segunda-feira, 31 de março de 2025

O.129.

O.128.

O.127.

O.126.

O.125.

O.124.

O.123.

O.122.

O.121.

O.120.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

O.119.O que queremos - Angélica T. Almstadter


O que esperamos nós brasileiros quando estamos diante da campanha para presidência do Brasil?Esperamos ver os candidatos e pessoas próximas empenhadas em mostrar suas propostas para um Brasil cada vez melhor para todos os brasileiros, não só promessas; reais possibilidades de que possam ser passadas para o exercício prático.Mas será que é isso mesmo que pensam todos?Parece que esqueceram que os maiores interessados, nós brasileiros; povo, portanto a maioria, não quer saber se fulano é santinho ou se ciclano usa vermelho, verde ou amarelo, nós pensamos como um todo pensa: O Brasil que queremos viver, com escolas, educação, saúde, moradia, democracia e paz!
O palco da política nessa campanha virou tanque da lavadeira (que me desculpem as lavadeiras) para lavar todo tipo de roupa suja, inclusive a íntima, em público, enfiando goela abaixo do pobre eleitor falsas promessas, mentiras, boatos maldosos e muita fofoca. Um desrespeito total com quem assiste a esse patético jogo do poder.A democracia é um jogo onde todos têm direito a livre expressão, que não quer dizer bagunça, nem que esse direito não deva ser exercido com responsabilidade, muito pelo contrário; quem tem o poder da palavra, o espaço para se manifestar tem que dar o exemplo e para ser respeitado tem que se dar o respeito.
Por mais que contestem vivemos num país livre, democrático e laico que tem mostrado sua cara no mundo. graças ao empenho do governo do Lula, porque se hoje o Brasil é um país soberano e respeitado lá fora, isso não aconteceu por acaso e nem da noite para o dia, mas pelo esforço do nosso presidente em fazer desse país um país melhor, menos desigual, que sabe o que quer e que luta para que o povo brasileiro entre no mundo moderno usando as mesmas mídias que as elites, com os mesmos direitos a educação, emprego, moradia e a participação ativa na sociedade, a mesma que antes era reservada só a escolhidos e bem nascidos.As eleições presidenciais de 2010 vão entrar para a história, por muitos motivos, entre os quais pela volta do ódio, da busca do retrocesso calcado nas alianças mais espúrias com a extrema direita mais reacionária e retrógada. Uma eleição onde se pretendeu avivar a Inquisição, que foi a face mais vergonhosa da nação cristã. Ainda nessa eleição se pretendeu trazer para o centro das discussões, questões religiosas que não podem e não devem decidir questões eleitorais, destruindo com isso a possibilidade de uma discussão sadia e amplamente divulgada; a do aborto como questão de saúde pública e não do modo aparvalhado e covarde que foi. Um jogo ambicioso onde não se mediu as conseqüências de se atirar no adversário sem observar que na reta estava o próprio pé.Há que levar em grande conta nessa eleição de 2010 a maciça participação das mídias independentes, a blogosfera e o twiter que contribuiram de maneira extraordinária para o envolvimento do eleitor, formando uma massa crítica que não se intimida. Com esse cenário de crescimento da participação popular na internet, já podemos afirmar com certeza de que estamos caminhando a passos largos para uma consciência política muito maior; não há meio mais democrático do que a mídia eletrônica, apesar da crueldade que também pode ser destilada por essa mesma mídia.
Vivemos num país onde quem detêm o poder da palavra escrita, radiofusão e televisiva são as grandes fortunas, que não estão acostumadas as serem confrontados, mas que nessa eleição, muito mais que em outras, tiveram que conviver com a mídia independente o tempo todo fazendo contraponto, filmando e mostrando a verdade. É preciso dar cada vez mais voz ao povo para que ele se manifeste livremente e também faça parte do processo democrático: "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".Essa pequena burguesia que se mantêm no poder da palavra escrita e falada não gosta de povo que pensa e está tendo que engolir a rebelião pensante levantada pela blogosfera. Já não mais se mostra como o grande poder de "informação" e sim como uma imprensa marrom, golpista que se desnuda a cada dia diante até dos eleitores mais simples.Só seremos uma verdadeira democracia quando o povo conseguir participar do processo ativamente, consciente da sua participação, lendo e escrevendo ciente da sua responsabilidade e participação inequívoca sem que lhe seja tolhido o direito de livremente se manifestar e enxergar a verdadeira face do poder, formando uma consciência crítica.Apesar de ser clara a manipulação de uma imprensa facciosa, ainda podemos tirar dessa eleição lições para nunca mais esquecer: Queremos uma país cada vez mais politizado, consciente e não vamos permitir que nos enfiem goela abaixo convicções pré-estabelecidas, mentiras e principalmente exclusão do povo no processo democrático.Não podemos deixar que nos calem, somos a voz dessa nação e não é meia dúzia de pessoas que vai nos dizer o que fazer, ler ou pensar, muito menos impor os "seus modelos de liderança".Queremos um pais de iguais direitos e deveres.Queremos um país soberano e com as riquezas divididas com o povo e não com estrangeiros.Queremos um BraSil para brasileiros cidadãos e não para aproveitadores de plantão!

O.118.O destino de todos - Teca Miranda


Nem penso em morrer
vou deixar acontecer.
Velório não quero,
logo estarei voando
sem urna a me prender.
Minha lembrança ficará
o resto não me importa.
Estarei presente nas ações
deixadas por mim.
Para perpetuar o amor
serei semente no infinito
cantando nos corações
daqueles que ficaram.

O.117.Ocaso do amor em si bemol - Herculano Alencar


Foi-se a última nota musical,
plangente, em dissonante sofrimento:
Um Si bemol, acordes de um lamento,
a sostenir um grande recital!

A partitura enverga-se ao final!
Resta uma só clave em solidão,
no lúgubre sepulcro da canção,
tal qual fora um doente terminal.

Foi-se a última dor de uma paixão:
Um Si bemol, em tom quase divino,
deixando amargo rastro no refrão,

qual mugidos de dor do violino!
Do pinho, um pedaço de ilusão
traz a sonata do amor ao seu destino.

O.116.O velho e o mar - Ernest Hemingway





(logo nas primeiras linhas deste clássico senti vontade de, mais do que lê-lo, resumir a história do humilde velho que pescava sozinho em seu barco. Espero ter conseguido passar a essência de Santiago nas minhas linhas) Lucelena Maia
  Noventa e cinco páginas de uma narrativa direta, com frases curtas e diálogos secos.
  Ernest Hemingway anuncia em O velho e o mar a história de Santiago, um pescador cubano em fim de linha.  Foi escrito em 1952 e lhe rendeu o Prêmio Pulitzer. Em 1954, o Nobel da Literatura.
  Dia após dia, Santiago sai com seu barco e volta de mãos vazias. Um velho humilde, magro e seco, com as mãos cobertas de cicatrizes. A princípio levara em sua companhia para pescar um garoto para auxiliá-lo, mas com o passar do tempo e sem que pescasse peixe algum, porque os pais do garoto acharam que ele se tornara um azarento, puseram o filho Manolin  para trabalhar em outro barco.     Mas, o garoto tinha afeição forte pelo velho pescador e o ajudava a carregar os rolos de linha, o gancho e o arpão quando regressava com a embarcação vazia. Talvez porque o velho ensinara o garoto a pescar e por isso ele o adorava.     Todo final de tarde os dois encontravam-se, carinhosos e confiantes um com o outro, em diálogo de respeito e admiração. Também de ajuda. O garoto arranjava-lhe iscas, comida e café. O velho examinava o garoto com seus olhos queimados pelo sol. O garoto gostaria de tornar a sair com o velho, mas Santiago economizava palavras dizendo-lhe não, que ele agora estava num barco de sorte.     A noite chegava e precisavam descansar para a próxima manhã, quando o velho iria acordá-lo, bem cedo, em sua casa.     O garoto ajudava Santiago a carregar os rolos de linhas, arpão e o gancho para o barco, em seguida tomavam café, depois cada um deslizava sua embarcação para a água, mas não antes de o garoto desejar a Santiago sorte. – Boa sorte, meu velho!  Boa sorte, ele devolvia.     Ainda na escuridão o velho seguia e, à medida que remava, pensava no mar com querer bem.     Nesse dia, o sol levantou-se do mar e o velho Santiago enxergou os outros barcos, lá mais para a terra. Depois o sol começou a tornar-se mais forte, as águas começaram a brilhar mais. Agora os barcos estavam muito longe.     Decidiu aventurar-se mais longe ainda, nas águas da corrente do Golfo.     Entre observar os movimentos das varas penduradas fora do barco, viu uma andorinha-do-mar, com suas enormes asas pretas. Pôs-se a remar lenta em direção ao ponto onde ela estava pairando. Um grande cardume de dourados. Os meus peixes grandes devem estar ai por perto, falou em voz alta. Adquirira o hábito de falar em voz alta quando estava sozinho, mas não sabia dizer desde quando.     A linha da popa deu um esticão e ele largou os remos. Trouxe o peixe para dentro do barco. Albacora, da família dos atuns, de pelo menos três quilos. Esse peixe lhe serviria de refeição.     Já não podia ver o verde da costa. O mar estava muito escuro  e a luz formava prismas na água.     No momento em que examinava as linhas viu uma das varas verdes dobrar-se violentamente.     Começava então uma extraordinária batalha entre o homem e o animal. Que o melhor e o mais corajoso vença, pensou o velho marinheiro, tamanha a força do peixe.     O peixe também é meu amigo – disse ele em voz alta. Nunca vi ou ouvi falar de um peixe desse tamanho. Mas eu tenho de matá-lo.     “Se o garoto estivesse aqui, podia molhar os rolos de linha”, pensou. “Se o garoto estivesse aqui. Sim, se o garoto estivesse aqui”.     O sol estava nascendo pela terceira vez desde que se fizera ao mar quando o peixe começou a  nadar em círculos. Sentia sono, sede, cansaço pelo enorme esforço que fazia. Sentira-se também, por duas vezes, estonteado e fraco.     “Nunca estive assim tão cansado em toda a minha vida”, pensou o velho.     “Trabalhe agora você, meu peixe. Eu trabalho depois”.     O peixe ia no seu terceiro circulo quando o velho o viu aparecer à tona d´água. Quase não podia acreditar no seu comprimento. “Não é possível que tenha esse tamanho todo”.     Santiago estava transpirando muito, mas não era só por causa do sol. Em cada uma das lentas voltas que o peixe dava, o velho ganhava linha e poderia ter a oportunidade de usar o arpão.     Mas nada era fácil, mais uma vez, entre muitas, o peixe tornou a retomar o equilíbrio e afastou-se.     - Peixe! – gritou-lhe o velho – Peixe, de qualquer modo você tem de morrer. Acha que precisa matar-me também?     Pôs toda a sua alma no puxão e na agonia do peixe, que veio para junto do barco. Erguendo o arpão tão alto quanto lhe era possível, cravou-o para baixo com toda força. Conseguiu espetar o peixe de lado. O peixe parecia flutuar no ar, por cima do velho. Em seguida caiu na água.     “Agora preciso preparar os laços e a corda para prendê-lo ao barco, pensou. Tenho de preparar tudo, encostá-lo ao barco, prendê-lo bem, fixar o mastro e tomar a direção para a costa”. As mãos muito machucadas, em carne viva, não o preocupavam. “Curam-se depressa com o sal da água”     Não precisava de uma bússola para lhe indicar o sudoeste. Só precisava sentir os ventos alísios e o enfunar da vela.     A embarcação navegava bastante bem. Bebeu a metade de água que lhe restava e comeu os camarões abrigados em um molho das algas amarelas do golfo que o arpão enganchara. Tentava manter-se lúcido.     Já havia decorrido uma hora quando apareceu o primeiro tubarão. Viera das profundezas porque o sangue do peixe se espalhara pelo mar. “Fora bom demais para durar” pensou o velho. “Não posso impedi-lo de nos atacar, mas talvez possa cravar o arpão na cabeça do tubarão”. Assim ele fez. O tubarão permaneceu imóvel à tona d´água e o velho fixava-o com o olhar. Abocanhou uns quinze quilos de carne. Exclamou Santiago. Mas matei o tubarão que mordeu o meu peixe.     Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado.     Algumas outras vezes vieram os tubarões. Ele matou a todos, mas, a cada nova investida deles perdia as ferramentas que usava para livrar-se daqueles famintos Galanos.  Não tinha ele nenhuma outra palavra que melhor exprimisse os seus sentimentos nesta situação, por isso falava em espanhol.  Ficara sem o arpão, a faca que prendera ao remo, também o remo e muito da carne do peixe.     “Era um peixe que poderia ter alimentado um homem durante todo o inverno”, pensou o velho. Gostaria que tudo isso tivesse sido um sonho. “Já devo estar bastante perto”. “Que pode você fazer agora, se eles atacarem durante a noite? Lute! Lute até morrer. Mas o que é que um homem pode fazer contra eles no escuro e sem armas?”
Vieram todos juntos e o velho só conseguia distinguir as barbatanas na água. Lançava e tornava a lançar o cajado com desespero e depois sentiu alguma coisa agarrar no cajado e levá-lo para o mar. Mas agora os tubarões atacavam o peixe todo da popa à proa. Durante a noite alguns tubarões atacaram a carcaça, mas afastaram-se ao verificar que já não lhes restava nenhuma carne.       “Eu nunca tinha sido derrotado e não sabia como era fácil. E o que me venceu? Nada. Fui longe demais”. Não havia ninguém para ajuda-lo e por isso foi com dificuldade que arrastou o barco para terra, deixando-o a meio da praia, sem conseguir leva-lo mais longe. Foi então que conheceu como era profundo o seu cansaço.     Dormia ainda quando, pela manhã, o garoto espreitou pela porta. O garoto viu que o velho respirava. Saiu para a rua para buscar café. Durante todo o caminho não parou de chorar.     Muitos dos pescadores da aldeia estavam em volta da embarcação do velho. Um deles mediu o esqueleto com um pedaço de linha.     Manolin levou a cafeteira para a cabana de Santiago e sentou-se ao lado da cama, até ele acordar.      - Venceram-me, Manolin – falou a custo. - Venceram-me de verdade.
  - Ele não o venceu. O peixe, não.
  - Não. Você tem razão. Foi depois.     Quando saiu para a rua e a caminho da aldeia, o garoto começou a chorar.     Lá em cima, na cabana, o velho estava dormindo de novo, com o rosto escondido no monte de jornais que lhe servia de almofada.

O.115.Onde estarão as estrelas - Lucelene Maia


...Se eu as sinto no côncavo de meu corpo,
espalhadas
repousando nas pupilas de meus olhos,
mosqueadas
fazendo-me enxergar além das algemas
apertadas.

... Se eu as sinto presentes no céu de minha boca,
esculturadas
temperando com saliva todas as palavras
desajustadas
que teimam sair, de meus indóceis lábios,
amotinadas.

... Se eu as sinto como agasalho à fria pele
acinzentada
aquecendo em mim, muito além da superfície
macerada
dando-me luz para que eu busque as belezas
espalhadas

... Se eu as sinto penetrando em minha alma
fadigada
transformando-a pândega, calma e
aliviada.
Onde estarão as estrelas, se não, dentro de mim,
guardadas?

O.114.O que se pretende preservar? - Lucelena Maia


Analisando com cuidado os relacionamentos, percebe-se que se esfacelam com o tempo.
Na forma figurativa, por exposição exagerada ao sol, porque a madrugada é fria, pelo indiferente lusco-fusco do entardecer. Na verdade e talvez, por serem secundários perante as tantas prioridades que a vida impõe no dia-a-dia e, ainda, recordando a aurora da vida, porque os sonhos eram muitos e as mazelas desconhecidas, a cautela apenas um adereço sem importância.
Quem sabe, se esfacelem pelo excesso de respeito a individualidade de cada um!
DNA é único e intransferível. É prova absoluta de independência do ser humano em relação ao outro, exceto com pai e mãe, o que não os favorece para o bom relacionamento com seu filho, é preciso conviver para fertilizar amor e aguardar que os anos digam do caráter.
A palavra complexidade tem dono; o homem, independente de classe social, raça ou instrução escolar.
Apesar das confusões interiores que permeiam o ser humano, em certo momento da vida tudo fica claro e simples, nem sempre fácil, mas oportuno para reconhecer o que se perdeu por ser rude e o que ainda pode-se reconquistar num relacionamento.
Pessoas despretensiosas têm maior facilidade para enxergar o azul do céu, onde estrelas brilham e a lua se mostra linda e livre, em qualquer fase.
Pessoas despojadas são capazes de opinar sobre uma obra de arte, exporem-se, ao mesmo tempo ouvir com disponibilidade de aprendizado o que diz o crítico.
Pessoa desprevenida facilmente é levada a acreditar naquilo que lhe sopram ao ouvido, mergulhando num mundo imaginário em que reina absoluto o propósito alheio.
Nada a preservar quando a intenção interior é ferir. Esquecidas, impróprias e inúteis tornam-se as palavras respeito e diálogo. No entanto todo ato pode ser revisto, desde que desfeitas as malícias, as intenções duvidosas, desde que as mãos estejam limpas pelas águas cristalinas do coração e nulos sejam os mecanismos de oportunismo.
Tornar-se uma pessoa melhor é observar mais a si do que ao outro, cuidar de revisar os momentos da vida vividos, e ponderar; como tenho alimentado meus sentimentos!
A cada um é dado o direito de expiar os seus atos.
Há tempo de plantar e tempo de colher!

O.113.O roçar do outono - Lucelena Maia


Junto ao vento
na fria manhã outonal
sobre rústico peitoril da janela
cortina esvoaça
num vai e vem sem destino
deixando entrar
folhas secas
a se acomodarem no chão...

O vento, mais uma vez,
ao outono se abraça,
as folhas secas, antes,
sossegadas,
levitam e se vão
rumo ao firmamento,livres de quaisquer anseios,
como bolhas de sabão que encantam os olhos
brindam a estação,depoisjanelas elas adentramindo
acomodarem-se no chão...

O.112.O rio Capibaribe - Lucelena Maia





Sofre o rio
de águas serenas
que inspirou ao poeta ( João Cabral de Melo Neto a Chico Science)
escrever-lhe poemas...

Sofre o homem
consciente do crescimento desordenado;
causador da grande poluição
a este rio histórico, hoje, assoreado...

Sofre o rio,
sofre o homem;
um, sucateado
outro, de braço cruzado

Mas o Capibaribe tem salvação!
Diz o poeta, nos céus, ajoelhado;
que o povo pernambucano, devoto,
numa corrente de braços comece a limpá-lo!

O.111.Olhos que (nada) vêem... - Lucelena Maia


...Nada vêem, mas sabem da lua
Branca como neve, redonda, sua
Em sentinela no céu, à noite, linda,
Reunida com estrelas infindas.

...Nada vêem, mas sabem no rosto
De quem segue à risca destino tosco,
Silenciosa brisa a beijar-lhe a face.
No pensamento, a sombra desfaz-se

...Nada vêem, mas sabem dos pés
Descalços, esfolados, em peregrina fé
Ladeira a baixo, ladeira a cima
Cansados a caminhar pela sina


...Nada vêem, mas sabem das mãos,
Que buscam à volta alguma razão
Para as linhas que lhe cortam a palma
A desvendarem a cegueira d'alma
Que buscam à volta alguma razão
Para as linhas que lhe cortam a palma
A desvendarem a cegueira d'alma

O.110.O mundo que criei está trista - Douglas Farias


Mente minha mente No frio, meu coração esfria
Solidão que me deixa só
Imaginário mundo se cria
Longe como a lua Seco como o outono 
Sombrio como a noite Meu mundo está assim
Vejo que nessa noite
Não há mais estrelas Elas não irão me iluminar
Hoje meu mundo ficou triste
Meço minhas palavras
Elas confundem meu andar
Guardo meu coração
Com ele crio meu mundo

O.109.Ouça minha canção - Douglas Farias


OUÇA MINHA CANÇÃO
Douglas Faria

Em cada canto você me encanta
O seu brilho, a sua fala, o seu olhar
Dai-me seu sorriso e terá uma nova canção
Deixe seu coração e terá alguém para amar

Ouça, sinta, expresse essa canção
Com carinho tenho escrito para ti
Para que se sintas inteiramente amada
E assim todos os dias sorrires assim

Ouça essa canção, apenas ouça
Ela diz o quanto amo você
Eternamente estará guardada
Para nunca mais te esquecer

O.108.O amor chegou - Thaina Santiago


Quando te vi passar
Perdi meu chão
Perto do céu cheguei
E ficava de bem longe
Só te observando
Então o destino
Nos fez se reencontrar

Quando te vi passar
Voltei a sorrir
Me liberei
Para te amar
E você se aproximou
Com aquele olhar...
Logo veio a sedução

Quando te vi se aproximar
Meu coração acelerou
E em fim
Você me beijou
Cheguei a duvidar
Suspirar de agonia

Quando percebi
O amor chegou
Você é meu grande amor
Meu tudo, e 1º em tudo
Na frente de tudo
E que sege eterno
Tudo isso.

O.107.Olhe para cima - Douglas Farias


Tem tudo para ser feliz filha minha
O que vai provar com todo esse orgulho?
Não demonstra muito sentimento,
Porém vive a sofrer calada,
Divida esse cargo, essa luta também é minha
Sempre sonhou, mas nunca vivenciou
Porquê insiste nesse caminho?
Chegaria muito mais longe, se quisesse
Porém não me deixa ajudá-la Já se esqueceu quem eu sou
Prenda a respiração, pois mais fundo estás
Consegues enxergar minha mão?
Já lhe disse: não importa o abismo, eu irei para te buscar
Olhe outra vez, segure minha mão
Não irei lhe soltar de novo
Seu lindo rosto ainda mostra você
Ainda se lembra de quem és?
Ama com um olhar Fala com um sorriso
És muito mais, és tudo pra mim

domingo, 23 de fevereiro de 2025

O.106.O que é um verdadeiro amigo - Anali Sabino


Disse um soldado ao seu comandante:
 - O meu amigo não voltou do campo de batalha. Meu comandante, solicito autorização para ir buscá-lo.
 Respondeu o oficial:
 - Autorização negada! Não quero que você arrisque a vida por um homem que, provavelmente, está morto!
O soldado ignorando a proibição saiu e uma hora mais tarde voltou mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo.
 O oficial estava furioso:
 - Eu não lhe disse que ele estava morto?!  Diga - me, valia a pena ir até lá para trazer um cadáver?
E o soldado, moribundo, respondeu:
 - Claro que sim, meu comandante! Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e disse-me: "Tinha a certeza que virias!" 
Um amigo é aquele que chega quando todos já se foram.

O.105.O canto dos pássaros - Douglas Farias


Hoje de manhã não a vi na cama, estava na janela olhando os pássaros cantando.
Reflexiva, não parava de observá-los. Parece que eles fazem lembrar do dia em que casamos, como foi especial.
Seu rosto lindo transparecia a felicidade do momento que vivenciamos, doce momento, que a alegria contagiava a todos que ali estavam, triste nostalgia, que
faz com que a lembrança nos deixe perto dos momentos bons e ao mesmo tempo longe para voltar a vivê-los.
Pois nesse mesmo dia, tínhamos algo especial, que era fruto de nossa união.
Será que iremos, um dia, entender o por que disso? Perdas nos deixam mais fortes, a tendência é de nos prepararmos na próxima rasteira, porém ficamos mais
frios, quem volta a amar quando lhe arrancam o coração? O tempo trará essas respostas e levará as cinzas que ficaram no caminho.
Pois continuaremos a andar.
Volte para cama, o passado nos molda para viver o presente preparando o futuro.
Amanhã ao acordar, verá que os pássaros voltarão a cantar e dessa vez será para nós vermos que tudo se renova, e assim juntos cantaremos.

O.104.Outra vez poder sentir - Douglas Farias




Hoje meu desejo é
De estar bem junto a ti
Seu perfume tão suave
Bem perto poder sentir

Triste, olho para o céu
É o mais perto que posso chegar
Sei que um breve dia
Nós vamos nos encontrar

Lembro de seu sorriso
Nas noites de verão
Só você sabia
Alegrar meu coração

Sinto sua falta
Como queria você aqui
Seu perfume tão suave
Outra vez poder sentir

O.103.O que importa - Anali Sabino


Não importa do que é o mundo , o importante são os seus sonhos.
Não importa o que você é , o importante é o que você quer ser.
Não importa onde você está , o importante é para onde você quer ir.
Não importa o motivo, o importante é o querer .
Não importa suas mágoas,  o importante mesmo são suas alegrias.
Não importa o que você já passou, o passado guarde na sua lembrança .

Não veja, apenas olhe.
Não escute, apenas ouça.
Não toque, apenas sinta.
O mundo é um espelho, não seja apenas um reflexo.
Só acreditando no futuro você conseguirá a paz para alcançar seu sonhos.
Afinal, o que importa ? Você importa ...

O.102.Ontem a noite lembrei de voce - Thaina Santiago


Ontem à noite conversando com minha mãe,
Chorei emocionada ao falar de você.
E pude perceber o quanto tu és importante para mim,
E que já não consigo mais viver sem te ter.
E que por mais que o tempo passe
Seremos sempre amigos e namorados, eu jamais te deixarei.

Eu sinto teu cheiro aqui
E relembro se nossos momentos,
De repente estou a sorrir.
Por este motivo digo e repito
Que não preciso de outro aqui comigo,
Por que você é o meu tudo e muito mais.

Você é o sol que me aquece,
O ar que me rodeia,
A chuva que molha minha boca,
E todo esse sentimento
E tudo o que eu sinto por você
Aumenta a cada dia.

O.101.O presente que lhe dou - Douglas Farias


O presente que lhe dou
Não é simples de encontrar
Ele é conquistado

O presente que lhe dou
Não pode ser comprado
Tem valor, mas não há preço

O presente que lhe dou
Não é material
Ele não se consome pelo tempo

O presente que lhe dou
Tem sentimentos
Que mil palavras não descreveriam

O presente que lhe dou
É para renovar seus sonhos
Sonhos perdidos, Sonhos conquistados

O presente que lhe dou
É para sempre lembrar
O quanto você é especial

O.100.Os degraus - Mário Quintana


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A.205.A espera - Pastorelli


Quinze minutos faltavam ainda para cinco e meia. Mesmo assim resoluta se encaminhou para o elevador. Na recepção desejou um bom fim de semana à recepcionista.
Ao sair para a rua sentiu o impacto do vento cortando seu rosto moreno. Enfiou as mãos no grosso casaco como se tal gesto fosse protegê-la do frio. Época boa para caminhar costumava dizer.
Parou no pipoqueiro comprou seu saquinho habitual. No semáforo atravessou a rua. Um quarteirão depois, à esquerda, desceu o declive pela trilha que cortava o canteiro onde a placa fincada bem no meio do verde dizia em letras quase apagadas: não pise na grama, deixando a marca dos pés sobre os muitos pés de transeuntes apressados.
O ponto do ônibus como sempre era um imenso formigueiro. Parou afastada da massa aglomerada à beira da calçada olhou o relógio. Dali a pouco o noivo viria apanhá-la.
Como sua vida podia ser de uma futilidade de nada lhe acontecer a não ser o corriqueiro foi o que perguntou a si mesma observando a afobação das pessoas em querer tomar a condução, via uma ânsia de se ter alguma coisa para se fazer, de se ter um compromisso que provavelmente, preencheria a vida de cada um.
Indignava-se com aquela afobação. Um empurra sem fim que só demonstrava ignorância bestial contra o semelhante. Todos de uma maneira ou de outra chagariam em casa, por que precisavam ir todos ao mesmo tempo?
Mudou o pé de apoio. Cruzou os braços. Do peito saiu um suspiro curto, cansado. Droga de vida! Por que ele demorava?
Nisso sem saber, começou a sentir um pequeno formigamento do lado esquerdo ao mesmo tempo a temperatura do corpo subiu. Não agüentava o calor. Apesar do frio tirou o casaco. Pôs se a andar de um lado para o outro na esperança de que a sensação esquisita desaparecesse.
Angustiada perdia o controle dos movimentos. Horrorizada suas mãos subiam e desciam acariciando seu corpo. Dos lábios saiam gemidos lascivos. Tinha noção do que se passava, não conseguia deter as mãos, nem a voz.
Nisso a senhora ao lado que a olhava de soslaio, se afastou quando resolveu tirar a blusa ficando de sutiã. Nessa altura todos olhavam para ela que se contorcia desesperada.
Fizeram um círculo a sua volta. Assobiavam e gritavam palavras obscenas. Um coro de voz se sobrepôs num uníssono em tira, tira, tira. Obedecendo ficou só de calcinha. A senhora que havia se afastado gritou: Chamem um guarda! A cena parecia saído de um filme B.
O guarda nos seus noventa quilos apareceu empurrando e pedindo licença. Seus olhos se arregalaram ao ver ela se acariciando como se estivesse num palco fazendo strip-tease. Estava diante de uma situação inusitada. Estupefato não sabia o que fazer. Precisava agir. Deu dois passos à frente e esticou a mão. A ponta dos dedos tocou a pele morena quando se ouviu um buzinar insistente fazendo com que ela desse um pulo de susto.
O noivo a esperava com a porta do carro aberta.

A.204.Auto retrato - Angélica T. Almstadter


Teimosa como ninguém;
metade bicho, metade gente.
a vida em mim se contém
porque dela sou sobrevivente!

inquieta, fiel e barulhenta,
sou eu as vezes mulher fatal,
ansiosa, mais que briguenta,
impulsiva, real e muito leal.

sou criativa, sensata, articulada,
sensível. chorona e até chata.
sou previsível e bem desencanada,
também sou uma medrosa nata!

para os segredos: sou um túmulo,
no trabalho sou incansável;
exalo a energia que em mim acumulo
no trato do que é executável.

sou gentil, amorosa e felina;
amante carinhosa e companheira.
ser falante e falastrona é minha sina,
e da verdade eterna prisioneira!

mais erros que acertos somente
nesse meio século que me abraça
no meio fio dessa aventura vivente.
isso tudo é verdade ou chalaça?

A.203.Aprendendo a viver sem ti - Douglas Farias


Queria descobrir o sentido de estar aqui,
eu que devia ter ido no seu lugar
o que me resta fazer?
você aí do outro lado disposta a me esperar,
e eu aqui tentando crer no impossível.

A saudade ficou forte demais depois daquele adeus,
todo tempo fico esperando esse longo dia passar,
só para estar junto a ti mais uma vez.
Mas não vou apressar as coisas,
sei que tenho mais alguns passos ainda para andar.

Às vezes quero acreditar que você vai voltar,
e assim reviver todos os bons momentos
que outrora pudemos compartilhar.
Mas só é uma doce lembrança
que irá ficar nos meus sonhos até que...
deixa pra lá, não deve acontecer mesmo.

Descobri que estar aqui sozinho,
só me deixou com mais medo de viver,
mas já superei por duas vezes,
sei que vou conseguir de novo,
mesmo sabendo que com você foi diferente,
és minha vida, parte de mim,
o triunfo de minhas batalhas.

Foi injusto tirar você de mim.
Muitos podem desfrutar desse sonho,
mas eu não, eu não posso
Não quero mais culpar ninguém,
pois bem sei que o maior culpado fui eu,
principalmente quando não falei que te amo,
deixei esse momento passar,
e nunca mais terei outra oportunidade.

Falo contigo, e nem sei se pode me ouvir,
mas só quero que saiba
que estou aprendendo a viver sem ti,
não é porque quero te esquecer,
é que eu preciso recomeçar, fui forçado a isso,
ninguém vai me trazê-la de volta.
Assim tentarei mais uma vez,
mas sem você vai se mais difícil.

A.202.As palavras falam por si - Lucelena Maia


As palavras não escalam nosso pensamento,
elas chegam, vindas pelas mãos do vento,
endereçadas a nós que as bem acolhemos
aspirando a solicitude de quem as endereçou
por desatino, amor, amizade ou para qualquer efeito...

...Melhor não pensar em quem as enviou
para não nos acorrentarmos a sentimentos!

Palavras falam por si.... para mim e para você,
blablablás existenciais e por exaustão,
às vezes, blablablás sem qualquer emoção
outras vezes molhando-nos feito garoa,
silenciosas e demoradas em intenção.

Mas, vale dizer que nos aquecem, assim como o sol
com seus raios dourados, a tamparem-nos a visão.

Há palavras mal-endereçadas
aquelas que param no portão de casa
outras que se estilhaçam na vidraça,
ainda, as que insistem no jardim
a ornamentarem-se em meios às flores.

Há as que carregam consigo amores
e as que se afugentam de você e de mim...

Palavras falam por si...
independente de serem objetivas ou rebuscadas
vindas de doces lábios ou de um olhar solitário,
ouvidas numa rua de um simples bairro
ou na quinta avenida de Nova York...

...Não importa, palavras fazem eco por toda a parte
e nós as ouvimos porque não somos de Marte.

A.201.À minha nova amiga, com respeito e admiração - Lucelena Maia


Passeei em seu blog maravilha,
com o olhar de farta curiosidade...
O sangue em mim ainda fervilha
pelo que vi com toda honestidade!

Alunos... festejando a escolaidade
num concurso de bonita redação,
cercados pelas mestras com toda acuidade,
guiando, como anjos, a reunião!

Fixei-me, porém, num rosto lindo,
que imperava na sala sorrindo,
como uma deusa escandinava no Olimpo...

Latejou, agradecida, a minha safena,
ao saber que seu nome era Lucelena,
a pedra mais preciosa daquele garimpo!

Minha homenagem à Acadêmica de São João,
meu santo padroeiro.

A.200.Apelo - Lizete Abrahão


Quando o mar se atira contra o rochedo,
Entre espumas descarta-se em marés;
Plúmbeas nuvens o céu cobrem de medo
Que em águas se desfaz sob os meus pés.

Quando a boca do monte cospe lava,
O chão lambendo com línguas vermelhas;
Arando a terra, rosna o vento em brasa,
Dos casarios mastiga as frágeis telhas.

Quando, no paraíso, a tal maçã,
De sabor a pecado e sem perdão,
Na boca teve gosto de manhã,
No corpo pulsou dor e novação.

Amor é chama, é fogo visceral;
É o apelo da vida: pão e sal!

A.199.Aconteceu, mais ou menos, assim - Lucelena Maia


Curiosos olhos ora na estrada ora na vegetação se perdiam.
Da janela do carro descobrindo tudo que se me apresentava, eu seguia...
Era fevereiro de 1989
O balanço de árvores não muito altas e de galhos retorcidos eu admirava.
O corpo sacolejava, na estrada esburacada e perigosa, misturando meus sentimentos.
Da janela do carro meus olhos se voltavam para dentro
Em meu interior percorria um trem barulhento, carregando consigo um baú de pensamentos.
O cerrado vislumbrado por meus olhos hipnotizava-me com seus buritis bem verdes.
De repente, plantação rastejante e um ipê amarelo logo à frente.
No carro, silêncio, apreensão e sonho crescente
Prosseguir era preciso...
Para São Paulo eu devia boa parte de meu enredo
Em Minas, continuaria a escrevê-lo.
No portal do cerrado eu desembarcaria cheia de expectativa,
Em Uberlândia viveria dezoito anos de boas amizades e grandes feitos.
Tornar-me-ia escritora e poeta, como o pôr-do-sol em tarde amena,
Que se deita dourado e nos leva a sonhos.
Assim aconteceu comigo...
Desabrochei do umbigo,
Falei com alma em cada linha de meus escritos
Ingressei ao IAT - por convite da escritora Martha Pannunzio
A quem eu reverencio agradecida.
Augusta, nossa sintonia foi como o frescor da chuva amenizando o verão. Amizade que jamais correrá na contramão.
Liberace, simpatia é teu nome. Guerreira mulher. Admiro sua entrega e dedicação.
Janine, aos poucos eu fui conhecendo... Bom trabalho juntas desenvolvemos.
Vecy, Ferreira, Elza, Zé Carlos, Bilá, Creusa, Adriana, Nininha Rocha, Érica Montero e tantos outros escreveram seus nomes em meu pequeno mundo, que tronou-se grande em aprendizado e, em felicidade, profundo.
Aos amigos e patrocinadores da cultura, terna gratidão...
Nathan, amigo virtual que se tornou real. Poetaço, jamais, desfeitos serão nossos laços.
Para Antonio Augusto deixo a extensão de meus braços.
Agradecida, sou, ao Professor Valdemar Firmino pelo belo presente, a mim, oferecido;
sento-me hoje na cadeira XXXIX da Academia Leonística Mineira e Brasiliense de Letras,
Para meu orgulho e deleite, Guimarães Rosa é o patrono.
Uberlândia,
Deixo meu nome escrito nos jornais, no IEFOM, no IAT, na ALMBL e na lembrança dos anos aqui vividos...
Carrego comigo além dos amigos, bons anos colhidos e a expressão UAI
Que conservarei nos lábios com a mesma naturalidade com que pronuncio a palavra pai...

Volto para minha terra natal, São Paulo,
Mas num demora retorno em visita,
Haja vista escrevo um romance que se passa na região.
É claro, o lançamento, aqui, faço questão...

Fica desde já registrado meu agradecimento a esta terra abençoada,
A todos que um dia cruzaram meu caminho.

Era árvore que faltava para me completar? Em Uberlândia plantei.
Era filho? Felipe tem quatorze anos e é lindo...
Faltava escrever um livro? Aqui aconteceu... Um Alvo Calculado e Sombras de Uma Profecia ganharam o mundo,
Assim... Como eu.

A.198.Amigos - Lucelena Maia


As lindas flores primaveris, dessa época do ano, em clima desprendido e tropical, se despediram do Natal e, em camêra lenta, numa pequena pausa aos nossos olhos, abriram as cortinas do palco de dezembro para a costumeira mas não menos emotiva confraternização anual, em que renascemos e fazemos reviver as lembranças por todos que amamos, embriagados de fragilidade, entregues à mais profunda reflexão na esperança em ver a paz no mundo, preocupados em saber alimentados e saudáveis nossos irmãos...

O futuro, então, despertado pelos fogos, anuncia expectativa para um ano novo melhor, a princípio desfilando pela passarela dos nossos anseios, depois no dia-a-dia corriqueiro.

Que assim seja, que 2009 nos traga não só esperanças mas concretude dos esforços para que os sonhos se tornem reais. Traga também saúde, paz, harmonia, amor e novos sonhos...

Um forte abraço para vocês que estiveram comigo durante horas, dias e meses desse ano que se finda.

Obrigada pela companhia...

A.197.A revolta da natureza - Lucelena Maia


Lucia espiou o carro de Lourdes estacionar atrás do seu, na garagem. Passava pouco das dezenove horas.

Sua irmã viera visitá-la como de costume, às quartas-feira.

Os minutos passavam, entretidas estavam numa descontraída conversa, quando, de surpresa, um forte vento fez a porta da cozinha bater. Da janela, observaram o céu fechar-se num cinza muito escuro. Preocupadas, comentaram sobre temporais nessa época do ano em que o clima é de temperatura alta.

Lúcia aguardava a ligação do filho que jogava futebol no inter-classes da escola.

Seus olhos se fixaram no céu, nas pesadas nuvens, enquanto Lourdes anunciava-lhe previsão de temporais para a região, segundo o jornal local.

O tempo nublado e a temperatura elevada deixou o clima abafado durante todo o dia em que as janelas da casa estiveram abertas em busca do quase impossível ar ou vento.

O telefone tocou, respiraram aliviadas, o jogo havia terminado. Ela conseguiria pegar o filho antes que a chuva chegasse. O céu fechava-se, completamente.

A chuva viria, não havia mais dúvidas. Assim que ela recolocou o carro na garagem as rajadas de ventos aumentaram.

O sossego acabou ali.

O forte vento trazia a voz da natureza enfurecida pelos desmatamentos, queimadas, poluição dos rios e desinteresse do homem pelo meio ambiente. Podia-se sentir a chegada do temporal como uma vingança progressiva.

Fazia pouco que a decoração do fundo da casa ficara pronta. O toldo protegia a varanda onde uma televisão, sobre a parede, acrescentava a área de lazer o devido prazer almejado pela família nos finais de semana.

Cadeiras, mesa, espreguiçadeiras, chaise para banho de sol e alguns vasos com plantas completavam o ambiente que a fúria do vento, nesse dia 29 de outubro de 2008, fez questão de deslocar do lugar, com extremo prazer.

Relâmpagos e chuva pesada foram companhia inseparáveis àquele quase tufão que se prenunciava.

As árvores na rua balançavam descontroladas e seus galhos iam se desprendendo como se desfolheados com bem-me-quer, mal-me-quer.

A sala de estar, toda em vidraça e de frente para a varanda, piscina e edícula, naquele momento, fechada, sofria a pressão da ventania e da chuva.

De repente, ouviu-se forte barulho vindo do piso superior. Dois vasos com flor de fícus, na varanda dos quartos, jaziam no chão, espatifados.

O cesto para coleta de lixo, no hall da saída de serviço, voava a esmo, como uma pipa. De repente, ele sumiu da visão.

O gancho que mantinha o toldo da varanda fechado foi arrancado do chão, liberando a cortina que se lançou para todos os lados, chocando-se contra a televisão, já sem a capa de proteção, levada pela tempestade para algum lugar impossível de ser detectado. O toldo tanto foi jogado de um lado para o outro que se desprendeu do suporte. Ao final daquele enorme susto estava ele todo rasgado e enrolado em si mesmo.

Os vasos de flores da varanda tinham sido jogados contra a parede. Cacos e terra espalhados por toda a parte. Para deleite do vento e da chuva a terra grudara de forma considerável nas vidraças.

Ao final da tempestade,o teto da varanda estava tomado de terra. As plantas? Esfaceladas.

As cadeiras e a mesa jogadas em cantos diferentes do jardim e só não foram arremessadas para a rua porque a cerca viva de murtas as seguraram.

Foi com muita tristeza que se observou, a cada relâmpago, assim que o vento amenizou e já sem energia elétrica, a cobertura em lona sobre a edícula, toda ela deformada, como se estivesse cansada de lutar contra aquela tempestade. As ferragens quase sucumbiram à força do vento, inclinadas.

Algumas outras plantas foram destruídas ao serem arrancadas do chão, mas com o escuro da noite ficou difícil dimensionar o tamanho do estrago.

A energia não voltou naquela noite. As linhas telefônicas de celulares só voltaram a funcionar no dia seguinte.

A natureza, na manhã seguinte, parecia envergonhada ou disposta a fazer de conta que nada acontecera ao dar de presente à cidade um céu claro, apesar do sol escondido.

Pelas quantidades de árvores caídas pelas calçadas, galhos pelas ruas, letreiros desprendidos e suspensos no ar, casas destelhadas, vidraças quebradas e muita sujeira no geral, podia-se saber que a natureza devolvia o descaso, desprezo e maus-tratos recebidos.

Apesar dos tantos danos materiais sofridos, os danos pessoais tinham sido mínimos. Era preciso atentar para isso! Era tempo de começar a pensar no meio ambiente, com urgência!

A.196.Aos sonhadores - Douglas Farias


Sonhadores,

Mais um ano se acaba, e este último dia do ano, traz à memória todos nossos quereres, desejos, objetivos, pedidos, propósitos, que viemos a sonhar no começo desse ano. Parece que um filme se passa em nossa mente, que dependendo do coração de cada um de nós, há uma certa frustração pelo que não foi concretizado, ou uma satisfação pelo que foi realizado, sendo que, esse final, termine com uma história triste ou feliz, respectivamente. Não há como entender o que cada um pensa, principalmente em relação aos seus sentimentos, no caso aqui, o de frustração ou de satisfação. Mas hoje é uma data de pura reflexão, que se figura em uma ponte, que leva a um outro momento, seja lá como seu coração estiver, frustrado ou satisfeito, o momento é de renovação.

O que se diz, quando o copo de água está na metade, ou quando se já trilhou a metade do caminho? Que falta muito para chegar ao fim, ou que falta pouco para chegar ao seu objetivo? Esse espaço não é usado como lição de moral, ou um auto-ajuda, quero aqui incentivar você a sonhar, pois o sonhos nos renovam, nos dão forças para continuar, fortalecem nossa fé, nos dão incentivos para seguir, ou então quando simplesmente nos tornam pessoas mais felizes, que ao acordar temos aquela sensação de leveza depois de um belo sonho. Às vezes, há sonhos tristes, não falo de pesadelos, falo daqueles sonhos, quando se perdeu algo, e nos levou a sonhar, bate uma tristeza ao acordar e ver que a realidade não nos dá a condição de ter de volta o que um dia foi nosso. Mesmo assim, somos renovados, nossos sonhos nos renovam, é a ponte que o sonho liga à realização.

À noite para o dia, ou melhor, o fato de dormir e acordar são uma passagem, uma ponte, um momento de se renovar. Quando encostamos em nosso travesseiro, vêm à memória nossos sonhos, e esses sonhos vão rondar nossa mente durante o sono. Por isso, muitos de nós acordamos com a solução para um problema, ou uma nova ideia, uma nova meta, ou mais uma vez digo, que simplesmente se acorda renovado. Podia aqui detalhar todos os tipos de sonhos, e há muitos, e cada um têm suas particularidades, além disso, cada um de nós temos uma visão diferente ao que se sonha, mas, meu foco é mostrar o valor que se tem o sonhar.

Essa passagem de ano é também uma ponte, que nos leva para uma renovação. Nossos sonhos que foram frustrados, às vezes por nós mesmo, ou por um descuido da vida, ou até por que não seria o momento ideal, são sonhos que temos que nos concentrar ainda mais em concretizá-los, ter fé que serão realizados algum dia, basta não parar de sonhar. E se alguém de nós que conseguiu realizar algum sonho, continue sonhando. Pois, o potencial de um sonhador é o desejo de sonhar, nossos sonhos não morrem, são eternos. Ainda que realizados, ganham extensão. Ainda que impossíveis, vivem pela fé. Ainda que acabados, se reconstroem. Ainda que desiludidos, renovados são. Basta não parar de sonhar...

Essas palavras são de um sonhador, que viu neste blog uma realização de um sonho, nele minhas palavras se figuram em poemas e poesias, que eu chamo de arte de sonhar, o sonho é uma arte, e figuro meus sonhos aqui. Compartilho isso com vocês, sonhadores, para incentivá-los a materializar seus sonhos. Pois o que é bom, tem que ser repassado, e é bom quando um sonho é bom. Digo mais uma vez, basta não parar de sonhar, viva intensamente este novo ano, sonhe lindos sonhos e tenha amor no coração, este mundo precisa de sonhadores.