sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A.199.Aconteceu, mais ou menos, assim - Lucelena Maia


Curiosos olhos ora na estrada ora na vegetação se perdiam.
Da janela do carro descobrindo tudo que se me apresentava, eu seguia...
Era fevereiro de 1989
O balanço de árvores não muito altas e de galhos retorcidos eu admirava.
O corpo sacolejava, na estrada esburacada e perigosa, misturando meus sentimentos.
Da janela do carro meus olhos se voltavam para dentro
Em meu interior percorria um trem barulhento, carregando consigo um baú de pensamentos.
O cerrado vislumbrado por meus olhos hipnotizava-me com seus buritis bem verdes.
De repente, plantação rastejante e um ipê amarelo logo à frente.
No carro, silêncio, apreensão e sonho crescente
Prosseguir era preciso...
Para São Paulo eu devia boa parte de meu enredo
Em Minas, continuaria a escrevê-lo.
No portal do cerrado eu desembarcaria cheia de expectativa,
Em Uberlândia viveria dezoito anos de boas amizades e grandes feitos.
Tornar-me-ia escritora e poeta, como o pôr-do-sol em tarde amena,
Que se deita dourado e nos leva a sonhos.
Assim aconteceu comigo...
Desabrochei do umbigo,
Falei com alma em cada linha de meus escritos
Ingressei ao IAT - por convite da escritora Martha Pannunzio
A quem eu reverencio agradecida.
Augusta, nossa sintonia foi como o frescor da chuva amenizando o verão. Amizade que jamais correrá na contramão.
Liberace, simpatia é teu nome. Guerreira mulher. Admiro sua entrega e dedicação.
Janine, aos poucos eu fui conhecendo... Bom trabalho juntas desenvolvemos.
Vecy, Ferreira, Elza, Zé Carlos, Bilá, Creusa, Adriana, Nininha Rocha, Érica Montero e tantos outros escreveram seus nomes em meu pequeno mundo, que tronou-se grande em aprendizado e, em felicidade, profundo.
Aos amigos e patrocinadores da cultura, terna gratidão...
Nathan, amigo virtual que se tornou real. Poetaço, jamais, desfeitos serão nossos laços.
Para Antonio Augusto deixo a extensão de meus braços.
Agradecida, sou, ao Professor Valdemar Firmino pelo belo presente, a mim, oferecido;
sento-me hoje na cadeira XXXIX da Academia Leonística Mineira e Brasiliense de Letras,
Para meu orgulho e deleite, Guimarães Rosa é o patrono.
Uberlândia,
Deixo meu nome escrito nos jornais, no IEFOM, no IAT, na ALMBL e na lembrança dos anos aqui vividos...
Carrego comigo além dos amigos, bons anos colhidos e a expressão UAI
Que conservarei nos lábios com a mesma naturalidade com que pronuncio a palavra pai...

Volto para minha terra natal, São Paulo,
Mas num demora retorno em visita,
Haja vista escrevo um romance que se passa na região.
É claro, o lançamento, aqui, faço questão...

Fica desde já registrado meu agradecimento a esta terra abençoada,
A todos que um dia cruzaram meu caminho.

Era árvore que faltava para me completar? Em Uberlândia plantei.
Era filho? Felipe tem quatorze anos e é lindo...
Faltava escrever um livro? Aqui aconteceu... Um Alvo Calculado e Sombras de Uma Profecia ganharam o mundo,
Assim... Como eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário