terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O.138.O porta-retratos sobre o piano - Eliane F.C.Lima




Toninho era diferente de seus irmãos.
Todos eram branquinhos, ele, moreninho.
Todos eram robustos, ele, um graveto.
Todos paradões. Toninho, a vida era pouca para ele.
Puxou ao bisavô paterno. Diziam.
Quebrou a perna, um dedo da mão, costurou várias vezes a cabeça, teve dor de barriga feia: comeu fruta desconhecida.
No quintal, conhecia todos os buracos de formiga.
Achava a minhoca mais escondida. Os cachorros andavam atrás feito sombras.
Mal aparecia, rabinhos balançando, verdadeira adoração. Pois se o garoto era pura ternura!
É claro, Toninho morreu menino. Viveu mais do que qualquer um em menos tempo.
E precisava ver, com urgência, o que havia no outro mundo.
Fonte: http://conto-gotas.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário