segunda-feira, 16 de outubro de 2023
C.158.Companheiros - Mia Couto
Quero
escrever-me de homens,
quero
calçar-me de terra,
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho.
E quando ficar sem mim,
não terem escrito
senão por vós,
irmãos de um sonho.
Por vós
que não sereis derrotados.
Deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros,
Mas não lego
mapa nem bússola,
por que andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver.
Hei-de inventar
um verso que vos faça justiça.
Por ora
basta-me o arco-íris,
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos,
mas que permaneceis sem preço.
Companheiros
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário