segunda-feira, 16 de outubro de 2023

C.136.Chuva de verão - Thomas Bernhard


Pássaros calem-se,
nenhuma tarde
me consola, por cima
da ponte cai a chuva
na minha tristeza, nenhum
rumor de Verão
me faz mudar,
nenhum vento
me impede de dormir…

Amanhã de manhã
não quero ir
para debaixo de nenhuma árvore,
as minhas pálpebras anseiam pelo sono
do Inverno e da neve,
quero, à chuva,
regressar
às folhas
e às arcas sombrias.

Pássaros, calem-se, tenho frio,
a minha sombra
cresce por cima
da noite
para os bosques,
aí descansam
sob flores negras
os mortos,
os mortos errantes.

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