deveriam possuir. Somos seres falhos, com ideias, com momentos de fraqueza.
Certo dia, há um mês, tentei me distanciar de um dos meus dons. Estava me matando.
Afinal, quando se tranca algo dentro de você, algo que busca a liberdade, que busca ser publico, que buscar ajudar os outros, naquele momento sua vida perde cores; perde sentido. Descobri uma, que possa ser uma das lições mais importantes da minha vida.
Não se pode guardar dons. Não se pode fugir deles, trancá-los, aprisioná-los.
Eles nasceram para ser livres. Não se destrua. Descubra seus dons, e simplesmente deixe-os soltos, libertando outros pelo mundo.

D.080.Desejo - Luciano de Souza


Se o universo vive em sincronia
Porque o homem não o copia?
O sol nasce e faz o dia
A terra gira e faz a tarde
Um outro giro e a noite invade
Então as estrelas se acendem brilhando e guiando
Há milhões de anos coadjuvando com a lua
No firmamento acontece tudo em perfeita estrutura
Diferente daqui das nossas vias e ruas
Onde carros se chocam e as motos colidem
Com pessoas que brigam por motivos banais
É tão triste quando filhos enterram seus próprios pais
Mais triste ainda quando os pais enterram seus próprios filhos
Contrariando com isso as leis naturais
Eternos rivais, seguem destilando ódio
Quantos nesse dia morrerão na guerra pelo petróleo
Quantos mais nessa noite fecharão os olhos
Não tornarão abri-los quando o dia raiar
Isso é triste, mas temos que continuar
E que na sombra do Onipotente você venha descansar!

D.079.Dom da sabedoria - Neil Barreto


"O medo é fé na derrota!"

"Quem não espera se desespera!"

"A pior ordem a ser obedecida é aquela que não foi dada!"

"Para crescer não se faz força é natural!"

"Felicidade não é aonde se chega, e sim a maneira como se vai!"

"O problema não é o que fizeram comigo, mas o que eu faço com o que fizeram comigo!"

"Sabe muito quem sabe que não sabe, pois quem pensa que sabe, ainda não sabe como convém saber!"

"Quando não souber o que fazer não faça nada!"

"Deus não trabalha em cima de ações e sim de intenções!"

"Fé é o combustível que move Deus em nosso favor!"

"Ter inveja não é querer ter o que o outro tem, mas sim querer que o outro não tenha aquilo que você também não tem!"

"Não morra antes da morte chegar!"

"Deus prefere te perdoar do que te perder!"

"Se nós adorarmos a Deus sem razões, ELE nos dará muitas razões para adorá-lo!"

"A Vitória é dos fracos que sabem lidar com as fraquezas!"

"A dor é inevitável. O sofrimento é opcional..."

"A qualidade das más companhias não podem roubar de nós a capacidade de achar as boas."

"Não é pecado estar fraco, pecado é se entregar a fraqueza sem luta"

"Mais vale uma rebelião que é produto de coragem do que uma obediência que é produto de covardia" 

"A benção de Deus sobre a sua vida, não está na ausência da dor, mais sim na capacidade de superá-la" 

D.078.Do seu lado sempre estarei - Douglas Farias


Corria contra o vento Sentindo a brisa passar
Brincava com as flores
Como se comigo fossem falar

De longe te via
Com olhar admirado
Sabendo em seu coração
Que sempre estaria ao seu lado

Viu-me nascer
Confortou-me em seus braços
Logo percebia
Que teríamos grandes laços

Todas as noites
Olhando pelo vidro
Esperava seu carinho
Para ficar comigo

Só que um dia
Tive que partir
Mas uma vez em seus braços
Não te vi mais sorrir

Tenho a sensação
Que de novo seremos
Velhos amigos e
Que logo nos veremos

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

C.158.Companheiros - Mia Couto


Quero
escrever-me de homens,
quero
calçar-me de terra,
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho.

E quando ficar sem mim,
não terem escrito
senão por vós,
irmãos de um sonho.
Por vós
que não sereis derrotados.

Deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros,

Mas não lego
mapa nem bússola,
por que andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver.

Hei-de inventar
um verso que vos faça justiça.

Por ora
basta-me o arco-íris,

em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos,
mas que permaneceis sem preço.

Companheiros

C.157.Chuva Bendita - Neusa Marilda Mucci


Chove a chuva, assim mesmo, a quero em redundâncias! Ela precisa ser homenageada e bem acolhida, pois é música ao coração em novas esperanças e cores para a natureza humana, a fauna e flora. Cada gotinha que cai é uma joia preciosa, um presente que vem do céu, tem valor inestimável, porque jamais poderá ser comprado ou vendido por alguém. Dependemos da água para que a vida continue e essa melodia da chuva, composta pelo Maestro criador de todas as sinfonias da natureza é a mais aplaudida onde chega, principalmente se o estio se prolongava.

Quando a chuva vem, tudo se renova em cores e sons, germinam sementes, dançam as folhas das plantas esbaldando alegria e os animais também percebem a mudança. No coração do homem sedento e entristecido pela estiagem nasce uma oração. É de agradecimento e quiçá cada um entenda que é preciso preservar toda a natureza, economizando seus recursos sempre, para que a vida continue plena, abastecendo de alimentos e água todo ser vivo. Respeitar a natureza sempre!

Ela é mãe e quando quer ensinar, mostra a sua força.

C.156.Cartas de amor - Lucas Menezes Maida


Ridícula igual todas as outras
Esdrúxula igual Álvaro um dia escreveu
É ridícula por ser de amor
E digna de quem já sofreu

Escrevo mesmo assim
Sem vergonha de ser patético
Cético a ponto de acreditar
E acreditando a ponto de ser cético

Você me fez voar mais alto do que Dumont
E escrever melhor do que Drummond
Eu sei que vou te amar em cada despedida
Mais do que a música do Tom

Ave de rapina, sofisticada como anis
Minguante como 1/3 da lua
Depois de 14 beijos, eu pedi bis
E lembrei ¼ de você nua

Estudei as três do romantismo
Para chegar à fase que estou
Inexplicável e surreal como Ismália
Que por um sonho se jogou

Vivo a “Lira dos Vinte Anos”
Cantando a “Canção do exílio”
Boêmio urbano
Postiço como um cílio

Descartável igual flecha
Fiz cego ver, milagre de um cupido
Dancei com o seu cabelo
E te ganhei com uma fala mansa ao pé do ouvido

Prometi a mim mesmo
Que não ia escrever uma carta de amor
Mas escrevi, não só para depor
Mas para não ser
Ridículo

C.155.Capitão - Lucas Menezes Maida


Que você sinta fome
Mas, sempre de bola

Que você faça falta
Mas, nunca na escola

Que você coloque os adversários no bolso
Mas, nunca as coisas dos outros

Que você faça gols de placa
E, nunca desmanche um Gol sem placa

Que você seja o capitão
Nunca, o olheiro

Que a festa na favela acabe em gols
Nunca, em tiroteio

Que você seja quem quiser ser
Buarque com Luiz Gonzaga
Ataque com juíz com zaga

Que você frequente o campo e a concentração
Mas, nunca os dois juntos

Que você seja o primeiro na capital
No Brasil e no mundo

Que você seja o capitão
Nunca, o Nascimento
Tampouco do Mato

Que você fique livre
Da marcação

Da Fundação, da prisão
E do fardado

Que a única coisa que você precise roubar
Seja a bola do adversário

Que você tenha problemas no vestiário
Mas, nunca no vestuário

Que o seu esporte predileto
Seja o mesmo do Nazário

Que você molhe a camisa
De suor, nunca de sangue

Que a única coisa organizada que você veja
Seja a torcida

Que você seja artilheiro
Mas, nunca faça parte da artilharia

Que você fure bloqueios
Nunca moletons

Que você use colete
Nunca à prova de balas

Que você seja assunto na mesa redonda
Mas, nunca na quadrada

Que você seja o capitão
Nunca, o tenente

Que você arme jogadas
E, nunca as quebradas

Que você viva com a bola no pé
E, não morra com a bola no pé

Que você arraste as chuteiras no chão
Mas, nunca o grilhão

Que você bata tiros de meta
Mas, não tenha os tiros como meta
Tire-os da reta

A bola perdida...
A bala perdida…

Que você encontre a bola de bico
E, nunca receba a bala na bica

C.154.Cante pra mim - Neusa Marilda Mucci


Cante para mim
canções de amanhecer,
faça sua voz mais forte que o vento
que viaja pelo espaço,
deixe que a emoção reverbere
atingindo a amplidão,
poderá trazer carinho em cada compasso
e alegrará, mesmo que não percebas
o anoitecer em meu coração

C.153.Canção de mim mesmo - Walt Whitman


Walt Whitman, americano, um bronco, um kosmos,
Agitado corpulento e sensual....comendo e bebendo e procriando,
Nada sentimental....alguém que não se põe acima dos outros homens e mulheres
Nem deles se afasta....nem modesto nem imodesto.
Arranquem os trincos das portas!
Arranquem as próprias portas dos batentes!
Quem degrada uma pessoa me degrada....e tudo que se diz ou se faz no fim volta pra mim,
E o que eu faça ou diga volta pra mim,
A inspiração surgindo e surgindo de mim....por mim a corrente e o índice.
Pronuncio a senha primeva....dou o sinal da democracia;
Por Deus! Não aceito nada que não possa devolver aos demais nos mesmos termos.
Por mim passam muitas vozes mudas há tanto tempo,
Vozes das intermináveis gerações de escravos,
Vozes das prostitutas e pessoas deformadas,
Vozes dos doentes e desesperados e dos ladrões e anões, (...)
Por mim passam vozes proibidas,
Vozes dos sexos e luxúrias....vozes veladas, e eu removo o véu,
Vozes indecentes, esclarecidas e transformadas por mim.
Não cruzo os dedos sobre a boca,
Cuido bem dos meus intestinos tanto quanto da cabeça ou do coração,
A cópula não é mais indecente do que a morte.
Acredito na carne e nos apetites,
Ver e ouvir e sentir são milagres, como é milagre cada parte e migalha de mim.

C.152.Caminhos - Neusa Marilda Mucci


Ande trilhas interiores, busque nelas o que ache de melhor. Pise em pedriscos, mas desviando de buracos, canse, sorria e também chore alguma lágrima em dor, mas saiba que todo caminho tem surpresas boas e lá na curva de uma das trilhas, num lugarzinho inconveniente à algum tipo de vida, colha, em meio a ervas daninhas uma linda e rara flor. Qual o nome dela? Não se preocupe em saber, não consta em manuais, mas tem perfume e é bem colorida, chame-a esperança. Se cultivá-la bem, essa florzinha não morrerá jamais!

C.151.Cabimento - Nathaly Guatura


Não cabia, querido, e não cabe Que meu coração... Ele não sabe... Não sabe de nada! Pobre de mim, Pois eu era vasto. Ah! Eu era sim!
Mas depois de ti, eu sou curto. E eu sou curto e eu sou só. E não caibo em mim. E não caibo em ti.
Amor não cabível, Acabe!

C.150.Como criança - Douglas Farias


Hora pra levantar
Começar a agir
Ter disposição
Vivo, se sentir

Andar no caminho
Fazer o bem
Valorizar o pouco
Ajudar quem não tem

Saber dividir
Sorrir bem mais
Continuar sem parar
Viver em paz

Amar o que faz
Sonhar com esperança
Brincar até de manhã
Ser como criança

C.149.Certo de te encontrar - Douglas Farias


Certo de te encontrar estou
Louco por seu amor sou
Sensível à sua voz me deixou
Com sua beleza me cegou

Triste despedida que ficou
Lembranças o vento não levou
Só que o tempo passou
Nem um "até logo" falou

Aonde quer que eu vou
Seguirei por onde caminhou
Um dia seu amor me encontrou
Um dia certo de te encontrar estou

C.148.Cunhadas - Douglas Farias


Aquela que pouco incomoda
Tem essa que muito se folga
Uma tem cara de muito triste
Outra faz coisa que nem existe

Roqueira, pagodeira
Esquisita, engraçada
Muito doce, meia amarga
Meia doida, ou quase nada

Aquela que é inteligente
Essa que até pra mãe mente
Uma com muita simplicidade
Outra que esconde até a idade

Todas lindas, todas minhas
Boas risadas, boas companhias
Estamos juntos nessa estrada
Amo todas, minhas cunhadas

C.147.Cores da Vida - Douglas Farias


Sonhos são cores, a vida, uma tela a colorir
Pinte o azul e saberá que a fé é tão infinita
Quanto o azul do céu e o azul do mar
Pinte o vermelho e conhecerá o poder do amor
Como o vermelho do sangue que bombeia o coração
Pinte o amarelo e possuirá riquezas
Como o amarelo do ouro de uma medalha
Pinte o verde e terás esperança
Como o verde de uma muda que nasce e cresce
Pinte na tela o branco, pois emite luz e paz
Para que sonhos possam ser realizados
Para que a vida possa ser vivida
Para que nunca se perca a fé
Para que o amor possa gerar frutos
Para que a vitória venha com honra
Para que todos o dias renove a esperança

C.146.Código - Douglas Farias


Código
Douglas Faria
Somos um nesta noite
Onde olho pro céu
As estrelas à brilhar
E a lua à iluminar
Parece um código
Que está a nos chamar
Uma química rola
Um som se ouve
Algo acontece
Um longo beijo
Suor escorre
Perde-se o folego
Código pra gente se amar
Código do nosso amor

C.145.Chuva - João Pedro B Prado


Todas as chuvas
Venham
Venham e me tragam
Inspiração

Mesmo que seja
chuva de verão
Só quero que venha
Sem ter que fazer dança

Apenas venha
E me traga esperança
De uma mudança
ao olhar-te, apreciar-te
Contemplar-te

Enquanto tomo um gole de café
Leio
Ou escrevo este verso
Ou só penso em fazer tudo isso

Venha
Toque minha pele
Deixe-me sentí-la
Deixe-me deixá-la
Purificar-me

Deixe-me deixá-la
Comandar uma revolução
Dentro
De meu coração

C.144.Canto ensolarado - Jade Dantas


Resta meu nome sussurrado
como se o beijasses, teus olhos perturbados
resta teu cheiro, teu toque, corpo, lábios

resta tua alma tímida, linda, poesia
onde te decifro e te sinto e já não sei
se sou eu ou se és tu que sinto

onde me teço e me refaço

resta a essência guardada, a melodia
restam os sonhos guardados
no canto ensolarado das palavras

na vã procura da emoção perdida
resta a saudade deixada
resta o amor e o vazio

C.143.Chuva na alma - Anali Sabino


Quando a chuva cai em um momento muito necessário, normalmente é bem-vinda.
O barulho discreto da chuva tem um ritmo tranquilizador e os pensamentos se voltam para coisas aconchegantes.
Fazer bolos, ler um bom livro, tomar um delicioso chocolate quente ...
Em certos dias de chuva, seja na terra ou na alma, criaturas temperamentais, como nós, podem fazer com que a melancolia se instale.
Nós não somos nada bons quando se trata de tristezas.
Ficamos melancólicos e dentro de casa, nos isolamos.
A chuva na lama provoca auto piedade.
Algumas vezes, parece que chove sobre os justos porque os injustos estão sempre roubando os guarda-chuvas dos justos.
Mas nós temos uma escolha: reclamar da chuva ou dar graças pelo guarda-chuva.
Olhem para cima, nunca há nenhum problema grande demais para Deus e não existe nenhum tão pequeno que não possamos levar até a Ele.
Entreguem suas lutas, medos e imperfeições a Deus, só assim a chuva na alma dará lugar ao dia ensolarado.

C.142.Com o tempo - Douglas Faria


Com o tempo dizia não querer te amar
Mas sinto tanto quando não posso te tocar
Te ver... sem o seu nome chamar
Esperando um momento para trás olhar
Não ter... aquela chance de falar
O quanto meu coração aperta por te amar

Com o tempo esperava o amor acontecer
De repente o momento em que vim lhe conhecer
Um olhar... expressava mais que um dizer
Seu sorriso fez me apaixonar por você
Desde então... como posso te esquecer
Você, o sonho mais lindo que pude ter

Com o tempo perdi o que me fazia sorrir
Você foi e não disse pra onde poderia ir
E eu... chorei muito até em pranto cair
Não há felicidade sem alguém pra dividir
Outra vez... sua voz não posso mais ouvir
O que aconteceu pra você querer partir?

Com tempo dizia não querer te amar
Com o tempo esperava o amor acontecer
Mas, com o tempo perdi o que me fazia sorrir
Com o tempo tive que aceitar esquecer você

C.141.Coadjuvante - Douglas Faria


Deixa eu te dizer o que vale
Uma história tendo dois finais
Estar num felizes pra sempre
Ou arruinada, que diferença faz?

Agregada à mesma cena
Repugnada à mesma ação
Incompreensível na mente
Minha torpe contribuição

O que pude mostrar e sentir
Era digno de mínima honra
Emoções miravam um lado
Do outro, só vi a vergonha

Como numa linda homenagem
Ou pelo menos numa lembrança
Estar na sua vida, ser a principal
Um dia, eu sei, anelo em esperança

C.140.Confissão - Hafez Goethe


O que é ruim de esconder? O fogo!
Pois de dia a fumaça o entrega,
E à noite a chama, o monstro, o ogro.
Pior de esconder (e que macega):
O amor; guardado em cura calma,
Pula ágil fora d’alma.
O pior mesmo: esconder um poema,
Pois cobri-lo dá o maior problema.
Se o poeta o recém-cantou,
De poesia ele se encharcou;
Se o poeta o escreveu com classe,
Quer que todo o mundo o abrace.
A todos lê, alegre e forte;
Azar de nós – ou será sorte?

C.139.Celular - Moisés oliveira


Não lembro a última vez que te vi chamar.
Quem sabe ontem, hoje ou agora, não vou acertar.
Me prejudica, eu nada faço, só sei te esperar.
É angustiante, frio, lancinante, o teu não cantar.
As vezes brinco, imagino e rezo por sua atenção.
Quanta bobagem, um sonho lindo sem exatidão.
Tu me consolas, me tira o sopro, cala o coração.
Quando tu tocas, não vejo a hora de te ter na mão.
Grite celular, já está na hora, me tire essa dor.
Me chame agora, traga notícias do meu amor.

C.138.Coincidências - Douglas Faria


Coincidências que a vida me propõe diante de toda atenção e de uma distração
Tu estar perto de mim no mesmo dia em que uma paixão resolver me agarrar
Aquele copo não cairia a toa de sua mão e parar justamente aos meus pés
Seu sorriso de agradecimento quando lhe entreguei e de repente se fez lembrar

Muitas pessoas nesse mundo passam por nossas vidas todos os momentos
Quase que uma força incomum de atração, a encontrei novamente
Depois do sorriso, um oi, um beijo no rosto e aí recorda nossas histórias
Como algo que tem seu breve e feliz momento, ela foi tão envolvente

Nunca pensei em vê-la, nem mesmo fiz com que essa situação acontecesse
Outra vida temos agora e nada há para nos arrepender do que viemos a viver
Bons momentos juntos esse dia nos proporcionou, ficando claro uma coisa
Era apenas uma coincidência da vida, e agora sei que nunca esqueci você

C.137.Caminhante - Augusto Cury


Sou apenas um caminhante 
Que perdeu o medo de se perder
Estou seguro que sou imperfeito
Podem me chamar de louco
Podem zombar das minhas ideias não importa!
O que importa é que sou um caminhante
que vende sonhos para passantes
Não tenho bússola nem agenda
Não tenho nada,Mas tenho tudo
Sou apenas um caminhante 
À procura de si mesmo.

C.136.Chuva de verão - Thomas Bernhard


Pássaros calem-se,
nenhuma tarde
me consola, por cima
da ponte cai a chuva
na minha tristeza, nenhum
rumor de Verão
me faz mudar,
nenhum vento
me impede de dormir…

Amanhã de manhã
não quero ir
para debaixo de nenhuma árvore,
as minhas pálpebras anseiam pelo sono
do Inverno e da neve,
quero, à chuva,
regressar
às folhas
e às arcas sombrias.

Pássaros, calem-se, tenho frio,
a minha sombra
cresce por cima
da noite
para os bosques,
aí descansam
sob flores negras
os mortos,
os mortos errantes.

C.135.Cerejeira Japonesa - Simone Drumond


Com amor, carinho e doçura,
Elas estão presentes em nossa vidas.
Respeitem a natureza,
Ela nos alerta com beleza,
Jamais deixe de respeitar o que
Ela nos dá com amor e
Inteligência.
Ramos de flores coloridas,
Amorosas e
Salutar.

C.134.Coronelagem - Um Poeta Vagabundo


Aqui por essas bandas coronelado ficou velho e nem por isso ultrapassado escreveu não leu, pau comeu por aqui é praticado e como tudo que passa...volta maquiado
a rua esta cheia de bandidos é véspera de eleição ameaça vislumbrante vote em mim , que eu serei bom
bom para quem? Bom para poucos só quem faz parte deste clã engorda os bolsos
os coroné se uniu com a bandidagem por aqui só tem coronelagem

C.133.Cúmulo do egoísmo - Um Poeta Vagabundo


Não que eu seja reclamão, mas tem cada ‘humano’ por aí que envergonha a espécie, se não fosse pouco criarmos bichos em cativeiro, para depois sacrificá-los friamente, esquartejá-los, queimá-los e comê-los , ou capturar animais selvagens nas poucas florestas que ainda restam para expô-los em zoológicos, como se fossem tela ou escultura de artista famoso, usá-los para testar remédios e cosméticos ou torturá-los em circos, rodeios ou rinhas(sim, isso ainda acontece mundão afora), ainda há nos tempos de hoje caçadores de pássaros silvestres, traficantes de vidas, bandidos que roubam a natureza, a liberdade de viver, roubam o céu , Luiz Gonzaga retratou na canção ‘Assum Preto’ a prática de furar os olhos do bichinho, para ele achar que é noite e cantar o dia inteiro, como se o cativeiro não fosse maldade suficiente. então me pergunto qual a justificativa para aprisionar um ser alado, é crime ter um belo canto, voar ou ter uma bela plumagem? Tem limite a crueldade humana? Já ouvi cada desculpa esfarrapada, mas a pior delas é que ‘se eu não prender, outro prenderá’(ainda bem que os estupradores não pensam assim, já pensou?), mas a verdade é que há um mercado e ‘se ninguém comprar, não haverá’, e assim os mercadores de escravos vão ganhando seus trocos, suas misérias , e acabando com o pouco do belo que ainda nos resta. melhor seria visitar a natureza para ouvir os pássaros cantar, meditar, respirar um ar puro, espairecer da correria do dia a dia, mas o egoísmo é tamanho que tem que aprisionar os pobrezinhos para cantar só para eles, lembro de um poema que escrevi algum tempo atrás, se chama ‘Liberdade’ e é assim: O mesmo pássaro que canta pra mim Canta em outros portões Outras árvores, outros telhados Outras antenas, outros cantos Muitos cantos Cantam por aí, no céu Sempre fugindo dos gatos... E dos homens.
Será que esses carcereiros, algozes cruéis conseguem imaginar como deve ser bom voar?, ver o mundo de cima, o nascer , o por do sol, morar na copa de uma árvore, cantar a alegria de viver . Diz o dito popular: pássaro preso não canta , se lamenta; é como a origem do blues nos campos de algodão estadunidenses. Fica a última pergunta de indignação.  Não seria melhor plantar árvores em todos os quintais e calçadas, e cuidar do que nos resta dessas florestinhas urbanas? Certamente nossos amiguinhos alados viriam nos brindar com sua companhia e seus cantos divinos.

C.132.Caminhando pelos caminhos dos caminhos de São Tiago de Compostela - Um Poeta Vagabundo


Minha primeira passagem pelo caminho de Santigo vem de uma data imemoriável, as floresta tomavam todo o lugar, haviam animais de todas espécies, e de lá surgiu um mito, mas eu digo, afirmo e confirmo completamente verdadeiro, e dou fé.                
Éramos uma tribo, herbívoros por natureza e convicção,  acreditávamos que ao nos alimentar  dos vegetais devolvíamos a animalidade para eles, pois  quando incorporado ao nosso corpo sua energia extraída  da terra dava  vida ao nosso  corpo, numa interligação da trindade terra, água e ar resultando em energia.  éramos aquilo que comíamos, e para agradecer  a colheita farta e garantir  a próxima  colheita  ainda melhor,  oferecíamos  em sacrifício um  membro de nossa comunidade num ritual, a fogueira seria acesa ao surgir da lua por de trás das montanhas na primeira lua cheia da primavera, dançaríamos comendo a carne  queimada e bebendo o sangue do oferecido, fazendo este ser parte de cada um da tribo e se reintegrando a terra.                
Era começo de noite, uma claridade muito forte surgiu no campo distante, donde surgiria a lua , era naquela direção que  viviam touros e vacas selvagens, era como se todas as estrelas do céu começasse a girar e girar  se agrupando e cada vez mais próxima  iluminou o campo como se fosse meio do dia outra vez,ficamos com medo, seria o fim do mundo? Estávamos fazendo algo errado? Seriamos todos queimados? 
E centenas de estrelas giravam muito próximo, fazia um estrondo, um zunido no ouvido, a luz girou muito forte e depois e foi se espalhando  formando novamente a noite ainda sem luar, mas logo surgiu a lua por detrás das montanhas,  iluminando o campo com sua luz prateada, as fogueiras estavam apagadas, esperávamos pelo surgimento dela para acendermos e começarmos o ritual, era entrada de primavera e nossos campos estavam fartos.
Mas naquele dia tudo foi muito diferente de todos os outros e  ao iluminar da lua sobre o campo, notamos desenhos estranhos no pasto, era um campo sagrado para nosso grupo , pois as vacas caminhavam e nos fornecia material orgânico para nossas plantações. Ficamos encafifados com aquelas formas estranhas iluminadas pela lua, queria dizer alguma coisa que não compreendíamos,  naquela  noite não houve festa de primavera e nem sacrifico humano,  ficamos todos a observar e meditar sobre o que teria acontecido, o temor tomou conta da tribo e  naquele  primeiro dia ninguém se atreveu a caminhar por aqueles campos,  mas notamos que vacas e touros foram e comeram da grama deitada pela estranha luz e a princípio nada de anormal fora notado,os animais estavam bem. Nessa noite caiu uma breve chuva, e o próximo dia amanheceu quente e acolhedor.
Era trabalho dos homens colher o estrume dos animais para que as mulheres preparassem o fertilizante, já que fertilidade é assunto de mulher, os cuidados da roça eram delas, aos homens cabia arar, e carregar a colheita. 
O fato é que nesse dia encontramos sobre os estercos uma coisa, uma espécie de planta ou algo parecido, ninguém conhecia, nunca tinha visto nada nascer assim, levamos para nossa anciã que mais conhecia de vegetação e foi novidade para ela também, mas se é do mundo vegetal podemos experimentar  para conhecer se faz bem,  se fizer  poderá compor nosso parco cardápio, disse a sábia velha.
Então na mesma noite  cada um da tribo recebeu cinco destes  ‘frutos das estrelas ‘ , e para surpresa geral, todos embarcaram numa incrível viagem pelas estrelas, viajaram pelo Cosmo e perceberam que visitaram as mesmas luzes que deitaram a  relva naquela noite de primavera, o tempo adquiriu outra velocidade, a lua chegou ao seu cume , iluminando com sua lua prata toda a terra, e todos ficaram agradecidos, o amanhecer fez ela ficar discreta diante do sol, e todos dançaram  fantasiados de lua e sol. essa foi a primeira vez que caminhei pelos caminhos dos caminhos de Compostela.

C.131.Cadeira Alimental - Eliane F.C.Lima


A pequena aranha se arrastava pela parede, caminhar imperceptível para pegar o mosquito. Quando já estava quase em cima, Marta espantou o inseto, que voou. A aranha ainda permaneceu parada uns segundos, visivelmente frustrada. Ela não pôde deixar de sorrir do bicho. E pensou que a gente sempre fica ao lado da vítima, mesmo sendo aquele o caminho da natureza para manter os seres vivos. E não entendeu seu socorro ao mosquito, se, à noite, amaldiçoava todos de sua espécie, quando causavam tanto incômodo a seu descanso na frente da TV. Lembrou de um filme que viu na televisão em que uma onça, na Amazônia, caça uma anta, que se banha no rio. Não conseguiu deixar de ter muita raiva da primeira e pena da pobre que foi comida. Na hora do almoço, diante da travessa de coxas de frango, que tinha preparado com todo capricho, tão coradinhas, cheirosas e fumegantes, não se lembrava de mais nada, meio aranha e inteiramente onça.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

C.130.Campanha política - Eliane F.C.Lima


- É bom você amolecer seu coração, porque se endurecer mais, ele para. O rosto ficou vermelho, a camisa molhou-se mais de suor, corpo acostumado ao ar condicionado. Vereador, queria se reeleger.
Tinha de andar pelo sol, muitas caras morenas em volta, abraços demorados em corpos malcheirosos. Teve vontade de desancar, “sai da frente, sua embusteira!”, diante daquela imagem de feiticeira de tribo.
Não podia, tipo popular, o povo todo adorava. Até ele já conhecia histórias fantásticas. A mulher benzia pessoas, muitas curas, juravam. Era capaz de passar a noite toda acordada, umas palavras sussurradas e dando umas beberagens desconhecidas.
Dia seguinte, o tal levantava da cama. Conhecia o destino do vivente só olhando na cara. Acertava sempre. Todo mundo procurava na sua casinha de um cômodo só e banheiro. No meio do mato, construída por ela, tijolo por tijolo.
Quase não tinha móveis, nem panelas, tudo de barro. Não cobrava nada pelas adivinhações. Levavam para ela galinha, legumes, frutas, porquinho para criar. Morriam de velhos. Um dia, chuva forte, um de respeito parou o carro, abriu a porta.
Ela, que vinha passando na calçada, estacou, de repente. Pingando água, mandou levar o menino, que olhava do banco de trás, curioso, para o hospital. A criança não tinha nada. Mas, à noite, crise de apendicite, internado às pressas.
O pai, meio assustado, tinha deixado as chaves do carro à mão. O vereador foi embora aborrecido. E com medo. Era um trapaceiro. Foi à capital para um check up. Internado, após os exames, foi direto para a mesa de operação.
De volta a casa, visita: a mesma feiticeira, cabelos longos e lisos, cara de índia. Repetiu, devagar, a frase. Reunidos os assessores, marcou entrevistas com o povo. Passou a ouvir o que os pobres diziam, anotações feitas, melhorias para todos.
Alguns anos depois, por enquete popular, foi apontado o melhor prefeito do município de todos os tempos.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

C.129.Caiu na rede...fica imbécil - Eliane F.C.Lima


Será que a solidão me afetou realmente os miolos? Ainda bem que na Internet ninguém me vê. Nem meus amigos. No chat. No princípio, sentia-me ridículo e não
conseguia falar com ninguém. Não só por não conseguir descobrir como é que se entrava na conversa, tecnicamente – aquilo era conversa? –, como por não saber
a quem me dirigir.
Cheio de franqueza, dizia minha idade: 58 anos. Ninguém me respondia. Até “Ñ enxe tio eu to oculpada.”, eu li.
Assim mesmo, com x. Quando, finalmente, entendi o que ela queria dizer com aquele “oculpada”, quem se sentiu “culpado”, fui eu.
Quando alguém falava comigo, eu demorava tanto escrevendo uma resposta, que vinha outro e me arrebatava a garota.
Hoje, ñ escrevo +, teclo, quer dizer, “tcl”. Nas primeiras vezes, fiquei horrorizado. Lia um monte de besteiras e não conseguia me conformar com aquilo.
Saía da “sala” – na rede, é claro – e ia para a sala, ver televisão ou dormir. Ficava mal-humorado durante muitos dias.
Pela montanha de tolices que tinha lido, por ter entrado naquele bate-papo ridículo, por não entender nada do que falavam, não descobrir quem falava com
quem, por não fazer parte daquele mundo, enfim, ou por concluir, talvez, que eu não fizesse mais parte deste mundo.
Até que resolvi entrar, dizendo: “Aí, galera, sou Bad Boy 22. Foi o “Abre-te, Sésamo.”
Ficou quase impossível atender a todo mundo que me respondeu. Concentrei-me em um nome só, qualquer um, sem procurar escolher se as respostas tinham conteúdo
ou não. Afinal, nenhuma tinha mesmo. Era isso. Descobri a chave. E comecei a falar um monte de besteiras mentirosas.
Que era baiano. Mas tinha um ap no RJ, de meu tio carioca. E toca a abreviar tudo, para dar tempo e não perder a interlocutora.
Aprendi a fazer leitura dinâmica: pega-se um quê qualquer da fala da outra e responde-se àquilo. S
e não fizer sentido, não tem importância. O sentido não faz diferença, o que importa é teclar.
Escreve-se uma série de “kkkkkkk” depois e faz de conta que era só uma piada. Hoje sou o garanhão do chat.
Quando entro, ganho todas as atenções. O bom é que eu gargalho sozinho, sentado em minha cadeira, das idiotices que digo ali. Rio dos outros, muito... e de
mim.
Que garantia eu tenho de que Fofona20 não tem setenta anos?
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

C.128.Crime Perfeito - Eliane F.C.Lima


Foi à delegacia se entregar. Contou a história ao delegado. Quarentão, morava apenas com a mãe em uma vila em Botafogo. Cotidiano pequeno, mas seguro. Morta aquela, viu-se só. Por pouco tempo. Sem ter planejado, conheceu uma mulher, não muito nova, na loja de discos. Papo agradável que só vendo! Descobertas as afinidades, se amaram. Amor de fim de verão. Sem calores e muito aprazível. Reformaram a casinha velha e tudo ficou na medida exata: saíam para trabalhar, encontravam-se no final da tarde, felizes. Bebiam vinho, ouviam suas músicas preferidas, viam seus filmes antigos. Perfeição absoluta. Perfeição demais, pensou a sorte. A companheira teve uma pneumonia e se foi. Sem a experiência de grandes emoções, viu-se no meio de um furacão. Passou por um estado de profunda depressão, amparado pela família herdada da mulher. Meio recuperado, voltou para a solidão da casa de vila, onde chorava todos os dias, chamando pela que se foi. Um dia, no quarto, viu-a, menos do que uma presença. Ela tinha vindo buscá-lo. Atravessara mundos para isso. Apavorado, colado à parede, gritou "Não!" e desmaiou. Quando acordou, nada havia. Ela tinha morrido para sempre. Ele a matara.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

C.127.Certezas - Mário Quintana


Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.

C.126.Coração - Castro Alves


O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céu.
Um – tem o mel da granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu.
O outro – voa em mais virentes balças,
Pousa de um riso na rubente flor.
Vive do mel – a que se chama “crenças”,
Vive do aroma – que se diz “amor”.

C.125.Comparação - Euclides da Cunha


“Eu sou fraca e pequena…”
Tu me disseste um dia.
E em teu lábio sorria
Uma dor tão serena,
Que em mim se refletia
Amargamente amena,
A encantadora pena
Que em teus olhos fulgia.
Mas esta mágoa, o tê-la
É um engano profundo.
Faze por esquecê-la:
Dos céus azuis ao fundo
É bem pequena a estrela…
E no entretanto – é um mundo!
Euclides da Cunha

C.124.Canção do Amor Imprevisto - Mário Quintana


Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

C.123.Civilização - Pastorelli


Civilização será,
Morar na mata selvagem de concreto;
Ouvir o grito ressoando sem ser ouvido;
Ou o tropeçar constante no semelhante,
E o mentiroso cuspindo no próprio ser gerado?

Civilizado, o que é?
Será o traiçoeiro matando para não ser matado,
Ou o assassino fugindo dos algozes e da justiça?
Será o egoísta vendendo a alma ao diabo,
Ou o ganancioso roubando para não ser roubado?

Civilizado será
A crise insuportável no sobe e desce,
O medo escondido de ser traído,
Ou o dormir nas sarjetas imundas,
E o sorrir da criança pedindo esmolas negadas?

Civilizado, o que é?
Será a prostituta se oferecendo a cada esquina,
Ou o trombadinha na multidão afanando?
Será o brilho da faca riscando o ar,
Ou o sangue no chão esborrifado?

Civilizado... será,
A amante jogando no rio o amante cortado,
O marido traído batendo na mulher traída,
Ou a garrafa vazia numa boca a blasfemar,
E os veículos respeitáveis atropelando
Transeuntes descuidados?

Civilizado...o que é?
Será o vício tresloucado na mente dos filhos abandona­dos
Ou a rapinagem dos grandes a engordar?
Será o político falando manso a enganar,
ou as leis absurdas não respeitadas?

Civilizado será,
O progresso derrubando o que não é para derrubar,
O desmatamento sem necessidade,
Ou o morticínio dos animais,
E o índio queimado?

Civilizado será,
O poeta e seus poemas,
A escrita denunciante,
Ou a boca que nunca cala,
E a imprensa ultrajante?

Civilizado, meu Deus, o que é?
É isso tudo ou é uma
Desesperança esperançada
Na fé nunca perdida
E a crença na vida?

Civilizado, ah! Civilizado!
É o amor sempre procurado.
É o filho nascendo.
É o esplendor da velhice surgindo.
É a morte... sempre chorada.

C.122.Corpos - Pastorelli


Nos desenhos geométricos
A cortina rasgada
pelo tempo perdido
Deixa o clarão
da lua penetrar
No quarto de diáfana luz
Inusitados desenhos lambem
Teu corpo ao meu lado nu
Teu meigo sorriso invade
O vislumbre das
estrelas distantes
O vento afasta a cortina
Numa refrescante sombra
Num vai e vem delicioso
De carícias em teu peito
Em teu rosto
Em teus olhos
Em teus cabelos
Entre tuas coxas
Perde-se no escuro emaranhado
De pêlos suaves e doces
Permanecemos imóveis
No silêncio de nos dois
Corpos colados flui
Sensação do meu ser
Para o teu ser
Adormecemos abraçados
Na luz da lua...

C.121.Canto um - Pastorelli


Perseguindo-me tenho a vida cheia de pedras e suores, onde procuro desbastar as arestas entulhando o restolho na lixeira do passado; onde o alimento das amizades cria as desilusões de um amor talvez perdido. É uma ressonância de ecos que se misturam a outros ecos vibrando quase na mesma sintonia que vejo fugir o presente por entre os dedos calejados de melancolia. Mesmo assim resisto com moderada valentia me embebedando com a beleza da manhã que se inicia.

C.120.Cidade de alvenaria - Pastorelli


Na fria cidade
Procura-se o álgido amor
Mas o IRA medra ao apagar
Das luz os olhos que se calam
E os mortos choram
Nos escombros entre pontiagudas
Pedras de alvenaria
As almas se machucam
Em infrutíferas tentativas de viver
Mas a solidariedade
Tem olhos apagados
E para a cama ensangüentada deitam
Os corpos desfalecidos de amor
Em fuga desabalada
De si próprios em noites perenes


Na fria cidade
Onde se procura o álgido amor
O ensurdecedor estrondo
Dinamita o puma
E de vermelho é tingida a rua
A escuridão invade o que retorna
Na espera de sermos levados
Ao vértice do ômega fetal
Assim seremos o que somos hoje
O evolutivo ovo do esquecimento fluindo
Toda a amálgama da isolada vida
Vida que se encontram, se abraçam
Em felicitações mil


Na fria cidade de alvenaria
Não se procura mais
O álgido amor
Pois, mais uma vez fenece o ano
As bombas matam ainda inocentes
Tiros festivos fuzilam crianças
Braços esticados nas calçadas
E nas ruas de alvenaria
Rolam Cabeças Cortadas
À cada dia aprisionados


Na cidade de alvenaria
O álgido mor assassinado
Por balas é indiferentes
Praguejam seus mortos
.... e calam-se.....

terça-feira, 10 de outubro de 2023

C.119.Canção concreta - Pastorelli


A canção
cantada
forma
figura
da mulher
amada
ficando
formada
na letra
da canção
figurada
em forma
de canção
cantarolada