sexta-feira, 10 de novembro de 2023

D.111.Da essência - Lu Tostes


Alguém disse
que só os poetas enxergam
as pequenas grandes coisas
do mundo.

Se a pena flutua por oito segundos,
enquanto a menina abraça o amigo,
se pende o balanço solitário,
quando estala a folha seca de outono,
se treme a flor no topo da árvore,
embalada pelo vento com cheiro de azul,
bem verdade é que o poeta nada vê.

Quem o faz 
é o especialíssimo leitor,
que capta com 
seus vastos sentidos
esse templo etéreo
de delicadezas.

O poeta amanhece, floresce,
flutua, abraça, 
agoniza, pisa, 
sopra, venta e voa.
Ele nasce, vive e morre  
cada um desses infindos
frêmitos de plenitude.

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